Zoe

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Apartamento 6J no décimo andar, Zoe subiu num banco de madeira bruta, arranhou o pé. O joelho tocou o parapeito. Gelado. Com um joelho apoiado no parapeito e outro no banco, olhou amedrontada para baixo, para aqueles aterrorizantes metros deixou escapar uma lágrima. Caiu prédio abaixo.
Olhando para o chão via-se o estacionamento, carros estavam em escassez, em plena segunda a maioria trabalhava ou tinha algum compromisso. 
O rosto jovem de uma garota refletia dor. As sobrancelhas franziram, outra lágrima caiu, sentiu o coração apertar. A escuridão a tomava, sentia-se culpada, imperfeita.

"Há tanta gente que sorri, grata, gentil, uma pessoa feliz que mesmo com dificuldades não se deixa abalar, e eu aqui, por que sou assim? Eu nunca fiz questão de existir, não queria incomodar. Eu devia sorrir mais, socializar, agradecer. Fácil de falar, difícil fazer."

Zoe encaixava em seus pensamentos partes de uma música, mas essa ingratidão a estragava, não inteiramente, mas sentia que afastava todos a sua volta. Sua mente se complicava sempre que pensava em soluções. Atelofobia era uma desculpa.
Ninguém a ouviria. Olhou para baixo. Sentiu resistência, seus lábios tremeram, desgrudaram soltando o ar. Sentou no parapeito.

"Ninguém é de ferro, somos programados para cair."

O mundo silenciou por alguns instantes. Seus braços a empurraram, o vento sacudia seus cabelos castanhos, os olhos fecharam.
                            Outch

→Referência à banda Supercombo.

Essa é a primeira história que libero ao público, então espero que gostem, e se gostarem votem,☆ comentem e recomendem aos amigos.
Beijos :*

AmiantoOnde histórias criam vida. Descubra agora