Eu já não sentia mais a água batendo no meu corpo, lembrar de tudo isso só fazia pensar que ela ainda estava aqui, mas ela estava... Não estava?
Saí rapidamente do box, mas estava tão desconexo com o ambiente que tropecei em quase tudo, não importava a dor que causava, meu peito estava dilacerando e aquilo era bem maior.
Na porta do guarda-roupas havia muita coisa que eu não gostaria de ver, aquelas fotos eram antigas, se tornaram antigas, tão distantes, Zoe. Arraquei todas de lá, peguei uma jaqueta e as coloquei no bolso, doía, mas queria elas comigo. Tudo ali era nostálgico, virei encarando as palavras, frases que escrevíamos na parede, podia olhar a minha parte, mas o lado que Zo escrevia me chamava, tinha que ler coisas dela."É um gato feio, mas ele não podia ser mais lindo"
"Não estou sozinha"
Agora eu que estou, Zo...
"Foi o melhor sorvete, sabor felicidade"
"Me via e me salvava sempre"
Quem? Porque eu não te salvei, onde você está agora?
"Sorria sem medo de nada"
Não. Zoe, não. Tenho medo de tudo, tinha medo de ficar sozinho, e você me deixou.
"Me esquentou quando todo sentimento estava se perdendo"
Será mesmo? Porque você não está aqui agora, perdi você e estou perdendo a mim mesmo.
Nesse ponto eu já estava no chão, segurava minha cabeça e tentava fazer o mesmo com as lágrimas. Levantei rápido, peguei a jaqueta e terminei de me vestir, tinha que sair daquele quarto e fiz o máximo para ignorar aquelas paredes e a sensação de vazio. Passei a chave no quarto, desci as escadas, mas a sala não se encontrava vazia, continuei ignorando e segui para a porta. Estava prestes a sair quando a minha mãe me parou.
-Nate.
-Diga, mãe.
-Já chega, não acha? Pare de choramingar e volte a estudar. Faltam poucos meses para os testes nas universidades.
-Dê uma folga, mãe! A Zoe, amiga dele, ela morreu. -Era o Nicollas, meu irmão.
Ele sempre me defendia, mas de novo aquela frase estava presente: "Ela morreu". Eu queria que ele não tivesse repitido isso.
Saí de casa sem olhar para eles ou responder qualquer coisa, segui andando sem parar, não podia parar. Ao menos eu achei que não, não tinha percebido os sons de corrida, mas o Nicollas estava pouco atrás de mim, virei e o encarei, então ele parou há 3 metros de mim.
-Nate, Nate -ele estava arfando por causa da corrida. - Cara, escute. Eu vou te apoiar seja no que for, sempre, mas precisa ir na casa dela para poder passar por isso. O corpo já está lá, não fuja.
Eu não sabia o que dizer, apenas lembrei novamente, eu já fugi da Zoe antes.
Acenei para o meu irmão e corri. Ele estava certo, tinha que fazer isso.
Vou na sua casa, Zoe, por favor, esteja lá.Oi pessoal, o capítulo ficou muito curto, mas espero que gostem ainda assim, isso era tudo que eu queria para ele.
Agradeço a todos que acompanham essa história e se gostaram não esqueçam de votar ☆.
:*
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Amianto
Short StoryZoe é uma garota comum que passa por problemas enfrentados por muitos. Diante disso sua mente a controla e lhe faz encarar a realidade do suicídio. Parece simples acabar com a dor que a cerca.