Cap 4 (Depois)

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Realmente, eu fingi.
No dia seguinte ao acampamento Zo não apareceu na minha casa, mas eu também não a procurei, eu a devia explicações, fiz o que fiz, fugi e a ignorei por todo tempo restante.
Dois dias depois lembrei que tínhamos marcado de fazer nossa boa ação, fazíamos isso desde o primeiro mês que nos conhecemos. Toda semana a gente tinha que fazer algo que beneficiasse outro ser e a ação daquela semana já estava esperando, então sabendo que ela estaria lá, me arrumei e segui para a Love&Cats. Nem mesmo me preocupei tanto com o que vestia, eu só não podia perder a ação, era algo que continuaríamos mesmo que a amizade acabasse, então pus uma calça qualquer do guarda-roupas e uma camisa larga, olhei-me no espelho milhões de vezes e constatei que ela sempre me via vestido daquela maneira, eu não iria inovar, não tinha porque tentar ser o que eu não era. No acampamento Zoe havia se vestido daquela maneira e tenho certeza que estava tentando impressionar alguém e se sentir mais enturmada, mas eu não precisava disso e nem tentaria. As pessoas gostavam de mim fácil, mas Zo sempre as afastava e tentava novamente apenas para se desgastar, eu dizia que ela gostava de sofrer, mas ela me contestava e se fazia acreditar que fazia a coisa certa, só fazia isso para ser notada, não queria amizades com aquelas pessoas, queria notar a si mesma sendo como os outros. Sempre odiei isso, ela era muito melhor como Zoe.
No caminho lembrei de comprar ração e decidi por alguns brinquedos também. Zo não havia chegado e eu não queria ficar pensando em como deveria agir, então apenas entrei e sentei olhando os gatos. Havia um no canto de toda a sala que se encontrava preso, encarei aquela situação me perguntando porquê.
-Você está aqui, achei que não viria. - Era a Zo. Me virei e nos encaramos por algum tempo, ela estava muito bonita, com o cabelo preso de modo bagunçado, moletom, calça e all star. - Estava lá fora e não te vi, então..
-Me antecipei um pouco.
Continuaria sentado ali, mas então uma das freiras organizadora do abrigo nos notou, ela andava devagar e só então encarei seu rosto notando que já era bem velha. 
-Oi queridos, vieram adotar um bichano?
-A-ah oi. A gente veio apenas vê-los e trazer algumas doações. - É o que você pensa Zo. Era mais que isso, a freira só não entenderia.
-É mesmo? Vocês podem deixar onde quiserem, vou cuidar de outras coisas, fiquem a vontade.
Olhei para todos os lados e era estranho, havia em média 30 gatos soltos rodando naquele espaço. Muitos miavam e outros brincavam de morder. As grades ao redor permitia que ficassem livres sem problemas de segurança com o lado externo. Mas ainda havia aquele... Ele estava preso enquanto todos brincavam. Zoe observava o mesmo que eu e estava se aproximando do gato. Ele era alaranjado e não tinha metade de uma orelha, por toda parte via-se cicatrizes e falta de pêlos, estava claro que ele era muito arisco, mas ficar preso não era o melhor. Sentamos em frente a ele e Zo o tocou acariciando.
-Você não queria ficar preso, não é? - O gato miou e se esfregou em sua mão como se a respondesse. Zoe riu. - Eu sei, mas e se você viesse comigo? Posso cuidar de você.
O gato miou novamente e eu ri muito, ela estava conversando com ele e o encantou. Eu estava encantado também, mas não diria isso, então apenas ri. Zoe riu comigo e ficamos lá brindando com o gato. Era muito feio, só que isso não é o que importa, gostamos dele.
-Ninguém nunca o notou. - A freira apareceu do nada atrás da gente.
-A Zoe vai cuidar dele a partir de agora.
-Ele já é bem velho, querida, dará muito trabalho por também ser doente e arisco, mas o carinho dele você já tem.
-Não importa, ele vai ficar comigo. Posso lidar com tudo isso e cuidar dele. - Ela estava determinada. - O que preciso fazer para levá-lo?
-Tudo bem, menina. Vamos pegar os remédios e um pound para ele.
Os olhos da Zoe brilhavam e eu estava feliz também.
A freira separou os remédios e não aceitou nossas doações, pediu que ficassemos para cuidar do gato. Ela também estava feliz por ele ganhar um lar.
Saímos da Love&Cats com o gato e fomos direto para um parque ali perto. O lago estava lindo naquele dia nublado, a grama verde e árvores ao redor, estávamos sozinhos daquele lado e deitamos para olhar o céu.
-Sabe, Nate, essa foi nossa melhor ação, mas acho que escolhemos beneficiar foi a mim. - Ela virou para mim sorrindo e não pude deixar de fazer o mesmo.
-Não é bem assim, ele também vai estar comigo, temos que compartilhar a guarda.
-Está certo, mas fique ciente que posso te privar dele a qualquer momento.
-Não tente, somos uma família e quero conviver junto.
Estávamos rindo àquela altura. Talvez fosse a vergonha ou apenas o calor da brincadeira, mas sabíamos que não era isso, nunca falamos tão sério.

Você podia ter feito qualquer coisa, mas não sorrir pra mim daquele jeito. Eu não podia me apaixonar.







Está aí, mais um capítulo e agradeço muito a quem lê essa história, agradeço ainda mais aos meus amigos que sempre aparecem aqui, os que não se importam em ler podem continuar seguindo de tal modo, mas que não venham me pedir bala depois.
Mas bem, o que esperam de Amianto? O que acham da Zo e Nate?
Para mim foram dois personagens bem fáceis de imaginar e que me causaram muita inveja, só não direi do que.

Eu espero que tenham gostado e se gostaram, não esqueçam de votar ☆.
Ainda imagino como é ser reconhecida. 

AmiantoOnde histórias criam vida. Descubra agora