Capítulo Três

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Acordei naquela manhã com um barulho de risada e gritaria gigante.

-É O MELHOR PRESENTE DE DIA DAS CRIANÇAS DO MUNDO! – gritou Júlia ao levantar de sua cama correndo.

Levantei da cama não entendendo muita coisa, mas percebi que todos estavam do lado de fora. Um vento frio entrava no galpão. Então também corri para ver o que acontecia.

Ao chegar do lado de fora me deparei com todos maravilhados admirando algo totalmente incrível. Caia neve, muita neve. O chão estava branco, as árvores estavam brancas, era NEVE. Eu nunca tinha visto aquilo na minha vida. Mas não foi apenas isso que me chamou a atenção.

Uma mulher brincava com as crianças. Nossos olhos se encontraram, mas ela não era uma mulher comum. Não consegui dizer nada, apenas sentia a magia daquela manhã tão inesperada.

Ela tinha asas, um cabelo negro cacheado e um sorriso totalmente branco. Nos contos de fadas que costumamos ouvir, ela é sempre uma mulher branca, mas porque não poderia ser negra também? Ela é linda, sua pele contrastava com o branco de seu vestido, deixando-a ainda mais bela.

Aproximei-me de onde estava. Ela me abraçou forte e então brincamos na neve por toda aquela manhã. Peguei-me pensando do porque daquilo tudo. Os adultos sumiram de repente, sobrando apenas crianças no mundo, a neve caindo aqui no Brasil, onde isso não acontece, e ainda uma fada, uma mulher com asas que fez o nosso dia das crianças ser ainda melhor.

Durante todos os dias seguintes àquele acampamento ela permaneceu conosco, nos contando histórias, fazendo comidas deliciosas, brincando conosco e nos fazendo rir. Todos eles passaram rápido demais desde que chegara aqui.

Já era noite do nosso último dia. Nós empurramos todas as camas para o lado, e tiramos os colchões. Juntamo-nos todos no chão, Manuela, que descobri ser o seu nome, nos contou histórias até todos dormirem, mas continuei acordada. Sentia que aquilo duraria pouco, não queria que fosse embora.

-Você não vai dormir? – perguntou assim que cheguei perto de onde seu colchão estava.

-Vou, mas queria te dar um abraço. Você vai embora, não vai? – Meus olhos estavam cheios de lágrimas nesse momento.

-Eu vou sim, as coisas precisam voltar ao normal, meu bem - ela disse me envolvendo em um abraço.

-Mas você nunca mais vai voltar?

-Eu vou sempre estar com você, basta acreditar. Se um dia as coisas se tornarem adultas demais na sua vida e você não conseguir resolver, por favor, se lembre de mim, eu vou estar aqui – ela me apertou ainda mais em seus braços - Mas agora você precisa dormir, tudo bem?

-Tudo bem – respondi, ignorando as lágrimas que desciam em meu rosto.

Ela me levou até meu colchão, me cobriu e então eu dormi tão rápido que nem ao menos percebi.

Quando abri meus olhos na manhã seguinte, me deparei com a parte superior do beliche, onde Júlia dormia. Todas as camas estavam em seus lugares, tudo estava em ordem.

O homem que nos passou as instruções no início do acampamento estava aqui, ordenava para que todos pegassem suas coisas e seguissem para o ônibus, parecia que nada tinha ocorrido pra ele.

-Esse foi um dos melhores acampamentos, até o ano que vêm! – ele dizia para alguns.

Levantei rápido, fui ao banheiro trocar de roupa e logo peguei minhas coisas. Aqueles realmente haviam sido os melhores dias da minha vida e, com toda a certeza, eu voltaria no próximo ano para mais um acampamento com Manuela.

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