Sorry

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Agora posso deitar minha cabeça e cair no sono. Ah, mas não preciso dormir para ver meus sonhos. Porque estão bem na minha frente.

Depois de ter perdido Justin de vista, caminhei em direção á casa. Eu estava tão nervosa. E com medo. Tenho a certeza que papai vai resmungar comigo forte e feio, quando puser meus pés novamente naquela casa. Se eu ao menos tivesse já meus dezoito anos, poderia sair de casa. Fugia, eu não sei. Só sei que eu não quero morar mais nessa casa. Eu não suporto minha família. E quando eu poder sair daqui, nenhum deles pousará seus olhos em cima de mim.

Adentrei em casa, seguindo sempre com meu caminho até ao escritório que daria para o gigantesco corredor onde se situava os quartos. Mas fui interrompida pela voz grossa de meu pai.

- Vem cá menina – me puxou pelo braço antes que eu começasse a subir as escadas.

- O que foi?

Cruzei meus braços á frente do peito me virando para ele, pudendo assim encarar sua face, que em nada transmitia algo de bom. Percebo agora que estou em maus sarilhos, muito maus sarilhos.

- O que deu na sua cabeça oca pra fugir assim de casa? Quer estragar a minha reputação? E ainda para mais leva a sua irmã mais nova, que tem seis anos Elena, seis anos. Onde você estava com a cabeça quando fugiu? Será que você algum vai crescer e merecer o seu sobrenome? Ou vai ser sempre assim, lerda, desmazelada, desastrada. Quando você vai aprender a ser uma menina merecedora desse sobrenome. Porque você não é como as outras meninas, em educas e sempre obedientes? Porque você gosta de estragar minha reputação?

Se me magoou ouvir todas essas merdas de palavras? Obvio que sim, mas puta merda, porque ele estava me dizendo isso? Eu me sinto a pior pessoas do mundo, com ele dizendo essas palavras, mas ele também não tem moral, ele também não pode me dizer nada. Nada mesmo.

- Eu gosto de estragar sua reputação porque você gosta de estragar a vida de outras pessoas, ou pensa que eu não sei, você é um bandido, um escroto, eu te odeio, eu odeio a mamãe só por te ajudar, eu odeio meus irmãos porque estão metidos nos seus esquemas, eu só não odeio Mia, porque ela ainda é só uma menininha. Você é um imbecil, eu te odeio, só sabe estragar a vida de mulheres, só sabe fazer mal nas pessoas. E eu te odeio por isso, porque você é um interrupto, sem escrúpulos, e eu não quero morar na mesma casa que um bandido, eu não quero morar na mesma casa que você – limpei as lágrimas – e sabe porquê? Porque você é o pior pai que podia existir á face da terra, e eu nunca vou te perdoar por me magoar desse jeito, por magoar outras pessoas, quem nem culpa têm de seu mau carater, mas que se querem viver tem de obedecer às suas ordens.

Eu não aguentava mais falar, eu havia esgotado todas as forças para falar. Acho que falei tão rápido que ele demorou algum tempo para absorver toda aquela informação. Minhas lágrimas rolavam por minhas bochechas num jeito incontrolável. Eu queria que elas passassem, mas elas simplesmente não me obedeciam, assim como eu não obedecia a papai.

- Eu não permito que você fale nesse tom comigo – agarrou meu braço bruscamente – você é só uma pirralha, não sabe nada de meu negócio.

Eu conseguia ver os nervos passando pelos seus olhos. Mas eu tenho a certeza que nos meus olhos só mostrava uma coisa medo, isso. Eu estava sentindo medo de papai. Algo que eu nunca antes havia sentido. E que isso é errado.

- Sei o suficiente para poder dizer que é um vigarista, que faz tudo pela fama, mesmo que tenha que estragar a vida de outras pessoas, só assim é que você vive bem, não é mesmo? Só assim é você está feliz. Vendo tudo o resto que não importa pra você, invulnerável a seus pés, quase mortos – cuspi as palavras encarando ele.

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