Alguns dias depois

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So Young já havia se acostumado com a escola nova e com Kyungsoo sendo seu vizinho, ela já não se perdia na escola e já não se sentia mais tão nervosa perto de Kyungsoo, os dois tinham conversas normais quando se encontravam, ou seja, eles se falavam todos os dias tanto na escola quanto fora dela. Os dois apenas falavam o básico.

- Bom dia, Kyungsoo.- So Young dizia.

- Bom dia.- Kyungsoo respondia.

Às vezes eles falavam sobre deveres de casa e sobre seminários, eles nunca tocavam em assuntos pessoais, ambos tinham medo de fazer tal coisa.

Durante os dias que se passaram, So Young tentava ao máximo evitar Eunji, do mesmo jeito, Eunji ainda olhava para So Young com desgosto, como se So Young houvesse feito algo muito errado para ela. Certa vez, So Young estava passando pelo corredor e Eunji esbarrou em seu ombro de propósito, outra vez Eunji derrubou os cadernos de So Young. So Young não fazia nada a respeito, ela não queria fazer e ela não deveria fazer, ela não tinha medo de Eunji, ela só não a suportava, mas So Young era uma garota paciente, até certo ponto.

So Young já estava em sua terceira semana de aulas, ela estava em sua sala na hora do intervalo.

- So noona!- Dongyul disse ao entrar na sala, ele estava acompanhado de um garoto que parecia mais velho e era parecido com ele.- Esse é Dongsun, meu irmão mais velho.- Dongyul disse e deu tapinhas nas costas de Dongsun.

- Ah, então você é a So Young da qual ele tanto fala!- Dongsun exclamou.- Finalmente eu vou poder lhe conhecer.- Dongsun disse chegando perto de So Young, a qual estava em pé agora.- É um prazer conhecê-la, Choi So Young.- ele disse e apertou a mão de So Young.

- O prazer é todo meu, Kim Dong Sun.- So Young leu o nome na plaquinha de Dongsun.

- Eu vejo que Dongyul não estava mentindo.- Dongsun disse, So Young o olhou confusa.- Você é realmente muito bonita.- So Young sentiu suas bochechas ficarem quentes, ela nunca aprendeu a reagir aos elogios.- Bem, eu tenho que voltar para a minha sala. Nos falamos depois, certo?- ele perguntou.

- Sim... Claro... Depois.- So Young estava gaguejando, ela se sentia uma idiota enquanto via Dongsun sair da sua sala, ela continuava parada no mesmo lugar, com o seu rosto vermelho, um garoto havia dito que ela era muito bonita e aquilo fez ela sentir uma sensação estranha mas que era a boa ao mesmo tempo.

(...)

Kyungsoo estava sentado em sua carteira quando Dongsun foi embora da sala, ele não estava usando seus fones de ouvido então ele ouviu tudo.

‘Dongsun é realmente confiante com relação às garotas.’ Kyungsoo pensou. ‘Isso é bom mas também é ruim, é bom pelo fato dele conseguir dizer para as garotas o que ele sente em relação à elas, mas é ruim pelo fato de que ele acaba se tornando um imprestável na maioria das vezes.’ Dongsun sempre tinha histórias sobre relacionamentos passados que não deram certo para contar, a maioria dessas histórias eram mentiras muito bem contadas, Kyungsoo já havia visto Dongsun gritar com uma de suas namoradas uma vez, ele havia feito a garota chorar, Kyungsoo achou aquela cena ridícula mas acabou não fazendo nada, ele não deveria se meter nos assuntos que não lhe diziam respeito. ‘Espero que ele não faça a mesma coisa com So Young.’

- Dongsun hyung gostou de você So noona!- Dongyul disse. Dongyul era a pessoa a qual mais falava com So Young (por pouco tempo), So Young parecia não fazer esforço para conseguir novas amizades, ela parecia estar bem falando apenas com Dongyul e Kyungsoo.- Você vai falar com ele na hora da saída?- Dongyul perguntou, So Young ainda parecia assustada com tudo aquilo.

- Eu acho que sim.- ela disse.- Eu deveria?- ela perguntou.

- Com toda a certeza!- Dongyul respondeu como se aquilo fosse óbvio.

So Young passou o resto das aulas apenas encarando um ponto fixo na sala de aula, Kyungsoo olhava para ela e tinha vontade de acordá-la mas percebia que fazer isso não seria agradável, ele não deveria se meter.

No término da aula, Kyungsoo observou enquanto So Young guardava seu material rapidamente em sua mochila.

- Eu disse que eu voltaria!- Dongsun disse quando apareceu na porta da sala, Eunji estava saindo da sala e parou em frente à Dongsun.- Ah, olá Eunji.- ele disse enquanto sorria malicioso.

- Você está no meu caminho, saia!- Eunji disse impaciente, e tentou empurrar Dongsun, o qual não se moveu e continuou sorrindo.

- Qual o motivo da pressa?- Dongsun perguntou.

- Saia da minha frente!- Eunji disse quase gritando, ela empurrou Dongsun com força e ele se moveu.

- Parece que alguém está mais estressada do que o normal hoje.- Dongsun disse e olhou para So Young.- So Young!- ele andou até ela.- Podemos conversar? Eu gostaria de lhe conhecer melhor.- Dongsun disse e o rosto de So Young ficou corado, ela assentiu com a cabeça e os dois saíram da sala.

- Meu Deus!- Dongyul gritou para Kyungsoo, o qual franziu as sobrancelhas.

- Dongyul! Faça silêncio!- Kyungsoo repreendeu Dongyul, o garoto cobriu a boca com as mãos.

- Me desculpe.- ele disse e sua voz saiu abafada por entre suas mãos.- Enfim, mudando de assunto.- Dongyul disse e retirou as mãos de sua boca.- Sua mãe está em casa?- Dongyul perguntou, a mãe de Kyungsoo e de Dongyul eram amigas desde o dia em que Kyungsoo se mudou.

- Não, por quê?- Kyungsoo perguntou, sua mãe ainda não havia voltado mesmo depois de todos aqueles dias por causa do trabalho, era sempre o trabalho, tudo era o trabalho.

- A minha mãe queria muito falar com a sua mãe, ela disse que ela não está atendendo as ligações que ela fez.- Dongyul disse.

- Minha mãe tem estado muito ocupada esses dias. Eu mesmo quase não a vejo.- Kyungsoo disse e pegou sua mochila.

- Ah, entendo. Bem, quando sua mãe tiver tempo, peça para ela falar com a minha mãe.- Dongyul disse e olhou para o próprio celular.- Eu tenho que ir, minha mãe me pediu para fazer umas tarefas em casa hoje. Até amanhã Kyungsoo hyung!- Dongyul disse enquanto acenava e saia da sala. Kyungsoo fez a mesma coisa e seguiu andando pelo corredor, ele passou pelo pátio e viu So Young sentada em um banco ao lado de Dongsun, os dois estavam sorrindo, Kyungsoo continuou seu percurso até o ponto de ônibus.

‘Acho que eu voltarei sozinho hoje.’ ele pensou e abriu a mochila para pegar seus fones de ouvido. ‘Meu livro...’ ele pensou e percebeu que havia esquecido um livro em baixo de sua carteira. ‘Sério Kyungsoo? Sério mesmo?’ ele se perguntou e voltou pelo mesmo caminho. Ao passar novamente pelo pátio, ele não viu mais So Young e Dongsun, ele viu alguns poucos alunos que ainda estavam no pátio. Em sua sala, Kyungsoo procurou pelo livro em sua carteira, sem sucesso. ‘Mas eu deixei o livro aqui em baixo.’ ele pensou e olhou em baixo da carteira novamente.

- Procurando por isso?- Kyungsoo se levantou e viu Eunji parada em sua frente, em suas mãos estava o livro de Kyungsoo e ela mantinha o sorriso em seus lábios.- Eu achei mesmo que fosse seu.- ela disse e estendeu o livro, mas quando Kyungsoo estava prestes a pegar o livro ela o puxou de volta.- Soo oppa! Por que Dongsun está falando com aquela garota?- ela perguntou.

- Está falando de So Young? Como se eu soubesse.- Kyungsoo disse.- Me dê o livro. E não me chame de ‘Soo’..- ele estendeu a mão para pegar mas Eunji puxou o livro novamente.

- É claro que você sabe!- ela disse.- Você é uma das únicas pessoas que falam com aquela garota.- a voz de Eunji era irritante, ou pelo menos, fazia Kyungsoo ficar irritado.

- Não, eu não sei.- Kyungsoo respondeu ficando cada vez mais sem paciência.

- Você está com raiva Soo oppa?- Eunji perguntou percebendo a irritação de Kyungsoo.- Está com raiva de mim?- ela ria, ria com o mesmo sorriso debochado de sempre.- Oh Soo oppa. Eu ainda não fiz nada para deixar você irritado.- Eunji disse chegando mais perto de Kyungsoo, o qual deu um passo para trás e encostou em uma carteira.- E se eu deixar você irritado? O que você vai fazer?- Eunji estava chegando perto demais de Kyungsoo, ele podia sentir a respiração de Eunji em seu rosto.- Vai gritar comigo? Vai me bater?- Eunji olhava para os lábios de Kyungsoo, o qual respirava pesadamente, o sorriso de Eunji havia sumido.

- O que você está fazendo?- Kyungsoo conseguiu, finalmente, dizer. A garota voltou a olhá-lo nos olhos.

- Eu? Eu não estou fazendo nada.- ela disse e voltou a sorrir, ela empurrou o livro com força no peito de Kyungsoo e se afastou.- Eu não tenho medo de você Soo oppa.- ela disse.- Muito pelo contrário.- Eunji levou seus dois dedos aos lábios e os beijou, ela pôs os dedos na bochecha de Kyungsoo e saiu rapidamente da sala.

‘Ah! Mas que...’ Kyungsoo pensou enquanto limpava a bochecha em que Eunji havia depositado seu beijo. ‘Essa garota é...’ Kyungsoo pensava em uma palavra para definir  Eunji, acabou desistindo. Kyungsoo saiu da sala e voltou para o pátio, o qual estava quase vazio agora, ele não viu Eunji em canto nenhum e deu graças à Deus por aquilo. Ao chegar no ponto de ônibus, Kyungsoo viu uma garota. ‘So Young?’ ele pensou e chegou mais perto. Sim, era So Young, ela olhou para Kyungsoo e sorriu.

- Olá Kyungsoo!- ela disse e acenou para ele.- Eu estava esperando por você.- aquelas palavras fizeram Kyungsoo se sentir de um jeito diferente, alguém alguma vez já havia esperado por Kyungsoo?

- Você  estava me esperando?- ele perguntou tentando não parecer tão surpreso, So Young afirmou com a cabeça.- Por que você estava me esperando?- a pergunta fez So Young rir novamente.

- Ora, eu moro na sua frente!- ela disse.- E eu não acho que você deveria voltar sozinho agora que eu estou aqui.- aquelas palavras fizeram Kyungsoo se sentir incrivelmente bem, So Young parecia realmente se importar com ele.- Mas... se você quiser ir sozinho, não tem problema nenhum.- ela disse e pôs suas mãos em frente ao seu corpo.

- Não, está tudo bem!- Kyungsoo disse.- Eu não recusaria sua companhia.- ele disse e So Young sorriu envergonhada, parecia até que Kyungsoo estava flertando com So Young, mas ele não estava... Eu acho. Os dois esperaram pelo ônibus sentados lado-a-lado.

- Você acha que Dongsun é uma boa pessoa?- So Young perguntou enquanto mexia os pés inquietos, Kyungsoo pensou em uma resposta por alguns segundos.

- Sim, ele é uma boa pessoa. Mas ele também tem seus defeitos.- Kyungsoo respondeu enquanto olhava para frente, para a estrada.

- É, eu sei.- So Young disse.- Kyungsoo?- ela chamou pelo garoto, o qual olhou para ela.- Quem era o homem que estava na cozinha de sua casa a alguns dias atrás?- ela perguntou, Kyungsoo pensou.

- Eu... Acho que você está falando de meu padrasto.- Kyungsoo respondeu e olhou para baixo, So Young permaneceu em silêncio por alguns segundos.

- Você nunca me disse que tinha um padrasto.- ela disse.- Por que você nunca me disse?- ela perguntou, Kyungsoo se sentiu envergonhado.

- Eu não sei.- Kyungsoo respondeu.- Acho que eu não via necessidade em contar.- ele disse, ele realmente não via necessidade em contar aquilo para So Young.

- Você pode contar as coisas para mim.- ela disse e pôs uma mão nas costas de Kyungsoo.- Se você quiser, é claro. Eu ouvirei você quando ninguém mais quiser ouvir, apenas fale comigo.- ela disse, Kyungsoo sentiu um aperto em seu peito, ele não sabia o que era, mas era estranho. Kyungsoo permaneceu em silêncio até o ônibus chegar. No ônibus, Kyungsoo se sentou e So Young se sentou ao seu lado, ela não disse nada, apenas sentou, Kyungsoo não reclamou, ele gostava de ter So Young ao seu lado. Kyungsoo acabou se esquecendo de por os fones de ouvido, ele apenas olhava pela janela e percebeu que So Young fazia o mesmo.

‘Ela realmente se importa?’ ele se perguntou. ‘Ela realmente se importa comigo?’

Quando os dois desceram do ônibus e começaram a andar, Kyungsoo parou e So Young fez o mesmo e se virou para ele.

- O que foi?- ela perguntou.

- Você realmente se importa?- Kyungsoo perguntou olhando para So Young, o seu rosto bonito e delicado era iluminado apenas pela luz da lua o que fez Kyungsoo ter um pouco de medo quando ela se aproximou.

- Por que eu não me importaria?- ela perguntou.- Kyungsoo, você é meu amigo, é claro que eu me importo com você. Você pode confiar em mim.- ela disse, Kyungsoo levou um tempo para digerir aquelas palavras, So Young estava realmente sendo sincera.

- Obrigado, So Young.- Kyungsoo disse por final, ele viu que nos olhos de So Young havia bondade, lealdade, sinceridade, e acima de tudo, pureza. So Young era uma pessoa pura, uma pessoa incrivelmente boa e pura, em seus olhos ele não via maldade alguma, ela estava sendo totalmente sincera com ele, ela realmente se importava.

Os dois continuaram andando até chegar em suas casas, Kyungsoo viu novamente o carro de seu padrasto estacionado em frete à sua casa, ele se sentiu confuso, ele não percebeu que havia parado de andar e estava apenas olhando para o carro.

- Você está bem?- So Young perguntou e pegou no ombro de Kyungsoo.- Você parece assustado.- Kyungsoo olhou para So Young, a qual parecida preocupada com o espanto repentino dele.

- Sim, eu estou bem.- Kyungsoo mentiu.- Eu só estava pensando.- ele estava mentindo, por que ele estava mentindo para So Young? Por que ele estava mentindo?

‘Por que eu estou mentindo mesmo depois de So Young me dizer para confiar nela?’ ele pensou. ‘Por que eu estou com medo? Por que eu me sinto tão assustado?’ So Young continuou olhando para ele.

- Se você diz... Então, nos vemos amanhã.- So Young disse e andou até a sua casa, Kyungsoo teve vontade de sair correndo, ele teve vontade de fugir do que quer que estivesse esperando por ele dentro de sua casa, talvez até levar So Young junto.

- So Young!- Kyungsoo chamou pela garota, ela se virou antes de abrir a porta de sua casa.- Boa noite.- ele disse, a garota sorriu, tal ato fez Kyungsoo se sentir menos assustado.

- Boa noite, Kyungsoo.- ela disse e, finalmente, entrou em sua casa. Kyungsoo se virou para sua própria casa e respirou fundo.

‘Bem... Eu não tenho outra opção.’ ele pensou e entrou em sua casa, seu padrasto estava na cozinha, para piorar, estava bebendo, para piorar mais ainda, estava bêbado. Kyungsoo permaneceu parado na porta da cozinha por um momento.

- O que é?!- seu padrasto perguntou, Kyungsoo sentiu uma raiva inexplicável ao ver aquele homem, o homem com o qual sua mãe havia se casado.

‘Eu tenho nojo de você.’ ele pensou. ‘Tenho nojo de cada coisa que você faz. Tenho nojo de cada palavra que você diz. Eu odeio você.’ Kyungsoo permaneceu em silêncio parado na porta da cozinha.

- Eu vi você falando com uma garota.- seu padrasto disse rindo, sua voz embriagada fazia sua fala ficar insuportável.- Quem é a bonitinha?- ele perguntou, Kyungsoo sentiu o ódio crescendo dentro de seu peito.- É sua namorada?- ele perguntou e riu mais ainda.- Uma garota realmente fala com você?- ele estava gargalhando agora, Kyungsoo cerrou os punhos, ele começou a atravessar a cozinha, seu padrasto se levantou e ficou em sua frente.- Você não me ouviu?- ele perguntou, suas risadas haviam parado.- Eu estou falando com você!- Kyungsoo apenas o encarava em silêncio.- Me responda quando eu fizer uma pergunta!- seu padrasto gritou Kyungsoo apenas sentiu o que veio depois, seu padrasto havia dado um soco no lado esquerdo de seu rosto.- Você por um acaso esqueceu que deve me respeitar?- ele continuou acertando socos no rosto de Kyungsoo.- Eu deveria te ensinar a me respeitar de novo?- Kyungsoo finalmente caiu no chão, seus olhos se enchiam de lágrimas mas ele não permitiu que elas caíssem, ele se levantou e tentou recuperar seus sentidos.- Mostre seu lindo rosto para ela agora!- seu padrasto disse e voltou a rir.- Suma da minha vista!- seu padrasto gritou, Kyungsoo saiu cambaleando da cozinha e subiu as escadas.

‘Por que eu não consigo fazer nada?!’ Kyungsoo se perguntou quando entrou em seu quarto. ‘Por que eu continuo não fazendo nada?’ ele sentiu as lágrimas quentes rolarem pelo seu rosto, ele finalmente se permitiu chorar, ele jogou sua mochila em um canto do quarto e se sentou no chão, ele abraçou os próprios joelhos enquanto soluçava, seu rosto estava doendo devido aos diversos socos. Ele permaneceu sentado no chão de seu quarto enquanto chorava silenciosamente por alguns minutos. Ele se levantou e foi até o banheiro, ele olhou para o próprio rosto no espelho e se sentiu decepcionado com o estado de seus hematomas: havia uma grande mancha roxa em seu olho esquerdo e diversas outras manchas espalhadas em seu rosto, uma no canto de sua boca sangrava. ‘Muito obrigado por deixar meu rosto desse jeito, seu idiota!’ ele pensou enquanto abria a torneira e lavava o rosto, ele teve de ser muito cuidadoso na hora de enxugar o próprio rosto pois ainda doía muito.

- Espero que não fique tão inchado até amanhã.- ele disse em voz alta quando saiu do banheiro, ele acabou pensando em So Young sem saber o motivo, ela havia sido a primeira coisa e pessoa na qual ele pensou.

‘Ela vai ficar preocupada... Eu acho.’ ele pensou e trocou o uniforme por uma roupa normal. ‘Com sorte, meu rosto não ficará inchado até amanhã.’ ele ouviu o som de seu celular e o pegou no bolso da calça, uma mensagem de um número não registrado.

Desconhecido: Oi!!
Eu consegui seu número com Dongyul
É a So Young!

Um sorriso se esboçou nos lábios de Kyungsoo mas a dor e o inchaço fizeram o sorriso se desmanchar.

Olá So Young!

So Young: Na verdade, eu não tinha nada para dizer mesmo
Eu só queria mandar um ‘Oi’
>u<
Desculpe o incômodo

Não foi nenhum incômodo, não se preocupe
Boa noite So Young!

So Young: Durma bem!^•^

Kyungsoo olhou para a janela, as cortinas ainda estavam fechadas, mas isso não o impedia de olhar, ele suspirou.

‘Durma bem!’ ele pensou e se deitou em sua cama.

(...)

So Young estava sentada em sua cama com o celular em suas mãos, ela sorria, ela se sentia bem quando conversava com Kyungsoo, mas seu sorriso logo desapareceu quando ela ouviu o som do carro de seu pai. Ela decidiu ficar em seu quarto e não perturbar seu pai, ele estava tão quieto no andar de baixo que ele nem mesmo parecia estar lá. So Young se sentia exausta, então ela acabou dormindo.

De manhã, So Young acordou e se arrumou para sair, ela desceu as escadas e foi para a cozinha, ela preparou o próprio café da manhã.

- Por que você está tão feliz?- seu pai perguntou, So Young deu um pequeno pulo, ela não sabia que seu pai ainda estava em casa, e ela estava cantarolando sem nem mesmo perceber, ela se recuperou do susto e voltou a respirar normalmente.

- Eu não sei.- ela respondeu.- Eu só me sinto feliz.- seu pai pareceu desconfiado, So Young sempre aparentou estar com medo em todos os momentos, mas agora ela não estava, ela estava bem e aquilo parecia incomodar seu pai. Ele pegou sua suas coisas e foi até a porta de entrada.

- Tenha um bom dia, papai.- So Young disse e a porta se fechou, como ela já esperava, sem resposta alguma. So Young comeu seu café da manhã e voltou para o seu quarto, ela escovou os dentes e pegou o celular em sua cômoda, havia uma mensagem de sua mãe.

Mamãe: Bom dia, So!
Saudades
Tenha um ótimo dia na escola
Amo você

Também amo você mamãe
Obrigada
Espero que você possa nos visitar logo

So Young saiu de casa e andou até o ponto de ônibus, Kyungsoo não estava lá, ele não havia acompanhado ela dessa vez.

‘Talvez ele esteja um pouquinho atrasado, só isso.’ ela pensou e esperou pelo ônibus, mas ela estava esperando mesmo por Kyungsoo. Alguns minutos se passaram e So Young pôde ver Kyungsoo se aproximando, ela sorriu ao ver o garoto mas logo seu sorriso desapareceu (novamente) ao ver o rosto do garoto, seu rosto estava com uma mistura de cores roxas e vermelhas transformadas em hematomas, ele não olhou diretamente para So Young.

- Oh meu Deus...- ela disse.- O que aconteceu com o seu rosto?- ela perguntou, ele continuou não olhando para ela.- Você está bem?- ela se pôs  na frente de Kyungsoo e levantou seu rosto com uma mão, haviam vários hematomas mas um em seu olho esquerdo e outro no canto de sua boca se destacavam.

- Eu... Não quero falar sobre isso...- ele disse.- E sim, eu estou bem.- ele disse e afastou a mão de So Young delicadamente, ela o encarou por um momento.

- Você não quer falar... Tudo bem... Eu entendo.- So Young disse.- Mas você tem certeza de que está bem?- ela perguntou, Kyungsoo olhou para ela como se quisesse dizer algo muito importante, como se quisesse pedir socorro.

- Sim.- ele respondeu.- Sim, eu tenho certeza.- algo em seus olhos dizia o contrário, algo em sua voz dizia o contrário, Kyungsoo estava mentindo, o que fez So Young se sentir culpada.

- Desculpe por não estar lá para você.- ela sussurrou, Kyungsoo olhou para baixo, por um breve momento, So Young pensou que ele fosse chorar, mas ambos não queriam que isso acontecesse, ele levantou os olhos.

- Não se desculpe.- ele disse.- Você não teve culpa de nada.- So Young sentiu um grande nó se formar em sua garganta, o sentimento de culpa a estava consumindo. Os dois ainda olhavam um para o outro quando o ônibus chegou, eles entraram e seguiram o caminho em silêncio. Ao chegar na escola, os dois desceram do ônibus e entraram lado-a-lado no pátio da escola, alguns alunos olharam para Kyungsoo e ficaram cochichando entre si.

- Não ligue para eles.- So Young sussurrou para Kyungsoo, ele sorriu.

- Eu nunca liguei.- ele disse, So Young sorriu e os dois foram até a sala, passando pelo pátio e pelos corredores vários alunos olhavam para Kyungsoo e ele olhava para o chão. Ao chegar na sala, as conversas sumiram repentinamente, os alunos olharam para Kyungsoo, o qual virou o rosto e acabou olhando para So Young.

- Está tudo bem.- ela disse e segurou o braço de Kyungsoo.- Eu estou aqui agora.- eles continuaram andando e se sentaram em suas carteiras, So Young reparou em Eunji, ela estava olhando para os dois e não parecia nem um pouco feliz, So Young desviou o olhar de Eunji e se concentrou apenas em Kyungsoo e em como ele parecia incomodado com aquelas pessoas olhando para seu rosto.

(...)

Kyungsoo estava sentado em sua carteira enquanto tentava não olhar para as pessoas, não era a primeira vez que ele ia para a escola com marcas em seu rosto, mas era a primeira vez em que alguém reparava, ele passou as aulas inteiras tentando evitar o olhar dos outros. Na hora do intervalo, Dongyul não falou com Kyungsoo, ninguém estava falando com Kyungsoo, apenas So Young falava com ele. Kyungsoo não havia prestado atenção nas aulas, ele simplesmente olhava para baixo e esperava tudo aquilo acabar. Quando a aula terminou, Kyungsoo levantou os olhos e viu todos os alunos saírem da sala, Dongyul se levantou e pôs a mão nas costas de Kyungsoo, ele sorriu fraco e saiu, ele sabia que não deveria perguntar essas coisas para Kyungsoo, então ele apenas o deixava quieto.

- Eu vou falar com Dongsun.- So Young disse.- Encontro você no pátio?- ela perguntou, Kyungsoo assentiu com a cabeça.- Tudo bem... Até logo.- ela disse saiu da sala. Kyungsoo não tinha a menor vontade de sair de sua sala, ele queria usar um saco de papel em sua cabeça, ele não queria sentir o peso dos olhares das pessoas, ele só queria poder se encolher em um canto e ficar lá até tudo passar. Ele esperou até que todos os alunos saíssem do corredor e, finalmente, saiu da sala, alguns poucos alunos apareceram no corredor mas eles nem se importaram com a presença de Kyungsoo. Ao chegar no pátio, Kyungsoo viu muitas pessoas espalhadas por todo o pátio, todos estavam conversando e fazendo barulho, Kyungsoo poderia passar despercebido.

‘Só não faça contato visual com ninguém.’ ele pensou. ‘Só isso.’ ele começou a atravessar o pátio, ele viu So Young se despedir de Dongsun, então Dongsun se afastou de So Young. Kyungsoo andava lentamente quando viu So Young passar perto de Eunji e seu grupo de amigas, em um movimento rápido, Eunji pôs o pé na frente de So Young, e com um grito assustado So Young caiu no chão, Eunji e suas amigas apontaram para So Young e riram, Kyungsoo não pensou duas vezes antes de sair correndo pelo pátio para chegar em So Young.

- Você está bem?- ele perguntou quando alcançou a garota, ele estendeu a mão e So Young a pegou, ele a ajudou a levantar enquanto So Young limpava a poeira de seu uniforme.

- Sim, estou bem.- ela respondeu.- Eu só tropecei.- ela disse, Kyungsoo olhou para Eunji, o rosto da garota demonstrava raiva e ódio, ela deu meia-volta e se afastou enquanto batia os pés pesadamente no chão, Kyungsoo voltou a olhar para So Young e viu em seu joelho esquerdo um arranhão, pequenas gotas de sangue saíam do ferimento.

- Você machucou o joelho.- Kyungsoo disse ainda olhando para o joelho da garota.- Você está bem mesmo? Não está doendo?- ele perguntou, So Young riu.

- Não, eu estou bem.- ela disse.- Isso não é nada, amanhã já vai estar melhor.- ela disse enquanto ajeitava a própria saia.- Bem, nós podemos voltar agora.- ela disse, Kyungsoo percebeu que ainda segurava a mão de So Young e então a soltou envergonhado. Eles andaram até o ponto de ônibus  lado-a-lado e, de vez em quando, Kyungsoo olhava para So Young e para seu joelho machucado, ela não parecia se incomodar com o ferimento, ela não parecia sentir a dor. Ao chegar no ponto de ônibus, os dois se sentaram.

- Você sabe que Eunji pôs o pé no seu caminho, não é?- Kyungsoo perguntou, So Young olhou para ele.

- Sim, eu sei.- ela disse e balançou os pés que não eram capazes de encostar no chão, ela olhou para o próprio joelho e pareceu, finalmente, sentir a dor latejante.- Eunji não gosta de mim.- ela disse.- E eu não sei o motivo.- havia uma leve tristeza em seu tom de voz.

- Ela realmente não gosta de você.- Kyungsoo disse, So Young o olhou assustada.- Oh, me desculpe!- ele disse instantaneamente.- Eu não quis dizer isso... Quer dizer, eu quis... Mas não desse jeito!- Kyungsoo pensou que, por um momento, So Young fosse ficar com raiva, mas ela apenas riu.

- Eu sei que ela não gosta de mim!- ela disse rindo.- Mas como você tem tanta certeza de que ela não gosta de mim?- ela perguntou.

- Desde que eu entrei na escola, eu sempre vi Eunji tratar mal os alunos novos.- Kyungsoo respondeu.- Ela sempre foi assim, sabe? Sempre sorriu do mesmo jeito debochado de sempre, sempre fez as mesmas perguntas maldosas de sempre. Mas nunca fez isso por mais de uma semana.- ele disse.- Então, isso me faz pensar que ela realmente não gosta de você.- Kyungsoo disse e percebeu o quão aquilo era maldoso da parte de Eunji.

- Ela tratou você mal?- So Young perguntou depois de alguns segundos, Kyungsoo olhou para ela e pensou.

‘Não... Eunji não me tratou mal.’ ele pensou enquanto olhava para So Young. ‘Ela nunca me tratou mal.’

- Você me fez pensar sobre isso.- Kyungsoo disse.- Na verdade, Eunji nunca me tratou mal, ela foi a primeira pessoa a qual falou comigo em meu primeiro dia de aula. Mas não, ela não me tratou mal.- So Young começou a sorrir de um jeito diferente.

- Você tem alguma noção do que isso pode significar?- ela perguntou ainda sorrindo, Kyungsoo tinha medo do possível significado daquilo.- Eunji gosta de você!- ela disse alto, Kyungsoo arregalou os olhos e cobriu a boca de So Young com sua mão.

- O que você está fazendo?- Kyungsoo perguntou, ele sentiu uma coisa estranha, ele percebeu que estava sorrindo, não, ele não estava sorrindo, ele estava rindo. So Young estava tentando se livrar da mão de Kyungsoo, mas estava rindo demais, ele tirou a mão que cobria sua boca enquanto continuava rindo.

- Você deveria sorrir mais.- ela disse entre seus sorrisos.- Eu estou falando sério!- ela disse e deu um soquinho no ombro de Kyungsoo, o qual continuava rindo. Kyungsoo se sentia diferente, ele se sentia bem, ele se sentia bem ao lado de uma pessoa que antes não passava de uma estranha, uma estranha que havia se mudado para a casa da frente, uma estranha que estava fazendo Kyungsoo se sentir vivo novamente, uma estranha que já não era mais uma estranha. O ônibus chegou e os dois entraram, eles se sentaram lado-a-lado, Kyungsoo pegou seu celular em seu bolso e pôs os fones de ouvido, ele tirou um lado e o olhou por alguns segundos, ele estendeu o lado do fone para So Young.

- Você quer ouvir música?- ele perguntou, ela pegou o lado do fone e sorriu, Kyungsoo sorriu de volta e os dois escutaram música juntos durante o percurso. Ao descerem do ônibus, já sem os fones, So Young apontou para o céu, apontou para a lua.

- Veja.- ela disse ainda apontando para o céu.- A lua está mais brilhante hoje.- Kyungsoo olhou para a lua, So Young estava certa, a lua parecia brilhar de um jeito diferente e as nuvens não a estavam cobrindo.

- Você gosta de olhar para as estrelas?- Kyungsoo perguntou, So Young olhou para ele e sorriu.

- Sim, eu gosto.- ela disse.- Mas, infelizmente, eu quase nunca olho para o céu.- seu sorriso se desmanchou aos poucos.- Mas... Um dia, eu olharei para o céu durante a noite inteira até o sol nascer!- ela exclamou, Kyungsoo achava aquela garota extremamente fofa.

(...)

So Young estava voltando para casa acompanhada de Kyungsoo, ela se sentia tão bem, ela sentia a felicidade irradiando de seu corpo, ela estava sorrindo tanto, e ela havia feito Kyungsoo sorrir, aquilo fez seu coração se aquecer, apesar de machucado fisicamente e espiritualmente, ele ainda continha uma quantidade de felicidade guardada dentro de si, e So Young estava trazendo aquela felicidade à tona. Ao chegar em sua casa, So Young se despediu de Kyungsoo.

- Até amanhã Kyungsoo!- ela disse e acenou alegremente para Kyungsoo, o mesmo retribuiu o aceno e o sorriso.

- Até amanhã So Young!- Kyungsoo disse e andou até sua casa, dessa vez ele não parou e olhou assustado para sua própria casa, ele simplesmente entrou e So Young se sentiu muito bem, ela entrou em sua casa e foi até seu quarto para trocar de roupa, ela foi até o banheiro e limpou o ferimento em seu joelho e pôs um band-aid. Depois de descer, ela preparou o jantar e quando estava terminando, ela ouviu o som do carro de seu pai, ela não sentiu medo, ela estava feliz demais para sentir medo. Seu pai abriu a porta e entrou, sua expressão não era nenhum pouco agradável, mas So Young não ligou.

- Olá papai!- So Young disse animada, a expressão no rosto de seu pai apenas piorou.- Eu já preparei sua...- a fala de So Young fora interrompida pelo tapa que seu pai deu em seu rosto, o tapa fora muito forte, tão forte que So Young caiu no chão e pôs a mão em seu rosto.

- Você é incrivelmente irritante!- ele disse.- Qual parte do ‘apenas faça a janta e não me incomode’ você não entendeu?!- seu pai perguntou, So Young se levantou rapidamente.

- Por que você faz isso papai?- So Young perguntou com a voz falha.- Por que você faz essas coisas? Por favor me diga!- So Young sentiu seus olhos se encherem de lágrimas.- Por que você não me ama?- seu pai segurou seu braço fortemente e o apertou, So Young suprimiu um grito.

- Se você gritar, eu quebrarei o seu braço.- seu pai ameaçou, So Young tentou conter seus gritos assim como tentava conter suas lágrimas, seu pai apertou mais ainda seu braço, a dor era tão grande que por um momento ela pensou que fosse desmaiar, mas, infelizmente, ela continuou ali, sentindo aquela dor insuportável.

- Por favor papai.- ela disse choramingando.- Você está me machucando.- as lágrimas começaram a rolar em seu rosto.- Pare por favor.- ela implorou, suas pernas estavam começando a tremer, ela não estava conseguindo ficar em pé.

- Nunca mais fale comigo.- seu pai disse ainda apertando seu braço.- A não ser que eu fale com você.- ele apertou mais um pouco.- Você me entendeu?- ele perguntou, So Young não conseguiu dizer absolutamente nada, sua língua estava travada pelo choro e pela dor.- Você me entendeu?!- seu pai gritou e a balançou pelo braço.

- Sim!- ela disse entre seus soluços.- Sim, eu entendi!- seu pai soltou o seu braço e a empurrou.

- Vá embora!- ele disse e a garota obedeceu, ela segurava o próprio braço enquanto subia as escadas e soluçava, estava doendo muito. Dentro de seu quarto, ela viu o estrago feito em seu braço, havia uma marca vermelha no exato formato da mão de seu pai ao redor de seu braço, seu rosto também doía, mas não tanto. Ela olhou para ao próprio reflexo no espelho ao lado de sua cama e viu uma pequena marca vermelha ao lado de seu olho direito.

‘Ótimo.’ ela pensou e prestou atenção em todo o seu rosto, seus olhos estavam inchados e seus lábios estavam trêmulos, seu nariz estava vermelho e as lágrimas ainda insistiam em cair, ela as enxugou e pensou em como ela não deveria chorar. ‘Eu não devo chorar, eu tenho que ser forte.’ ela pensou, mas a dor que ela estava sentindo não permitiu que seu choro parasse. ‘Está doendo muito!’ ela pensou. ‘Está doendo demais!’ ela se deitou na cama e se engasgou com suas próprias lágrimas, ela tossiu e se virou em sua cama. ‘Você deve aguentar.’ ela pensou antes de adormecer. Tudo pareceu apenas um pesadelo para ela, mas apenas pareceu.

De manhã, So Young acordou assustada, ela se sentou e olhou para todos os lados em seu quarto, ela levou uma mão até seu rosto e sentiu uma dor ao tocar em um local ao lado de seu olho direito, ela se lembrou de todos os acontecimentos do dia anterior e se sentiu mal, ela se levantou e entrou no banheiro. Uma mancha roxa havia se formado ao lado de seu olho direito, pequena, porém visível, ela olhou para o próprio braço e viu as cores roxo e verde se misturando em seu hematoma, ele era incrivelmente grande e feio, So Young sentiu vontade de cobri-lo. Ela tomou um banho e voltou a se olhar no espelho. ‘Meu corretivo!’ ela pensou e pegou uma pequena bisnaga de corretivo para olheiras em sua gaveta, ela enxugou o rosto cuidadosamente e aplicou um pouco na mancha roxa ao lado de seu olho, ela espalhou o corretivo e parou para ver o resultado, uma pequena parte ainda era visível. ‘Isso é melhor do que nada. A marca em meu braço pode ser explicada de outro jeito.’ ela pensou e saiu do banheiro. Ela se vestiu e saiu de seu quarto, ela olhou pelas escadas para ver se seu pai já havia saído, ela esperou e depois desceu, ela não sentia fome então apenas saiu de casa e andou até o ponto de ônibus e esperou por Kyungsoo.

(...)

Kyungsoo se sentia bem, seu padrasto não estava em casa quando ele chegou no dia anterior, ele também não estava casa quando ele saiu de manhã, Kyungsoo não sabia se ele havia ido para casa, mas ele não se importava. Ele saiu de casa, ao chegar perto do ponto de ônibus, Kyungsoo viu So Young sentada no banco, ela olhava para baixo e segurava o próprio braço, ela levantou a cabeça e sorriu fraco para Kyungsoo.

- Olá!- ela disse.- Como você está?- ela perguntou, Kyungsoo não sabia se ela era a pessoa que deveria estar fazendo aquela pergunta naquele exato momento.- Seu rosto está melhor?- ela perguntou.

- Ainda dói um pouco.- Kyungsoo respondeu e permaneceu em pé ao lado da garota.- E você?- ele perguntou.- Você não parece bem.- ele estava certo, o rosto de So Young estava um tanto inchado e ela parecia sentir dor em algum lugar de seu corpo.

- Como assim eu não pareço bem?- ela perguntou.- Eu estou ótima!- Kyungsoo olhou para o joelho machucado da garota, havia um pequeno band-aid cobrindo o ferimento agora, ele se sentou ao lado de So Young e olhou para o braço que ela escondia.

- O que é isso no seu braço?- ele perguntou e apontou para o braço de So Young, ela tentou esconder mais ainda o próprio braço.

- Ahn... Não é nada.- ela disse.- Eu só... Me bati em algum lugar.- ela olhou para o próprio braço.- Está tudo bem.- ela disse.

- Deixe-me ver.- Kyungsoo disse, ele pegou no braço de So Young e a mesma o puxou.- Por favor, eu só quero ver como seu braço está.- Kyungsoo disse, So Young soltou o braço aos poucos. Ao ver o braço de So Young, Kyungsoo não sabia se ela estava falando a verdade quando disse que havia se batido em algum lugar, havia uma grande mancha roxa perto de seu pulso, enquanto ele analisava por mais alguns segundos ele via a marca de uma mão, uma mão grande. Ele deixou a garota voltar a segurar o próprio braço, ela suspirou. Kyungsoo não sabia o que dizer, ele não era bom em animar as pessoas, ele nunca era animado, mas ver So Young naquele estado fez Kyungsoo se sentir mal, ela estava triste e demonstrava aquilo pela primeira vez na frente de Kyungsoo. O silêncio de So Young era a pior coisa que ele já havia escutado, ele queria que ela estivesse falando, ele queria que ela estivesse sorrindo mas ela, infelizmente, não era capaz de fazer aquilo naquele momento.

‘Eu farei você sorrir So Young, apenas me deixe aprender a fazer isso.’ ele pensou enquanto o ônibus chegava. Ele deixou So Young sentar ao lado da janela dessa vez, ele olhava constantemente para o braço da garota. ‘Eu entendo você So Young.’ ele pensou. ‘Agora eu sei o que você sentiu com relação ao meu rosto machucado.’ ele olhou para So Young, ela estava séria e parecia distante, parecia distante de Kyungsoo, parecia distante de tudo e de todos. Kyungsoo não poderia apenas aceitar aquilo, ele se recusava, ele traria So Young de volta e ela não ficaria mais triste.

‘Isso é uma promessa.’ ele pensou.

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