Por que?

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Olhei para cada canto do hospital. As crianças andavam com os seus sorrisos. Com balões nas mãos e as vezes com brinquedos.

Nashira estava quieta ao meu lado. Então fomos para a área verde, que ela insistia em chamar de "Paraíso" .

- Al... - Sorriu. - Jhon, este aqui é o Feijão.

Feijão? Que apelido mais... como devo dizer? Estranho.

- Oi Feijão.

O garoto sorriu. Estendeu a mão e sorriu novamente. Depois desapareceu do meu campo de visão. Fitei Nashira, uma camiseta preta, jeans rasgados na base das coxas e tênis. Seus cabelos castanhos com pontas azuis voando em seus ombros e o sorriso no rosto.

Andamos um pouco e começamos a encontrar histórias para a matéria, tiramos fotografias. E depois de cinco horas no hospital, ela me convidou para ir em sei lá onde. Aceitei, apenas, pela insistência dela.

Paramos em frente ao "bisgordin", ela explicou que era chamado assim porquê o nome do dono era chamado de Bis, e o por ele ser gordo. Gargalhou como sempre.

Sentamos em uma mesa qualquer e fomos atendidos rapidamente. Olhei pelo vidro do local e imaginei Jolie. Suspirei e abaixei o olhar.

- Vamos lá, Alfred. Nem é tão ruim assim... - Ela tetou meu braço.  

- Não estou assim por causa do lugar.

- E então?

Foquei no homem gordo - nenhum preconceito. - no caixa. Ele era aparentemente bonito. Mas agia de forma engraçada. Nashira ainda estava lá esperando uma resposta e então eu só balancei a cabeça negativamente.

Depois de comer e ouvir bobagens dela. " Ah, eu odeio os ventos gélidos do norte. Nos fazem extremesserem. ", " eu sempre quis ser garçonete até descobrir que eu não poderia comer nada que eu servia. "

Eu só mexia discretamente na minha comida. E então achei melhor voltar para casa. Ela insistia para que eu fosse até o outro lado da cidade com ela. Apenas para dar uma volta. Ela precisa se tratar, e rápido.

Eu não fui, é claro que não fui. Não queria por minha vida em risco, nem me contaminar com a loucura dela.

Assim que cheguei em casa me joguei na cama e me lembrei mais uma vez de Jolie. Era tão difícil não pensar nela. Todos os dias, mesmo cinco anos depois, eu ainda pensava nela. Peguei o notebook e comecei a editar algumas partes da matéria. Ouvi a campainha tocar.
 
- Oi, Jhon.

Eric estava lá parado. Talvez estivesse esperando eu pedir para ele entrar, mas eu não faria isso. Ele é meu melhor amigo. Já é de casa. Só estava fazendo charminho por causa dos sermões da namorada em relação a nós.

Então me sentei no sofá e fui seguido. Ele olhava para mim,uma cara que eu conheço muito bem.

- O que está fazendo aqui? - perguntei sem cerimônias.

- Oras, vim te visitar.

- Eric, faça o favor de não tentar mentir para mim. Eu te conheço bem.

- Okay... - Mordeu o lábio inferior. - Quem é ela?

Franzi a testa. Do que ele está falando?

- A garota dos cabelos de pontas azuis.

- Está me vigiando agora?

Ele fez uma cara de ofendido. Ele era o rei do drama.

- Eu ? Te vigiando? Onde já se viu! Não se pode ao menos fazer uma visita de manhã e perceber que você estava saindo com outra garota? Não me responda. Você não confia mais em mim, é isso?

- Eric, por favor, não encha meu saco. Sabe muito bem que confio em você de olhos fechados. Somos MELHORES amigos. - arqueei a sobrancelha. - Mas,você não pode ficar me vigiando.

Ele sorriu. Bagunçou os cabelos loiros e então me fitou.

- Quem disse que eu estava te vigiando? - Gargalhou. - Está tudo bem. Eu realmente estava te vigiando. Eu fiquei tão feliz em saber que...

Logo o interrompi, eu sabia o que ele iria falar. Ele já estava confundindo as coisas.

- Eu não estou saindo com ela. É só trabalho.  

Sua cara de decepção foi visível. Ele era a pessoa que mais torcia para que eu encontrasse alguém. Mas, eu nunca consegui.

- Ela é linda, Jhon.

- Eu sei.

- Não pode fechar os olhos para mais uma. Ela deve ser incrível.

Afundei a cabeça em minhas mãos que passaram por toda extensão de meus cabelos.

- Eu não consigo. Não adianta. Eu só amei e sempre amarei, Jolie.

Eric levantou e começou a andar de um lado para o outro.

- Você não pode deixar essa garota escapar. Ela é a sua chance. Por que você insiste em se fechar para novas pessoas?

- Eu só não quero ser magoado de novo.

Ele olhou em minha direção. Ele entendia a minha dor, Eric é um colecionador de decepções, mas ele estava lá. Sempre de pé.

- Você não pode deixar de viver porque um amor não deu certo. Do que adianta você existir, se pode não viver?

Ele tinha tantas perguntas. E eu não tinha nenhuma resposta. Na verdade, eu tinha. Mas, prefiria fechar os olhos e fingir que aquilo não me afetava. E de alguma forma aquilo parecia funcionar.

E então ele me abraçou, e foi embora. Ele queria me ajudar, mas não funcionou.

Afundei minha cabeça entre os travesseiros e tentei dormir. Tudo o que Eric me disse não saia da minha cabeça. Ele tinha razão, mas eu não conseguia. Eu sou um fraco! Um fraco!

Como (Não) Se Apaixonar Por Essa Garota?Onde histórias criam vida. Descubra agora