1

43K 1.4K 648
                                    

Primeiro dia de aula, na cidade nova. Eh!

Eu não conseguia perdoar a minha mãe e nossa relação ruim, por me fazer largar toda a minha vida em Doncaster e me mudar para outra cidade. Nós não fomos inimigas desde sempre. Bastou meu pai morrer e ela tornar minha vida um inferno.

O pouco dinheiro que meu pai deixou para mim, me permitiu alugar um apartamento horrível, em um prédio ainda pior. Eu precisava arrumar um trabalho de meio período e me mudar para um lugar que pelo menos não tivesse uma janela emperrada. Talvez eu me mudasse para o prédio do outro lado da minha janela, já que a do vizinho ficava fechada. Eu não fazia ideia se alguém morava ali.

Tomei um banho rápido e sai do pequeno banheiro enrolada na toalha. Parei diante do espelho e encarei a minha imagem. Eu não era mais do que uma garota normal. Minha pele era branca, quase amarelada, já que eu não gostava de pegar sol. O cabelo longo e escuro, brilhavam tanto quanto meus olhos azuis. Eu me sentia linda, até ver alguém ainda mais bonita e minha autoestima despencar.

Sem tirar a toalha, eu coloquei minha calcinha preta. Depois a abri e deixei cair nos meus pés e envolvi meus seios com a mão. Olhei em volta, procurando um sutiã da mesma cor. Voltei a encarar o espelho e a única coisa que eu consegui reparar, era que a janela no meu vizinho estava aberta e um garoto sorridente estava apoiado nela.

Espera aí...

Ele está me vendo seminua!

Virei bruscamente em direção a janela e o garoto apenas se ajeitou. Sem parar de me encarar. Arregalei os olhos diante da falta de respeito dele e peguei a toalha do chão, envolvendo meu corpo novamente.

Andei até a janela furiosamente, mas a minha cara de brava não devia amedrontá-lo, já que o safado não parava de sorrir.

— SEU TARADO. — gritei. — SERÁ QUE DA PARA NÃO ME OLHAR?

— Sabe gatinha, quase impossível. Primeiro que a sua janela está escancarada. E segundo, você tem um corpo maravilhoso. Parabéns.

— IMBECIL! — gritei mais uma vez e ele soltou uma gargalhada escandalosa. — Posso saber qual a graça?

— Você fica ainda mais linda com raiva.

— ARG!

Sai da janela e entrei no banheiro novamente. Eu tinha que chegar mais cedo na escola e tinha que lidar com alguém me espiando pela janela.

Depois de uns minutos, deixo o pequeno compartimento e espreito a janela. Ele não estava mais lá.

Graças a Deus.

Rapidamente agarrei todas as peças de roupa que estava em cima da cama e o sutiã perdido no chão. Volto para o banheiro e visto a calça jeans depois da blusa branca. Passei apenas um rímel e belisquei as bochechas para deixar rosadas.

— MAS JÁ ESTÁ VESTIDA?

Estava arrumando as coisas na mochila, quando escutei aquela voz. Olhei novamente para a janela e lá estava ele de novo, mas agora estava com o cabelo molhado. Uns fios caiam pela sua testa, o que o tornava ainda mais lindo.

Opa, opa. Que isso Riley? O cara é um tarado, e você fica dizendo essas coisas?

Não respondi. Apenas o fuzilei com o olhar.

Tive uma ideia.

Voltei correndo para o banheiro, peguei a toalha e na minha mochila um rolo de fita adesiva. Fui até a janela e ele ainda estava ali. Colei uma ponta da toalha na parede e o olhei. E era claro que ele sorria. Lhe soprei um beijo sarcástico e colei a outra ponta.

— MALVADA! — o escuto gritar e sorri.

Ajeitei o cabelo da melhor maneira que pude e enfiei um gorro branco. Calcei o tênis e vesti a jaqueta, saindo do apartamento em seguida.

Depois de descer cinco lances de escada, pois o elevador não funcionava, eu precisava andar mais uns dez minutos até a escola. Assim que cheguei, passei na secretaria e recebi a chave do armário juntamente de um quadro de horários.

Com o papel em mãos, fui até o armário, e coloquei as coisas dentro, deixando em mãos, apenas o caderno e canetas. Fui para a sala indicada no papel e logo menos a aula começou. Eu estava de cabeça baixa, anotando algo, quando o professor fala:

— Atrasado no primeiro dia, Floyd?

Permaneci de cabeça baixa, até o atrasado resolver se justificar.

— Foi mal. Tive um problema na minha janela.

Levantei a cabeça ao ouvir aquilo e o vi vir na minha direção, estampando o mesmo sorriso que carregava enquanto me observava quase pelada.

— Não acredito nisso. — murmuro.

Ele se sentou do meu lado e deu uma risadinha.

— Olá, gatinha.

— Cala a boca. — disse, entre dentes.

— Aí cara. — ele cutuca um garoto ao seu lado. — Tive uma manhã engraçada. Vi uma linda menina seminua pela minha janela.

— CALADO!

Gritei e em seguida tapei a boca com a mão, recebendo olhares curiosos dos meus colegas e um de reprovação do professor Hans.

— Senhorita Morris, podemos saber o motivo do grito?

— Eu... eu... — olhei para o garoto e ele meio que implorava para que eu não falasse nada. — Estava em uma briga com a minha mente e acabei falando alto demais.

— Que não se repita.

Assenti envergonhada e olhei para o lado. Floyd sussurrou um obrigado e eu voltei a anotar o que o professor escrevia no quadro.

Durante o restante da aula, Floyd ficou quieto graças ao cochilo que tirava em sua mesa.

— E para daqui a três dias, eu quero um relatório...

— AAAAAAH. — a turma gritou em uníssono, fazendo com que o garoto ao meu lado, acordasse assustado.

Bando de preguiçosos.

— Nada de lamentos. Serão duplas. Vocês terão que conversar e escrever o que achou do parceiro.

— Posso fazer com minha melhor amiga?

— Não, Eleanor. — o professor falou e a menina de cabelos ondulados amuou. — Serão duplas mistas.

Ele foi falando os nomes e eu fiquei esperando.

— Riley e Dylan.

Olhei em volta e percebi o olhar do Floyd em mim. Ele tinha um leve sorriso nos lábios.

— Quem é Dylan? — perguntei a menina do outro lado.

— Eu, gatinha.

Girei o pescoço até meu olhar parar em Floyd e seu sorriso aumentou.

— Ah, não brinca! — reclamei e escondi o rosto entre as mãos. — Que falta de sorte.

— Já eu tenho muita sorte.

Dylan murmurou, deu um beijo no meu rosto e em seguida saiu da sala.

Belo primeiro dia de aula.

A new reason to smileOnde histórias criam vida. Descubra agora