Capítulo IV - Pensar para Existir.

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A tão notória noite de sexta-feira.

Penso, logo existo.

O vento úmido da primavera açoitava violentamente os cabelos tão ruivos de Lily Evans, fazendo com que, assim que ela adentrara o bar e fechara a porta atrás de si, eles caíssem de uma só vez sobre seu rosto, tampando-o com uma cortina escarlate.

Removeu-os cuidadosamente, ajeitando a blusa que usava, que havia se levantado, deixando a mostra sua barriga – barriga extremamente branca, corrigiu mentalmente.

Não acreditava o quanto seu dia tinha ido de mal a pior. Embora não esperasse ao acordar que fosse ser um dos bons dias, certamente esperava algo melhor.

Sentou-se na alta banqueta de um balcão até mesmo solitário, estranhando o quanto o bar estava vazio para uma sexta-feira. Deu de ombros, pensando um "melhor assim", pedindo para Rosmerta, a dona do bar, uma grande dose de whisky, pois sabia que a simples cerveja amanteigada não aliviaria nem os músculos de seus ombros.

A alguns metros dali, James Potter bebericava sua dose olhando para o teto, notando as imperfeições e numerando-as. Quer dizer, fazia isso até ser desperto pela voz que não esperava ouvir. E, se fosse uma peça de seu cérebro lhe fazer imaginar tal coisa, seria uma peça dupla: olhou para o balcão e ali estavam os inconfundíveis longos cabelos ruivos.

Cogitou a ideia de levantar-se e ir até lá, rejeitando-a em seguida: ainda faltava tanto teto para contabilizar... "Vamos lá, imbecil", sua própria consciência ralhou, "Se Lily Evans está aqui, em um bar, alguma coisa deve ter acontecido, não acha?".

Forçando a palma das mãos na mesa de madeira, que rangeu ao seu peso, passou as mãos descuidadamente pelos cabelos já naturalmente bagunçados e alcançou a banqueta ao lado da ocupada por Evans, jogando-se novamente nela.

-E eu achando que minha sexta seria um tédio – ele comentou, sorrindo – Olá lírio – ele sorriu para a garota, recebendo um revirar de olhos como resposta.

-Olá Potter. É Evans. – ela resmungou.

-O que houve para dar o ar de sua graça nesse bar?

-Bem, vamos ver, Potter. Eu acho que realmente não te interessa, não é mesmo? – ela nem ao menos levantou os olhos do copo.

-Não posso contestar isso – ele deu de ombros e apenas continuou ali, calado.

Lily estranhou: Potter não era de ficar simplesmente ali. Era sempre um Potter falante, um Potter irritante, implicante e chamando-a para sair. Mais ainda um com álcool no sangue: não ficavam ainda mais conversadores?

Mas pelo visto, Potter não. Ele parecia ser completamente o oposto.

Não suportando simplesmente ele sentado ali a seu lado, olhando daquele modo para o teto, simplesmente suspirou "Bem, só um pouco, certo? Não faz mal nenhum. Além disso... Meu dia já está mesmo horrível, não pode ficar pior".

-E onde estão os fiéis escudeiros? – ela soltou de uma vez.

Olhou para ele, aguardando uma resposta – que não veio. O teto devia estar realmente interessante, pois ele nem ao menos piscava. Foi necessário que a ruiva o cutucasse para que sintonizasse novamente.

-Desculpa? – ele olhou confuso;

-Onde estão os fieis escudeiros? – ela sorriu.

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