Prólogo

155 16 1
                                    

Passava das dez da manhã quando ela finalmente decidiu sair da cama. Tinha tido uma noite horrível, banhada a insônia depois do desastre do último show da banda... A voz irritante de Pedro ainda zumbia em seu ouvido e ela queria mais era fingir que nada daquilo tinha acontecido.

Passou pela rabugenta Pearl que já miava por comida. Sempre lhe disseram que os animais de estimação puxam algumas manias dos donos e com Pearl ela teve sua prova. A gata persa possuía o mesmo humor ácido da dona, reclamava de tudo o que era feito contra as suas vontades. Era costumeiro muitas vezes ela perder seu travesseiro para a felina... E ai se reclamar! Umas boas unhadas no rosto eram o mínimo de um confronto com a gata. Unhadas essas que lhe causavam horas de longas explicações para a imprensa que não estava metida em nenhum relacionamento maluco e cheio de fetiches.

- Prontinho garota.

Deixou a tigela de leite e passou a fazer o seu próprio café. Não vinha comendo bem, mas isso já não era novidade... Ter uma alimentação saudável em tour era algo bem difícil. E com os problemas que andavam enfrentando, só piorava. Não confessaria para ninguém, morreria antes de deixar o seu orgulho de lado, mas sentia muita falta quando tudo corria bem. Sentia falta do passado. Realmente a fama subia a cabeça e no auge do sucesso, passavam a sentir esse gosto amargo.

Terminava de rechear sua panqueca de queijo quando o celular tocou. Contrariada, já imaginando ser Pedro com mais uma chuva de reclamações, decidiu não atender ainda focada no seu próprio prato. Pedro desistiria na segunda tentativa e certamente ligaria para Guille o mandando repassar as palavras doces. Revirou os olhos com o pensamento, adorava Guille... Não conseguia ser grossa com o seu produtor preferido. Mas muitas vezes se irritava como ele era maleável nas mãos de Damián. Tanto talento desperdiçado! Se um dia conseguisse sua carreira solo, certamente era Guillermo quem cuidaria de tudo.

Uma mordida na panqueca, a primeira ligação encerrada. Saboreou o gosto do queijo pensando que talvez devesse fazer uma de chocolate depois. Segunda ligação. Talvez se colocasse morangos... Terceira. Doce de leite também era uma boa. Quarta. Quem sabe se Marichelo fosse até lá mais tarde... Quinta! Franziu o cenho com a insistência.

Se esticou na cadeira da cozinha moderna alcançando o aparelho. O nome de Guillermo pintou na tela a fazendo suspirar.

- Sim? - atendeu de boca cheia.

- Você está doente? - o outro questionou do outro lado da linha.

- Comendo, tentando pelo menos. - engoliu - Como está?

- Péssimo. Essa última reportagem acabou coma gente! É o nosso fim, sabe disso... Não sabe? Bem que eu disse que essa história da maquiadora ia dar ruim, wera! Mas você me escuta? Lógico que não! Agora a merda esta toda jogada no ventilador! Só essa merda não... Todas as merdas! Eu ainda nem tive coragem de colocar a cara na rua... Pedro vai me matar! Vai matar qualquer um que...

- Guille! Para! - reclamou - Do que você esta falando cara? Não tô entendo nada! Você sabe que ainda são dez da manhã?

- Você não sabe? - soou surpreso.

- Que você não consegue calar a boca? Sim, eu sei. - outra mordida.

Céus... Certamente faria uma de chocolate depois.

- Anahí, liga a sua televisão AGORA! - gritou a fazendo afastar o telefone da orelha.

- Você transou hoje? Que humor do cão... - resmungou ainda sentada.

- Não é brincadeira, Anahí. - suspirou - Você realmente precisa ligar a sua televisão agora.

Intenso - Um Amor de CowboyOnde histórias criam vida. Descubra agora