Capítulo 2.1

77 14 0
                                    

Guillermo tampou os ouvidos nos primeiros cinco minutos de viagem. Anahí estava insuportável, completamente fora de si. Ele gostaria de ter tido a oportunidade de dizer poucas e boas para Pedro por ter sido o encarregado de acompanhar a loira até a fazenda. Não que não gostasse dela, longe disso... Guille adorava Anny, até demais. Mas sabia que naquela história não ia sair nada de bom e ele preferia mil vezes estar bem longe do olho do furacão.

Por isso estava decidido: A deixaria lá e voltaria no mesmo momento. Cancún também não lhe parecia nada de ruim para umas férias merecidas.

A loira, por sua vez, não estava aguentando ficar quieta. Logo de manhã, conseguiu um lugar para Pearl ficar por aquele tempo porém, doeu seu coração deixar sua unica companheira para trás. Tudo aquilo lhe soava tão errado, tão maldoso... Nem nos seus piores pesadelos tinha sequer imaginado que Pedro aprontaria uma daquelas. 

Maldito traidor.

A viagem até a fazenda Alazão era de mais de duas horas, o que lhe dava muito tempo para reclamar e tentar convencer Guillermo de a ajudar em uma fuga secreta. O problema era que o loiro não estava muito disposto a arriscar sua própria cabeça por ela e que, ela realmente precisava de uma jogada de marketing ótima para melhorar sua imagem. Aquela seria a oportunidade perfeita. 

- Quem sabe você aprenda até a tirar leite, wera. 

Ela limitou-se a revirar os olhos para ele, cansada de todo mundo tentar enfiar uma ideia boa de tudo aquilo por debaixo de sua garganta. Não era boba, sabia bem que a imprensa estava caindo matando em cima dela e que alguns fãs começariam a torcer o nariz para a sua presença. Sabia também que aquela situação pedia uma ação desesperada, como a história da fazenda, mas mesmo assim... Era orgulhosa demais para concordar e ainda agradecer pelo o que estavam fazendo.

Sua mente divagou para o começo da sua carreira, quando era só uma pré-adolescente bobinha que deixava os outros a pisarem como queriam. Grande diferença para os dias de hoje! Agora era ela quem pisava. Ninguém mais brincava com ela, era uma estrela, simples assim. 

Pensou também nos outros da banda e como também estava sendo difícil para eles. Maite sendo mãe no meio daquele sucesso todo; Dulce com o coração partido e até Aron, por mais idiota que fosse, tendo que lidar com um problema tão sério como drogas. Se sentiu aliviada por não estar na pele de nenhum deles, a barra seria bem mais difícil. Secretamente, também, desejou que logo todos estivessem bem com seus próprios fantasmas... A vida nos holofotes, as vezes, era bem dura.

Não percebeu quando caiu no sono, coisa que Guille agradeceu aos céus, passando o resto da viagem apagada. Logo a paisagem deixava de ser grandes torres comerciais e dava espaço para grande terrenos de plantações e de criações de gado. Um lugar muito bonito, onde a natureza reinava. O loiro observava tudo pela janela, encantado. Realmente gostaria que amiga tirasse algo bom daqueles dias, aquele lugar valia ouro.

O motorista embicou na entrada da enorme fazenda com o brasão "A" . Os funcionários, que passavam pela estrada que levava a casa grande, olhavam curiosos para o carro luxuoso tão incomum por aquelas áreas. A menina Felicia, logo deixou de lado seus afazeres e correu curiosa para onde o carro parava, balançando as chuquinhas tortas... Algo lhe dizia que grandes aventuras estavam chegando.

O motorista buzinou, parando na frente da enorme casa branca, fazendo Anahí pular no lugar com o som. A cabeça da loira foi direto contra o vidro, fazendo um barulho engraçado e Guille não evitou uma gargalhada ao ver a cara de dor dela.

- Bela forma de chegar. - brincou.

- Vai para o inferno Guillermo. - rugiu enquanto olhava pela janela - A casa é grande pra uma fazenda.

- Dizem que os donos são os mais ricos da região. - ele observou.

- Sabe quem são?

- Não consegui muita informação. - deu de ombros - Só que o dono é muito amigo do Pedro e que a família ganha dinheiro com criação de cavalos e também competições.

- Competições? - franziu a testa.

- Corridas de cavalos e também rodeios.

Não lhe agradava a ideia de animais sendo expostos a situações assim. Anahí podia ser fria, mas quando se tratava de animas... A coisa mudava de figura. Não era só com Pearl que nutria carinho, qualquer bicho lhe tocava o coração. Por isso foi inevitável a má impressão por aquela família, logo de início. Quis dizer alguma coisa rude, porém, algo lhe chamou a atenção do lado de fora da janela a forçando calar a boca.

O primeiro a sair foi um senhor de meia idade, meio gordinho, mas com um sorriso enorme no rosto. Usava jeans e uma camiseta xadrez, e Anahí podia jurar que ele mascava um pedaço de cana na boca. Logo atrás, uma senhora muito simpática caminhava o tocando pelo ombro. O cabelo castanho caia até a altura dos ombros, era magra e ostentava um vestido muito bonito da cor rosa. Os dois pararam do lado de uma garotinha com chuquinhas no cabelo e um sorriso travesso nos lábios. Não tinha mais do que sete anos, e o cabelo muito preto fazia um contraste bonito com os olhos verdes e brilhosos.

- Me sinto em um filme do velho oeste. - resmungou.

- Seja simpática, pelo amor de Deus. - o loiro suspirou abrindo a sua porta - E vamos logo com isso. 

Ele foi o primeiro a descer, acenando para a família que retribuiu o gesto, mas sabiam que não era ele o motivo da visita. Anahí abriu a porta pedindo aos céus que lhe tirassem dali, a bota com um salto assassino tocou a terra e ela soltou um gemido ajustando os óculos escuros no rosto. Foi caminhando como pôde até os três, com Guille bem atrás, tentando não se desequilibrar no chão cheio de pedrinhas e obstáculos. Felicia não evitou em arregalar os olhos para o sapato da loira, ela só podia ser louca. 

- Você não cai nisso ai não?

A voz infantil soou inocente quando os dois já estavam bem perto. Anahí olhou para menininha, tentando ter alguma resposta boa para a audácia, porém não conseguiu. O jeito inocente lhe balançou o coração, portanto, não conseguiu ver maldade nenhuma e até soltou um riso fraco.

- Acho que não fiz uma boa escolha mesmo. - se abaixou um pouco, ficando na altura da outra - Meu nome é Anahí e o seu?

- Felicia. - respondeu com um sorriso enorme - Gosto muito da sua banda.

- Sério? - a menina assentiu - Então um dia desses te ensino nossas coreografias, topa?

A menina mal podia se conter, os olhos brilhavam como duas esmeraldas recém polidas. Assentiu freneticamente e Anny sorriu, voltando sua atenção para o casal que ainda sorria amigável para ela.

- Anahí Portilla. - estendeu a mão para o senhor - E este é Guillermo, meu assessor. 

- Rubens Herrera. - ele respondeu, apertando suavemente a mão da moça - E essa é minha esposa Ruth.

- Você é mais bonita pessoalmente do que na televisão, menina. Venha aqui e me dê um abraço. - a senhora passou na frente do marido, puxando a loira para um aperto que lhe assustou um pouco.

Anahí tentou se lembrar a última vez que alguém tinha sido tão espontâneo assim com ela, não conseguiu. As pessoas pareciam sempre estar em um modo automático, a tratando com uma certa frieza a qual ela se acostumou. O abraço de Ruth a pegou desprevenida, mas misteriosamente ela gostou.

Intenso - Um Amor de CowboyOnde histórias criam vida. Descubra agora