JULHO DE 1969

411 12 0
                                    

Eu havia acabado de ir para a cama, minha mente de sete anos de idade explorando minha imaginação, quase virando em sonhos. A lua  era uma linha amarela quente em minha janela, uma expansão de estrelas piscando para mim enquanto caia no sono. Eu podia ouvir a televisão ligada na sala de estar, um lembrete reconfortante de que meus pais ainda estavam acordados e que os monstros debaixo da minha cama não viriam essa noite.

O rangindo familiar da porta da frente foi seguido pelo silenciar dos murmúrios de conversa. Pude ouvir a voz do meu pai sendo interrompida por outra voz masculina que não reconheci. Minha mãe também entrou na conversa e pude ouvir meu pai ficando irritado.

Os minutos se espicharam enquanto o visitando noturno misterioso continuava a conversar com meus pais. Sai de fininho da cama e fui até a porta do quarto, colocando a cabeça para fora para ouvir melhor. Ainda não conseguia distinguir as palavras, mas podia notar que meu pai estava ficando furioso. Começou a gritar e ouvi ele mandar que o visitante saísse da casa ou ligaria para a polícia.

Tudo ficou muito quieto, tão quieto que eu podia ouvir meu coração batendo rápido. Então ouvi minha mãe começar a chorar. Era tão baixinho, tão baixinho, mas me deixou com muito medo. O visitante noturno estava falando algo para meus pais, sua voz bem baixa, minha mãe ainda soluçando.

Depois de alguns minutos, meu pais falou algo que eu não consegui entender. Logo em seguida, ouvi algo bater contra a parede lá de baixo, mas com tanta força que pude escutar os quadros caindo no chão e o vidro se espatifando. Coloquei a mão sobre a boca para não deixar escapar um grito. O que estava acontecendo?

Minha mãe deixou escapar um som de clemência, estava implorando para alguém. Ouve um bater de pés e depois mais um estrondo contra a parede. O intruso estava falando algo para meus pais, da sua voz jorrava autoridade. Me esforcei para entender as palavras, mas para mim parecia só um balbuciar fraco.

Depois de mais alguns minutos agonizantes, ouvi meu pai me chamando lá para baixo. Meu coração era um tambor selvagem em meu peito enquanto mordia o lábio inferior, mãos tremendo. Por que eu tinha que descer? O que estava acontecendo? Meu pai chamou de novo, sua voz tremula.

Vagarosamente, abri a porta do quarto e fui para o topo da escada. Percebi que estava agarrado ao Rugido, meu ursinho de pelúcia. Minhas mãos estavam suadas e pude sentir o pelo suave dele se umedecendo.

Olhei lá para baixo no pé da escada, onde ficava a porta da frente, e congelei, meus olhos arregalados. Meu pai estava com as mãos em volta da própria garganta, fazendo uma leve careta, lágrimas nos olhos; algo que eu nunca vira antes. Minha mãe estava abraçando a si mesma, as bochechas molhadas.

Mas não foi isso que chamou minha atenção. Era o estranho que estava perto dos meus pais, olhando para mim. Ele parecia ter trinta e poucos anos e usava uma camiseta branca que dizia "OI!" em fonte vermelha. Seu cabelo era loiro e bem curto, seus olhos azuis pareciam duas piscinas profundas postas sobre a neve.

O nome dele era Tommy Taffy +18 (SNUFF)Onde histórias criam vida. Descubra agora