kunpimook bhuwakul tem nome e vida complicados

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Yugyeom havia faltado alguns dias na escola. Aquilo certamente preocupou Kunpimook Bhuwakul, um de seus melhores amigos. Mas acontecia que ele era tailandês, e aquele nome era muito complicado; ninguém o diria a cada vez que fossem o chamar. O baixinho era apelidado pelos pais, carinhosamente, de Bambam, em homenagem a um personagem dos Flinstones. Aparentemente, apelidar os filhos era algo muito comum na Tailândia, então não era como se fosse algo questionável.

Bambam tinha uma quedinha pelo seu amigo Yugyeom. A verdade nua e crua, como quando você descasca a noz. Talvez essa quedinha não fosse pequena, e talvez Bambam só quisesse que as coisas continuassem como estavam. Ninguém sabia que o tailandês era apaixonado por ele: nem Yugyeom, nem o resto das pessoas.

E o jovem se definhava um pouco a cada dia, de uma maneira abrasadora em todos os sentidos. Era confortante e quente. Não só o sentimento, mas o Kim. Aliás, por qual dos dois Bhuwakul estava mesmo caidinho? Yugyeom estava sempre sorrindo, e, de tanto ficar observando, Bambam tinha tanta experiência nos sorrisos que podia os nomear. Um a um. Poderia fazer a leitura de aura e de rosto e dizer com certeza como Yugyeom se sentia.

Tem em sua mente guardados, minuciosamente detalhados, dias em que Kim Yugyeom esboçou sorrisos estonteantes.

Algumas vezes, o queridinho - que não era da América, mas se lá vivesse, com certeza seria o mais amado - sorria quando você dizia algo suspeito. Jaebum, na rodinha de amigos, uma vez declarou:

"Eu odeio todos vocês"

E insira aqui uma onomatopeia qualquer. Yugyeom o fez. Seus olhos se tornaram pequeninos e seus dentes não se tocaram. Esse era o tipo de sorriso #1.

Significa que não é o único.

O sorriso dos beiços constituía em uma boca fechada, com lábios perfeitamente carnudos, e isso tudo acontecia quando o garoto simplesmente não podia segurar sua doçura. De modo mais resumido, era o sorriso convencional. O sorriso do tempo comum. Apesar de que Kim não fosse mesmo comum. Para Bambam, era especial e precioso.

Havia, também, o riso, a gargalhada - por sinal, uma das coisas mais suaves (senão a mais suave de todas) que Kunpimook já ouviu -. Ora o mais novo tampava a própria boca, ora a deixava descoberta e livre para que todos admirassem a beleza da fusão de sua língua e seus dentes e lábios - a boca.

Finalmente, havia ainda um último e mais alheio tipo de sorriso, o mais bobo. Quando peças eram lhe pregadas, Yugyeom sofria, era óbvio. Também era um composto de emoções e resultado de ações, como todo o resto das pessoas, mesmo que fosse um composto diferenciado. Mas depois que a angústia passava, o Kim deixava escapar um pouco de ar pela boca aberta, rindo como um idiota. Pensando como ele deixou que aquilo acontecesse com ele, contudo sempre cedendo em todas as vezes mais tarde.

Se Bambam não pagasse de garoto mau, escreveria poemas e músicas sobre Yugyeom, jamais os entregando a ele. E se soubesse, ele jurava: cantaria e faria serenatas na porta de Yugyeom, tirando-lhe toda a paciência possível. Bambam poderia alcançar as mais altas notas, ele poderia ao menos entender de música por Yugyeom. Entretanto, ele só preferia manter as coisas da exata mesma maneira que estavam no momento. Talvez para sempre. Quem sabe assim doeria menos se o mais novo fosse seu segredo?

O tailandês, às vezes, enquanto estava deitado sobre sua cama e olhando para o teto, com a cabeça apoiada nos braços cruzados, fantasiava momentos com o garoto por quem estava apaixonado. E pareciam tão autênticos que Bambam nem se entristecia depois dos sonhos acabarem. Porque ele ficava realmente desapontado consigo mesmo quando sonhava com algo tão bom, mas também tão falso e nada verossímil. Na verdade, achava graça no fato de que jamais se confessaria para o outro. Era engraçado como o ditado de que os brutos também amam era verdade. Bambam não o era, claro, nem mesmo de aparência. Pequeno em estatura e idade, era inapropriado que se comportasse como tal. Mas odiava ter que transcrever seus sentimentos, portanto o fazia como se fosse lição de casa. Desatento e desastrado, num dia tropeçou em Kim Yugyeom e perdeu o resto de sua adolescência para sempre. Um belo dia ele magicamente apareceu. Não que fosse ruim, apesar de tudo. Embora fosse completamente embolado com as palavras, não só porque era tailandês, mas também porque não podia se expressar, o amor que criou pelo amigo o ter prendido foi uma das melhores coisas que lhe aconteceu.

Sua vida não era fácil e ele acabava por não ter consciência disso. Bem, não somente a sua; a de todos nós. Todavia, Bambam tinha vinte anos e era apaixonado como uma criança com metade de sua idade; um assexual assumido; e, além de tudo, um projeto de bilíngue que correu por água abaixo, alguém que não gostava de abrir a boca por ser ignorante da língua local, não obstante alguém que a abria mesmo assim.

Primeiramente, ele não se sentia muito orgulhoso - odiava pertencer à comunidade LGBTQIABCDEFG+. Sair do armário foi uma das piores coisas que já fez, em total contraste com conhecer Yugyeom. Só ele sabe o quanto foi e ainda é difícil explicar sua existência no nome irrelevante e desnecessariamente grande da comunidade de pessoas que só não são... "normais". Principalmente a seus pais, que não queriam entender e não admitiam que seu filho fosse alguém daquele jeito. E por que ele teve que nascer tão complexo? Nem ele mesmo entendia por inteiro a assexualidade. E Bambam precisou pegar as raízes etimológicas da palavra, de um adjetivo que definia a si mesmo, para que sua família começasse a entender como funcionava. Deu uma má impressão de grego, explicando parte por parte o que significava aquele nome, intercalava grego e tailandês, uma combinação extremamente inconveniente, mas conseguiu. De fato, com o tempo deixou de se importar tanto quanto na primeira vez, e não fez todo o processo a cada vez que se abriria para alguém novo, porém perdeu a conta de quantas pessoas não faziam ideia do que era ser assexual. Não que precisasse de uma proporção precisa para que fosse fazer estatísticas e tudo o mais.

Em segundo lugar, Bambam sabia falar umas quatro línguas, mas só era fluente no tailandês, e todos odeiam o idioma tailandês, com o sistema de escrita mais difícil no mundo e com o pouco número de pessoas (especialmente influenciadoras) falantes dele. Bambam não tinha moral.

Por último, já faz tanto tempo que Yugyeom entrou na sua vida que, sinceramente, ele não faz ideia de quando isso começou, quando se iniciou essa obsessão ridícula por um garoto que fazia seu corpo inteiro confuso. Seria uma obsessão irracional, também, se Yugyeom não fosse alguém tão excepcionalmente magnificente (ao menos a seus olhos), e todos os outros adjetivos positivos e palavras grandes e bonitas existentes em todas as línguas que Kunpimook Bhuwakul podia e não podia falar.

diabetes 🐚 jack + yeomWhere stories live. Discover now