[Domingo] Porta - Malas

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Eu estou entediada olhando a tevê velha da casa da minha vó, que nem ligava. Então era a coisa mais sem graça possível minha família toda estava em uma praça ali perto, fiquei sabendo assim que vi o bilhete que deixaram na geladeira. 

E como hoje é um dos dias mais entediantes da semana por não ter nada aberto eu estava justamente, entediada. Minha mãe é dessas que insistem que a família tem que se reunir no domingo e a ideia dela dessa vez foi fazer nós virmos na casa da minha vó onde eu não tinha nem um amigo – exceto, Felipe, mas, o seu primeiro amor, conta como amigo? Acho que não, mas mesmo assim nós nos afastamos e deve fazer dois anos que eu não o vejo nem sei como ele anda, ou com quem ele anda. Do mesmo jeito ele e eu erámos muito próximos até eu me mudar.

Eu nem tinha percebido que o tempo passara, logo minha mãe e toda a minha família apareceu me avaliando e se perguntando por que eu ainda estaria de pijama, eu nem tinha reparado nisso. Minha mãe me olhou como se implorasse para que eu fosse trocar de roupa e foi o que eu fiz, quando ela me fez uma súplica com o olhar, claro.

Coloquei uma calça skinny preta e uma camiseta branca sem me importar se eu estava descabela ou não. Voltei a onde eu estava anteriormente, no sofá.

Depois de tanto fuxicar as coisas da minha vó eu achei uma caixa caindo aos pedaços e dentro dela estava cheio de fotos da família ou de seus amigos, até de mim e de Felipe.

Uma delas aparecia nós dois brincando com bexigas d'água no quintal. Já a que eu mais gostei eu me lembro perfeitamente do dia em que foi tirada. Nós estávamos dentro do porta-malas da minha tia onde eu e ele nos escondíamos para eu não precisasse embora, foi definitivamente um dia estranho.

- Lara, tem visita para você. – minha mãe fala enquanto aparecia onde eu estava.

- Tanto faz! – Eu respondi isso e nem foi por falta de educação, foi mesmo por que domingo me deixava rabugenta, como se eu pudesse culpar um dia da semana. – pode dizer pra entrar.

- Mas não é uma pessoa. – ela revidou enquanto aparecia com um cachorrinho em suas mãos, era tão fofinho, junto ao cachorro tinha um bilhete também escrito: ''Você ainda se lembra do lugar secreto para esquecidos?'' Claro que eu lembrava era onde eu e Felipe íamos e podíamos ficar sossegados eu não pensei duas vezes sobre ir ou não lá, claro que eu fui.

Era uma casa da árvore e nem parece que o tempo passou pois ela continua intacta, até o balanço que eu ordenei Felipe fazer estava ali, na porta continuava a frase que nós escrevemos, ''nunca vou abandonar você'', bem isso não aconteceu do melhor jeito, tecnicamente nós teríamos nos abandonado, eu estava segurando para não deixar cair as lágrimas de meus olhos, que ainda insistiam.

Mas a única coisa que eu encontrei quando finalmente entrei na casinha foi outro bilhete escrito: ''O nosso primeiro esconderijo'' claro, o porta-malas do carro da minha tia, mas ele nem existia mais de todas as charadas essa é uma das mais ruins de saber, foi só quando eu sai dali de dentro que eu percebi que a frente tinha um carro idêntico ao da minha tia, como eu sou alguém que não pensa duas vezes, eu já me encontrava perto do carro e logo avistei Felipe.

A minha vontade foi correr para seus braços, mas me parecia um pouco precipitado então andei como ''uma garota deve andar''.

Ele que estava parado logo abriu os braços quando eu cheguei perto, então finalmente pude matar a saudade.



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