02 - 1990

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Jà faz um ano desde a primeira carta que eu escrevi e guardei, esta é a segunda.

Você nasceu no dia 23/09/1991, uma criança linda, a mais linda que eu já vi na minha vida inteira.

Eu segurei você nos meus braços, você chorava muito. Eu sinceramente não sabia o que fazer, mas eu apenas dei um beijo na ponta do seu pequeno nariz e você parou. Você é um anjo, Anne.

Eu e o seu pai decidimos comprar uma casa, para vivermos juntos.
Mas não era isso que nós queríamos.

Minha filha, nunca tenha uma criança quando você for uma adolescente, viva a sua vida ao máximo e quando perceber que estiver pronta, tenha uma criança com a pessoa que te faça feliz.

Você foi a coisa mais linda e perfeita que já aconteceu na minha vida, não me arrependo nada em ter engravidado, mas a idade é o problema.

A minha vida parou quando você nasceu, eu não fui para a escola por causa que eu precisava ficar em casa cuidando de você.

Claro, a culpa nunca foi sua, a irresponsabilidade foi minha e do seu pai, mais de ninguém.

Não se sinta culpada, nunca.

O seu pai trabalhava todos os dias, sem feriados, sem finais de semana, todos os dias ele trabalhava para nos sustentar.

Passou no máximo três meses, minha querida, três meses que ficamos juntas em um apartamento minúsculo, brincando e observando os carros que passavam na frente da nossa janela.

Eu sinceramente, tirava muitas fotos com você, sempre. Eu gravava todos os nossos momentos juntos, sem saber que alguns meses depois seria o meu fim.

Mas no quarto mês, eu comecei a me sentir mal.

Eu fui para o médico, para saber o que estava acontecendo comigo.

Eu sentia dores fortes de cabeça, muita ânsia de vômito, entre outros sintomas horríveis.

Eu não conseguia cuidar de você, Anne, isto foi muito doloroso para mim, eu não via mais você todos os dias, eu estava me separando de você, estávamos ficando completamente separadas.

Eu via você naquele pequeno berço, dormindo como um anjo. A música de ninar te dava sono, os livros sobre animais e o alfabeto eram os seus favoritos, minha querida.

Eu ia todas as noites para o seu quarto, te observar e certificar que você estava bem.

Mas eu não pude mais fazer isto, quando o meu momento chegou.


Adeus, Anne.Onde histórias criam vida. Descubra agora