Enquanto recupero o fôlego, o capanga do subúrbio nos rodeia. Aparentemente está sozinho. Apesar de sermos em número superior, somos apenas dois adolescentes sem força alguma. Gostaria que nesse momento eu e Rollin pudéssemos apenas poder voar. Já ajudaria bastante.
Em meio a escuridão da noite é difícil distinguir a aparência dele ou de sua roupa. Com exceção dessa máscara com nariz pontudo.
Ele para em nossa frente entortando sua cabeça olhando diretamente pra gente. Ele não esboça que irá nos machucar, porém, não dá sinais que não deixará partirmos.
- O que ele quer Rock? – Pergunta Rollin tossindo com a mão apoiada em meu ombro
Antes mesmo que eu pudesse responder, algo me vem à mente
- Ele quer nos caçar – Digo assustado – vamos correr, é a única maneira para tentarmos escapar.
Rollin concorda apenas com gesto, e então corremos.
Só conseguirmos ouvir as risadas estridentes dele. Corremos sem olhar para trás. A essa altura, para onde estamos fugindo não importa. Nem as ruas irregulares ou qualquer outra coisa. Por mais que eu tente ser rápido, Rollin não consegue me acompanhar. Sempre tive mais resistência que ele, e nesse momento está dificultando nossa fuga.
Não adiantaria gritar por socorro. Ninguém viria em nosso auxilio, e meu fôlego está se esgotando igual à Rollin. Meus pés pedem misericórdia por causa da dor e quando olho por sobre o ombro vejo Rollin parado jogado contra a parede.
O capanga o alcançou. O capanga não. A sombra dele.
Seu poder é utilizar sua sombra como clone, só que mais rápida e mais mortal.
Essa mesma sombra enforca Rollin. Uma segunda sombra também me segura pelo pescoço, ela veio tão rápido que foi impossível vê-la.
Como pode, é apenas uma sombra e tem a força de dez homens. Sinto-me o corpo falhar aos poucos, o ar se esvaindo de mim. Meus olhos lacrimejam, me engasgo. Em vão tento lutar, meus golpes atravessam pelo braço da sombra que me enforca.
Vejo tudo branco a minha frente. Lentamente meus braços amolecem. Sinto uma dor apertar meu estômago. Algo estranho, como se tivesse uma bola querendo sair, e ao mesmo tempo mãos segurando-a.
Será que a morte é assim? Será que morrerei assim?
O mundo é uma droga, e apesar de não ter muita esperança, não foi o fim que imaginei que teria.
Como ficará meu tio? Não somos tão próximos, porém, ele tem se esforçado e não aguentaria perder a única família que tem.
"Me perdoe tio" – é tudo que penso.
Sinto o ar voltando aos meus pulmões. A sombra não está me enforcando.
Percebo que estou caído de joelhos no chão e o que vejo realmente me espanta. Rollin um pouco mais afastado de mim, está sentado no chão segurando com uma de suas mãos o pescoço. De certo para recuperar o fôlego, mas olhando fixamente pra frente com os olhos arregalados. Vejo em seus olhos mistura de espanto e admiração. Esfrego os olhos lentamente para ter certeza do que estou vendo.
Não imaginei em minha vida que veria um deles novamente. Não qualquer um. Achava que ele estava morto. Nunca o vi de perto, somente por jornais e revista, ou em rápidas entrevistas para canais de telejornais.
Sim, é ele
Uma euforia me invade ao mesmo tempo que o medo me toma. Clara tinha razão.
Seu uniforme é dourado com luvas e botas azuis até metade das coxas. Sua mascará cobre toda a cabeça deixando apenas a boca de fora. Igualmente dourada com apenas o contorno dos olhos em azuis, e uma luz reluzente saindo de seus olhos e fumaça saindo de ambas as mãos.
Ele está parado diante do corpo do capanga. Visivelmente morto por ele.
Antes do fim do mundo, todos os chamavam de:
SUPERLUZ.
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Villains
Science FictionEm um mundo devastado pela guerra entre Heróis e vilões. Os Heróis sobreviventes fugiram e se esconderam entre as pessoas comuns, deixando o mundo sobre o controle dos vilões Benjamim Turge, um jovem órfão que mora com seu tio, vive dia após dia te...