Villains

Capítulo 6

Cheguei de maneira afobada em casa, esbarrando em tudo que via pela frente, e agitado. De imediato meu tio percebeu minha tensão e sabia que havia algo estranho comigo. De qualquer maneira não conseguiria disfarça o que aconteceu essa noite.

Entrei em casa com a adrenalina em alta, abri a velha porta de madeira e esqueci de fecha-la. Ainda sinto as dores no corpo. Tentei manter a descrição diante do meu tio, só que ele já está na porta do meu quarto olhando diretamente pra mim.

- Benjamim, por que você está machucado? E por que chegou a essa hora? – Estranhamente ele também parece tenso. A todo tempo olha para entrada da casa.

Apesar do porte físico do meu tio, sua barba mal feita e cabelos desleixado na altura do ombro, entrega sua aparência cansada. Com certeza pelos anos de serviço pesado. 

- Benjamim, me responda! – insiste

Conto brevemente o que aconteceu, desde a ida até a casa de clara, o ataque de Dalton e a abordagem do capanga.

Reluto em contar sobre o superluz, mas pelo questionamento do meu tio em saber como escapei, acabo revelando a aparição do herói.

Não sei bem qual das partes que contei, fez meu tio ficar descontrolado.

- Pegue o necessário Benjamim, iremos embora agora! – Ele diz abrindo os guarda-roupas pegando as roupas aleatoriamente e enrolando em um lençol de qualquer jeito.

- Por que iremos embora tio?

- Não questione Benjamim.

- Por que não? – teimo, e permaneço sentado na cama com os braços cruzados.

Meu tio vira bruscamente e segura meu braço com tanta força. Tenho certeza que não foi de propósito.

- Com certeza o senhor Collin irá mandar farejadores vasculhar o bairro a procura do superluz, ou qualquer outro que tenha poderes e esteja escondido – ele diz tão alto e tão perto que cospe no meu rosto.

Eu até entendo o medo do meu tio nos farejadores. São seres com a pele cinza, e vestes pretas longas todas rasgadas. Ele possuem os dedos longos e andam encurvados, e tem a incrível capacidade de sentir o poder de qualquer pessoa, por mais pequeno que seja. Só não entendo o motivo do meu tio ter medo por nós, simples humanos inúteis.

- Não vejo motivo para fugir tio Wall.

Ele solta meu braço e coloca as mãos na cintura.

- Benjamim – ele continua – eles não irão apenas procurar quem matou o capanga, irão investigar quem causou o motivo da intervenção do superluz, e chegarão à você.

Fico boquiaberto. Não havia pensado nessa possibilidade. Se meu tio estiver certo estou correndo perigo.

Assim que saímos pela porta de casa eu me lembro de uma coisa.

- Tio. Precisamos avisar ao Rollin - digo – ele estava comigo e também irá correr perigo.

- Não podemos ajuda-lo

- Claro que podemos – Digo mais alto com raiva, não posso deixar meu amigo correr perigo – temos que avisá-lo

Meu tio suspira profundamente, parecia que não teria fim o suspiro.

Ele olha por todos os lados, para todas as vielas do bairro. É de noite e não tem ninguém na rua. Nenhum rebuliço.

- A notícia não deve ter chegado até Collin, isso nos dá algum tempo – ele diz seguindo em direção à casa de Rollin.