Surpresa

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-Bem, agora vou falar um pouco sobre Immanuel Kant e sua teoria a respeito do "O que é Iluminismo?" ... – comecei minha apresentação.

-Com licença. – entrou a coordenadora na sala interrompendo o seminário de história.

-Pois não, senhorita Greice. – falou o professor Víctor.

Ela foi até ele e cochichou algo em seu ouvido. Ela olhava com urgência, passando os olhos em todos os alunos como se procurasse algo ou alguém que não estava lá.

-Erika? – o professor perguntou para a coordenadora, olhando para mim.

Fiquei imóvel em meu lugar. Nunca em minha vida a coordenadora havia me tirado da sala para qualquer coisa. Nunca faltara aula porque nunca houve motivos. E eu nunca cometi nenhum erro para ser chamada a atenção.

-Senhorita, poderia me acompanhar até a diretoria? – perguntou Greice.

-Eu posso terminar de apresentar minha parte do seminário? – perguntei.

-Não se preocupe com isso querida. Você apresenta para mim depois. – falou o professor.

Olhei para a minha equipe do trabalho e todos retribuíram meu olhar preocupado. Eles me transmitiram força com sorrisos incertos. "A polícia está lá em baixo.", avisara Esperanza, minha amiga assim que voltou do banheiro.

Será que eu havia feito algo de errado? Acompanhei a coordenadora até a diretoria e antes de chegarmos avistei policiais e perguntei discretamente para Greice, sem aguentar a ansiedade:

-Aconteceu alguma coisa Greice? – perguntei.

-Sim. Algo terrível aconteceu. – ela respondeu, me olhando com cautela.

-E... o que eu tenho haver com isso? – perguntei – Eu fiz algo de errado?

-Não, não fez. Mas, você pode ser uma peça importante para a polícia. – ela falou e logo percebi que ela não revelaria mais nada, apesar de nossa amizade.

-Eu só queria entender o que está acontecendo. – murmurei.

-Oh, querida! – ela me abraçou – Eu sinto muito.

-Pelo o quê? – perguntei.

Ela secou as lágrimas que escaparam, teimosamente, e me fez entrar na diretoria. Lá dentro estavam a diretora Flávia, os pais dos meus dois amigos: Dilan e Valentyn, dois homens de paletó e gravata e um policial fardado. Os pais de meus amigos me abraçaram, assim como a Diretora. Os outros três homens me cumprimentaram com um aperto de mão e pediram para me sentar. O homem vestido de cinza era o delegado Moura, o outro, que estava de preto, era o detetive Carlos e o policial fardado se chamava Felipe. Logo após entraram na sala o professor de educação física, que é como o psicólogo do colégio, e uma mulher, que se identificou como Vanessa, que era a psicóloga da delegacia.

-Vamos direto ao assunto senhorita Ferdinand. – falou o delegado sem rodeios – Qual foi a última vez que conversou com o senhor Dilan Gordnet? – perguntou.

-Não nos falamos desde meu aniversário de 15 anos. – respondi a contragosto. Eu não gostava daquele assunto.

-E com o senhor Valentyn Gordnet? – perguntou.

-A última vez... – parei para pensar – Acho que foi há uns seis, sete dias. – respondi.

-Está dizendo que a última vez que conversaram foi há uma semana mais ou menos? – perguntou o detetive.

-Sim. Ele me ligou. – falei.

-E o que meu filho disse? – perguntou a senhora Gordnet.

-Bem, ele perguntou como eu estava. Eu achei bem estranho, afinal passávamos mais de duas horas conversando pelo facebook sobre animes, séries e jogos de terror. – sorri.

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