I

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Elisabeth estava deitada em sua cama pensando em um novo poema. Aprendeu a gostar de poemas graças ao seu pai, o duque Maximilian. Há pouco tempo sua mãe havia descoberto seus escritos, assim descobrindo sua paixão platônica por Karl Ludwig, seu primo. A duquesa a castigou banindo seu primo de visitá-la no castelo de Munique, fazendo com que ela nunca mais o visse. Essa situação a deixou totalmente desolada por dias; ninguém conseguia animá-la, nem mesmo seu pai e seus irmãos, do quais ela sempre foi tão próxima. Sua mãe sempre tomava decisões ruins para ela, e muitas vezes ela se perguntava se a duquesa Ludovika gostava dela como afirmava.

Helene sempre foi sua favorita, era tão notável quanto às montanhas que cercavam o castelo de Possenhofen. Sabia que por sua irmã ser a mais velha, ganhava melhores privilégios, mas aquilo a incomodava. Elisabeth sabia que ela não podia ser considerada o maior exemplo de boas maneiras, graça e postura, pois nunca teve interesse em aprender todas aquelas regras; talvez por isso sua mãe preferisse Helene.

— Sissi! — sua mãe a chamou.

— Sim mamãe? — encostou-se na cabeceira da cama.

— Pensei que estivesse cavalgando como sempre faz em suas tardes. — entrou no quarto com uma carta na mão. — Por que não foi hoje?

— Vou mais tarde. — ela encarou o papel na mão da mãe. — O que é isso em sua mão?

Um sorriso preencheu o rosto da sua mãe assim que ela mencionou sobre o papel que estava em sua mão.

— É sobre isso que vim falar com você. — caminhou até Sissi e sentou ao seu lado na cama. — Sua tia me enviou uma carta para visitarmos ela e seu filho, o imperador Franz-Joseph em agosto.

Elisabeth iluminou-se ao saber que iria viajar para outro lugar. Adorava viajar, assim como seu pai sempre fazia. Sempre viajou muito pouco, mas o pouco que viajava, valia por um ano inteiro. Pegou a mão da mãe que estava na cama e apertou.

— Vou poder ir? — perguntou com entusiasmo.

— Sim, sim. — apertou a mão de Elisabeth e soltou logo. — Terá que me prometer uma coisa.

— Seja o que for, concordarei. — levantou-se da cama e deu pulos de alegria. — Amo viajar, a senhora sabe! É simplesmente belo conhecer algo diferente do que estamos habituados.

— Prometa-me que irá se comportar diante a corte de Viena. Sabe muito bem como eles se comportam e suas regras de etiqueta. Por Deus, Sissi, não me decepcione. Lamento muito por não ter dado a devida educação que você e seus irmãos deveriam ter tido na infância, somente Helene teve interesse por tal coisa. E foi por isso que sua tia Sophie está querendo que sua irmã seja a próxima imperatriz da Áustria.

Sissi paralisou-se e ficou boquiaberta com o que sua mãe havia acabado de falar. Sua irmã, Helene, seria a próxima imperatriz da Áustria. Sentia-se tão feliz por ela, pois sempre achou que sua irmã era merecedora das melhores coisas que a vida podia oferecer.

— Posso ler a carta?

— Claro meu bem.

Ludovika entregou a carta para Sissi, que começou ler em voz alta.

Amada irmã Ludovika,

Espero que esteja bem, assim como sua família. Sinto saudades de ti, minha amada irmã. Anseio em vê-la brevemente, assim como minha sobrinha amada Helene. Desde que a conheci, ela me causou uma grande impressão por seus modos, sua educação e talento para a arte.

Meu filho, Franz Joseph está com vinte e dois anos, e precisa urgentemente se casar. Logo veio em minha mente que Helene seria a melhor opção. Peço-te que venha com ela para Bad Ischl em agosto, para que eles possam se conhecer melhor, e Franz possa cortejá-la.

Sinto que essa união seria simplesmente maravilhosa e agradável para nós duas, querida irmã. Espero sua resposta em breve, pois preciso organizar a vinda de vocês antecipadamente.

Sua alteza imperial,

Sophie Friederike Dorothea Wilhelmine von Bayern.

— Helene sabe sobre essa visita?

— Ainda não contei a ela. Poderia fazer isso para mim? — andou em direção a Sissi e segurou seus ombros. — Sei que ela vai ficar muito contente em você dar essa noticia a ela. Recebi queixas dela que se afastou dela por esses tempos.

Elisabeth sentiu seu rosto queimar de vergonha. Não esperava que sua irmã fosse sentir tanto sua falta. Engoliu em seco e deu pequeno sorriso para a mãe.

— Não era minha intenção que isso acontecesse. — murmurou.

— Eu sei que não. — acariciou a bochecha de Sissi com carinho. — Tente afastar essa distância. Eu sei o quão sempre foram próximas, não acabe com isso.

— Não acabarei mamãe.

— Confio em você. — depositou um beijo na testa da filha. — Depois eu vou falar com vocês sobre as coisas que levaremos para Bad Ischl. Por hora, estão livres de mim. — sorriu e deixou Sissi com a carta na mão.

Ludovika saiu do quarto em poucos segundos, deixando sua filha refletindo sobre tudo o que tinha acabado de acontecer. Lembrou-se que a principal interessada ainda não sabia da notícia. Saiu do seu quarto e andou até o final do corredor, onde ficava o quarto de Helene. Bateu na porta levemente e entrou no quarto. Como sempre, tudo estava muito organizado, ao contrário do dela, que sempre estava em constante bagunça.

— Sissi. — levantou-se da poltrona com um sorriso. — Faz muito tempo que não vem ao meu quarto. — caminhou em sua direção. — Venha, vamos conversar.

Sissi ficou desconfortável com o comentário da irmã. Subitamente a abraçou fortemente, como se fosse à última coisa que iria fazer no mundo. Helene retribuiu o abraço com força também, e as duas começam a rir.

— Trago-lhe uma notícia bastante interessante. — entregou a carta para Helene. — Leia logo!

— Calma Sissi! — pegou carta e começou a ler.

Sissi começou a rir da expressão de surpresa da irmã. Nem mesmo ela esperaria por aquilo. Ela deixou a carta cair no chão e abraçou a irmã novamente.

— Mal posso acreditar!

— Ah, sabe que merece isso e muito mais!

— Sissi, isso é muito mais do que eu poderia imaginar!

— Estou tão feliz por você, Nene. Ou seria, vossa majestade? — Sissi começou a rir e Helene a empurrou.

— Sabe que eu jamais deixaria você me chamar dessa maneira.

— Não é questão de você deixar, é questão de eu saber que você será superior a mim.

— Sissi...

— Não falemos mais disso. Vamos cavalgar?

Helene ficou com uma expressão meio enojada, o que fez Sissi rir ainda mais.

— Eu saberia que sua resposta seria não.

Sissi depositou um beijo na bochecha de Helene e saiu correndo do seu quarto para ir cavalgar. Já estava atrasada, e ficaria escuro em breve.

Em nenhum momento ela parou de pensar na viagem, e nunca desejou tanto que julho terminasse.

A futura imperatrizOnde histórias criam vida. Descubra agora