Capítulo 5

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O sono era profundo, característico de alguém que passou horas acordado e tentava concluir às oito horas necessárias para ficar bem disposta. Se perguntassem se conseguira sonhar aquela noite, diria com toda certeza que não. Havia apagado depois que chegara totalmente cansada e confusa do dia exaustivo, trabalhando neste caso – que sua mente gritava que seria longo e complicado, tomando mais tempo do que imaginara – nada se encaixava.

Ele estava se divertindo com toda aquela situação. Fizera do caso um reality show, aonde fazia as vítimas de protagonistas. Era doentio. Investigara as vidas de todos que estavam na equipe do velho Charlie e usaria as informações que havia adquirido contra eles, não havia dúvidas.

Ninguém parecia entender o motivo que o estava levando a cometer tamanha atrocidade. Eram apenas jovens, com família, amigos e um futuro toda pela frente. E por que Saint-Georges? Havia tantos outros lugares – maiores e mais populosos – não fazia sentido algum.

Logo após receberem a carta do killer, Charlie mandara todos irem para suas casas descansarem e retornarem ao departamento o quanto antes. Tinham alguns lugares para investigar, mais papéis para avaliar e ainda examinar a caixinha que Kimberly havia encontrado no posto de gasolina.

Havia algo incomodando a mulher, algo extremamente irritante e que deixava seu sono agoniante. Beatrice se remexera na cama incontáveis vezes, tentando encontrar uma posição que fizesse aquilo passar, ainda não havia recarregado suas energias necessárias, somente umas doze horas dormindo direto supririam tal necessidade.

Barulho. Era um irritante – e em volume alto – barulho que a incomodou tanto, que fez com que a mulher levantasse bufando de raiva de sua cama quentinha e fosse procurar quem era o autor de tamanha barulheira. O som era similar a uma cerra elétrica – talvez até fosse um vizinho cortando a grama – e se fosse não teria como reclamar. Cada um poderia fazer o que quisesse em seu território. Mas estava perto demais, alto o suficiente para Beatrice acreditar que vinha do seu próprio espaço.

Do topo das escadas só era possível visualizar a porta de entrada, o térreo parecia silencioso – em certas partes, o barulho era alto o suficiente para incomodar até mesmo quem estivesse no andar debaixo, no escritório de seu pai que possuía isolamento acústico – ninguém parecia ocupar aquele ambiente da casa. Desceu alguns degraus, observando o extenso corredor que levava até a cozinha, deserto. O barulho parou por alguns instantes, tempo suficiente para que ela identificasse outro som, esse vindo da cozinha, de algumas coisas encontrando o chão – panelas, talvez – terminou de descer as escadas e correu até o final do corredor, encontrando um Ryan destrambelhado tentando terminar de fazer o que pareciam panquecas e colocar café em duas xícaras dispostas no balcão.

Era cômica a cena do rapaz se esticando para alcançar a frigideira e a garrafa térmica ao mesmo tempo. Beatrice mais uma vez se pegou analisando Ryan. Seu cabelo bagunçado, a nunca, as costas largas, os músculos que enchiam as mangas de sua camiseta da maneira certa – nada de exageros – e sua bunda. Céus! Não saberia dizer por que andava reparando tanto em seu amigo. Era tão errado, tão fora do comum. Mas não poderia negar que ele era sim realmente muito lindo, não que ela não tivesse reparado antes, mas apenas tinha deixado de prestar atenção nos detalhes, como estava fazendo naquele momento. Julianne tinha razão quando dizia que Ryan era gostoso, a amiga tinha um ótimo gosto. E ele ainda era uma pessoa incrível, um amigo excelente e extremamente atencioso, infinitas eram suas qualidades.

Ele ainda estava muito concentrado em suas panquecas, que nem mesmo notou em Beatrice secando descaradamente sua bunda. E se ele reparasse, nem mesmo se importaria.

Quando Colleman se deu conta que realmente estava tempo demais concentrada nas costas e bunda de Butler, acordou do transe e resolveu se pronunciar. Mas no momento em que chamaria por ele, o barulho alto retornou. Fazendo a mulher bufar de ódio.

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