II

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— A gente já volta, Mélia — informa Louis, que logo em seguida puxa Harry pela orelha como se ele fosse uma criança que acabou de aprontar e some da minha vista.

  Agora sozinha na cantina, largo minha mochila sobre a mesa e pego meu celular para conferir se não tem nenhuma mensagem da minha mãe, já que hoje vim para o colégio com ela tendo 39º de febre. E não tinha, mas, algo chama minha atenção.

" Hoje o almoço com seus pais foi ótimo, só faltou você, meu anjo".

Simon

  Sinto uma tremenda vontade de sair correndo dali e ir para casa. Meu sangue ferve, minha mão começa a tremer e quando me dou conta, estou chorando igual uma criancinha no meio de um monte de gente faminta. 

  Quem ele pensa que é? Acha que é só chegar na minha família, conquistá-los com seu ladinho de bom homem, enquanto me ameaça pelas costas deles? Não, isso não pode está acontecendo. Ele quer destruir minha vida.

— Eu te odeio, seu monstro — penso alto, tentando quebrar o celular na palma da minha mão.

— Me odeia?

  Estou escarando as palavras digitadas na tela, a mesma que apaga, e eu ouço do meu lado uma voz masculina. Seu sotaque é diferente de todos que já ouvi. Eu amo esse sotaque.

— Niall? — ergo a cabeça, vendo-o me olhar preocupado, um pouco ofedindo.

  Mas seu sorriso vai de canto a outro, mostrando-me aqueles seus dentes tortos. Ah...suas bochechas, as mais fofas que eu já vi corada.

— Amélia! — ele finalmente fala, sentando na cadeira ao meu lado com cuidado. — Quem é que você odeia, meu anjo?

  Eu o encarava, talvez hipnotizada, no momento em que uma imagem passa na minha cabeça da mensagem de Simon. "Meu anjo...meu anjo...meu anjo".

  Isso me faz levantar o mais rápido de onde estou e sair correndo sem rumo. Eu preciso ir para casa, minha família pode está correndo perigo com aquele sujeito. Niall deve está me achando uma louca, provavelmente me encarando enquanto corro. Mas não, uma mão segura meu braço e eu automaticamente desabo no chão, sou uma fraca.

— Ei, ei, ei calma... — sinto que estou sendo acolhida em dois braços, e logo sou apertada. Recebendo carinhos na cabeça. — Desculpe se eu disse algo errado, não foi minha intenção, desculpe. Não chora, por favor...

  Quase não ouço o que ele diz, meu choro começa a vim mais acerelado e o desespero me toma. Só que Niall me abraça de um jeito tão protetor, tentando fazer com que eu pare de chorar, e depois de muita dificuldade, apertei meu rosto contra sua camisa provavelmente já ensopada e me recuperei lentamente.

— T-tá tudo bem, não foi nada.

  Não acreditando muito no que eu disse, Niall observa meu rosto, trazendo suas mãos diante minhas bochechas e as secando vagarosamente. Sorri, as segurei com cuidado. Depois de minutos percebi que todos no lugar pararam o que estavam fazendo para nos olhar, nisso assenti para Niall e levantamos, indo de volta para a mesa.

— Hum, Niall? — dou una olhada para o lado e noto a presença de Harry junto do Louis, que por sinal demoraram. — Amélia? Estava chorando?

  Me ajeito na cadeira, dizendo que foi uma piada que Niall me contou e o mesmo confirma, por mais que não saiba também o motivo de minhas lágrimas.

— Ah é? — Louis pergunta arqueando sua sobrancelha, sentando-se na nossa frente. — E qual foi a piada que te fez morrer de rir?

  Eu e Niall se entreolha.

— É, bom...é — ele coça a nuca um pouco nervoso, porém não tira o seu sorrisinho estampado no rosto. — Eu conto para vocês.

— Oba, amo piadas — Harry bate palmas bem animadinho.

  Abaixo minha cabeça, já se preparando para o que vem pela frente. Louis não está com cara de quem vai acreditar nisso tudo, porém os olhos de Harry tem um brilho igual de criança quando ganha um doce.

— Por que a galinha atravessou a rua? — Niall pergunta animado.

— Por que? Diz — Harry parece ansioso, quase roendo as unhas.

— Pra chegar do outro lado — como se tivesse dito algo incrível, o loiro olha para todos da mesa. Não acredito.

  Louis mantém sério, prestes a dizer algo, caso Harry não gritasse.

— Pra atravessar a rua, hahahaha — com a mão na barriga, ele se joga para trás. Não caindo por causa que Louis segura a cadeira. — Ai meu Deus, que piada engraçada.

  Estou pasma, não acreditando que funcionou. Não literalmente, mas funcinou.

— Você estava rindo disso, Amélia? — Louis me pergunta incrédulo. — Que bosta.

— Ai Lou, para de ser chato! — ergo a cabeça para olhá-lo. — Até que foi boazinha, para.

— Não foi não! — ele persiste.

  Abro a boca para mandar ele calar a boca, mas meu celular começa a vibrar no meu bolso. Automaticamente meus olhos se revira, enquanto puxo o aparelho da bolsa sinto olhares em mim. É uma chamada perdida do meu pai.

— Liga de novo — Niall sussurra do meu lado.

  Olho bem no fundo dos seus olhos, depois desvio para Louis e Harry que assenti e eu levanto. Indo direto para o corredor menos movimentado, me encosto na parede, retornando a chamada que toca três vezes antes de eu conseguir ouvir a respiração do meu pai.

Ligação on

  Pai? — pergunto ofegante.

— Oi meu anjo — sinto alegria no seu tom de voz.

Respiro fundo.

— O senhor queria algo? — vou direto ao ponto.

— Pode trazer remédio para sua mãe? Aqui acabou e o dela, pequena — solto um suspiro mais aliviada.

— Tudo bem, papai — sorri. — Fora isso, tá tudo bem?

Ele não me responde, mas consigo ouvir a voz de alguém. Um alguém que eu não vou com a cara.

— Simon chegou, depois conversamos princesa. Tenha uma boa aula.

Tu tu tu tu...

Eu Preciso de Você.Onde histórias criam vida. Descubra agora