Pele

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Sua mente estava como uma neblina, seu sangue esfriou.

Seus joelhos atingiram o chão, a gravidade a nocauteou.

Não é possível dizer por quanto tempo Kenna ficou ali desmaiada na chuva, no vento, na lama, no frio.

Só sou capaz de dizer que alguém a encontrou, limpou seu rosto, a pegou no colo e partiu.

Quando a garota acordou, seus olhos foram tomados por uma luz alaranjada e de certa forma, úmida, sua cabeça doía e seu nariz estava escorrendo.

Assim que ela retomou suas forças e pôde levantar, se viu em um lugar em que nunca havia estado antes.

As paredes eram marrons, como feitas de barro, as camas estavam quebradas, no cômodo havia apenas camas, uma mesa de madeira e uma tigela em cima da mesa.

A menina cambaleou até a janela, e viu que ainda chovia, e entrou em desespero.

"DEIXA EU SAIR!!!" - ela começou a berrar procurando por uma porta.

Começou a chorar, pensando nas coisas terríveis que poderiam ter acontecido a ela ali.

Estupro.
Rapto.
Cativeiro.
Morte.

Ela engoliu a seco.

Colocou as mãos na cabeça, e apertou os olhos, fez uma breve oração.
Quando tornou a ver, encontrou a porta que para sua surpresa, não estava trancada.

Mas a chuva lá fora ainda era intensa.

Ela não se importou e saiu em disparada, afundando na lama, espirrando e tossindo.

Kenna não estava mais na pequena vila ou no sítio dos avós, ela não fazia ideia de onde se encontrava, o que a deixou ansiosa e com o estômago enjoado.

Parou para vomitar, e enquanto todo aquele mal escorria pela sua boca e suas narinas, a menina percebeu alguém chegando.

"Menina, volta pra dentro!" - mandou uma voz.

"Saia de perto de mim!!!" - ela berrou e tornou a fugir.

Seus ossos estavam tão frágeis.
E suas lágrimas quase que sólidas.

Ela tremia tanto que mal conseguia correr.

De repente, sua boca travou.

Sim, ela não conseguia mais falar, ou gritar, sua boca travou, ela não conseguia abrir, ou mover a língua, seus dentes pareciam raspar uns nos outros, como se estivessem enganchados.

O desespero aumentou.

Suas lágrimas saíram sem esforço.
Ninguém podia ouvir sua dor.
Nem seu choro.
Nem sua voz.
E a chuva caía.
E ardia dentro dela.
Dentro do peito.
Dentro da alma.

Socorro.
Socorro.
SOCORRO.

"SOCORRO!!!" - Kenma abriu os olhos e estava em casa.

Sua boca não estava travada e ela não estava perdida.

Ela tocou na própria pele para ter certeza de que era real.

Kenna jamais havia tido um sonho tão terrível e realista, agora ela temia até morder algo, só pelo medo de que seus dentes se travassem novamente.

Mas foi apenas um sonho ruim.

Será?

"Oi fofa, eu ouvi você gritar, precisa de alguma coisa?" - perguntou a avó assim que entrou no quarto.

"Eu me mordi enquanto dormia?" - ela indagou.

"Não, dormiu perfeitamente".

"Eu saí de casa hoje de manhã?"

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⏰ Última atualização: Oct 30, 2016 ⏰

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