Conto 04: Irmãos de Corrida - Mota

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Título do conto: Irmãos de Corrida.

Nome do autor ou pseudônimo: Mota.

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Cidade e estado a qual a história é ambientada: Florianópolis, SC.

Censura do conto e o gênero literário: Livre, Ficção Adolescente.

Pequeno resumo do conto ou sinopse: Dois garotos que sempre correm pelas ruas da cidade são separados por um trágico acidente, e um dos dois deve voltar a correr mesmo contra a vontade.

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  Desde pequeno, Pereira sempre foi um corredor. 

Saía todas as tardes do colégio, junto com Antônio, criando todas as rotas de corridaspossíveis. Os garotos mais rápidos do mundo, era como eles se sentiam. Nada podiapará-los. 

— Aposto que você não consegue me ganhar numa corrida daqui da Padoka até aPracinha dos Namorados — Ele cutucou Antônio, um pouco mais alto que ele, e depoisdeu um sorriso de canto. 

— Fechado, valendo o quê? — Antônio perguntou, pulando de um pé para outro,empolgado. Ele esticava os braços e arregaçava as mangas, apenas para mostrar competência.Eram crianças engraçadas, aqueles dois meninos. 

— Valendo... — Pereira dobrou a barra da calça enquanto pensava — Que tal umchocolate? Twix, pode ser? 

— Mas é claro! 

Antônio tinha um sorriso no rosto, como sempre. 

Foram até a esquina da padaria, andando com os tênis gastos do cimento. Antôniocolocou o joelho ossudo no chão, e Pereira apoiou os dedos caleijados na calçada, osquais formaram uma casca ao longo dos anos por causa do cimento. 

— Pronto? — Antônio perguntou, e Pereira confirmou com a cabeça. Olhou para ochão, para as marcas na calçada, e depois para o trajeto, limpo naquele horário do dia. Podiasentir a brisa vinda da Beira-Mar gelando de leve seu nariz, e ouvia o barulho dos carrospassando. Inúmeros carros passando, as buzinas e os motores, o cheiro da gasolina. Asruas do centro da cidade eram sempre movimentadas. 

— Foi! 

Naquele momento todos os músculos se estendiam para lançá-lo à frente. Sua respiraçãoe batimentos estavam fortes, sentia como se fossem as únicas partes do corpo trabalhandojunto às pernas. Colocava o máximo de ar puro para dentro do pulmão, e nãodeixava que a exaustão o ganhasse. 

Enquanto corria, observava o mesmo trajeto que já fizera inúmeras vezes. 

Passava pelos garotos de uniforme vermelho, na escola ao lado. Os via como se fossemborrões compondo a paisagem. 

Observava a gigante fila na lotérica. Várias pessoas apostando seu dinheiro em umjogo que sabiam que não ganhariam. Mas sempre estavam lá. 

Já conseguia ouvir o barulho das rodinhas de skate quando chegavam perto da Pracinhados Namorados, e acelerou um pouco mais, ainda que seus músculos ardessem e pedissemdescanso. Depois, os puxou um pouco mais, até eles se recusarem a acelerar a velocidade.

 Virando a cabeça para trás, pôde ver Antônio, com os cabelos voando e a cabeça baixaao tentar colocar mais velocidade nos pés. Naquele momento, mesmo competindo,eram como se fossem uma pessoa só. Nada podia unir mais uma amizade do que aquelascorridas. 

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