|Capítulo 3

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Estava prestes a desmaiar de novo, mais logo acordo ao ouvir o som de alguém que acabou de arrombar a porta do meu banheiro. Era minha tia desesperada com o que tinha acabado de ver, nem falou nada. Me carregou em seu colo, pegou minha bolsa azul e correu as longas escadarias até seu carro, abriu a porta do banco de trás e me botou deitada no mesmo, logo em seguida desmaiei de novo. Sonhei com minha mãe e meu pai, fazendo um piquenique ao pôr do sol, em um parque arejado, sentados em uma ponte à beira mar, ao som da música Cazuza - Exagerado.
Chegamos no hospital em menos de 20 minutos, minha tia me pega no colo e começa a gritar desesperada: " Alguém ajuda minha sobrinha!!! Ela está perdendo muito sangue!!! Médicos!!!". Não consigo ouvir direito o que ela está falando, estou bastante tonta, pela falta de sangue. Não vejo motivo para ela estar gritando desse jeito, eu apenas estou sangrando (muito por sinal). Em instantes aparecem dois médicos trazendo uma maca em minha direção e me levam para dentro. Desmaio de novo. Quando acordo, não consigo me situar direito mais acho que estou em uma sala de hospital quase sozinha, tem uma mulher andando pela sala chorando litros, não vejo direito quem é, mais acho que é a minha tia.

- Aila! Posso saber o que deu em você para se conrtar desse jeito??? Aonde você está querendo chegar fazendo isso? A morte??

- Descul... - me interrompe

- Desculpas é o caramba! Se você continuar fazendo isso, ja sabe aonde vai parar né?

Eu e minha tia temos um acordo, que se eu não tentar parar de vez a automatização, ela não vai mais pagar o aluguel do meu apartamento (pois eu não trabalho, e o pouco dinheiro que meus pais deixaram para mim, eu ja gastei com o próprio aluguel e alimentos), e vou ter que arrumar um emprego e entrar em uma escola pública (sai da minha antiga escola quando eu tinha 13 anos, pois faziam bullyng comigo por eu ser víciada e não ter amigos nem família, o que só fez eu aumentar mais ainda a vontade de me cortar). Fiquei bem triste com o que tinha acabado de ouvir, não quero ir para a escola muito menos trabalhar. Mais pensando bem, até que seria uma boa entrar em uma escola, sei lá... ocuparia minha mente com outras coisas, pararia de pensar um pouco em minha raiva, o que acabaria se resultando em menos tempo para me cortar. Respiro fundo e respondo:

- Como eu estava falando. - finjo que nada aconteceu - me desculpa por ter me cortado tanto esses dias. No começo de tudo, era para ser só um cortezinho de leve para aliviar a dor e a raiva, mais o tempo foi passando, e cada vez mais os cortes iam ficando mais fundos. Por mais que eu tentasse parar, não conseguia, era automático. Não era mais eu que mandava em mim, e sim... as lâminas. Mais pensando bem sobre eu voltar a escola, - ignoro totalmente o trabalho - acho que seria uma boa idéia, me distrair com outras coisas, conhecer pessoas novas.

- Meu amor, eu entendo o por quê você se corta, até porque você sempre me explica. - fala dando ênfase no sempre - Mais é claro que eu vou me preocupar com você, e falar para  você, quantas vezes for necessário, pra você parar com isso. Você é mais forte que uma lâmina, eu te conheço,  eu sei disso. E lá no fundo você também sabe.

- Obrigada pela preocupação tia.

- De nada. Mais sobre a escola, você vai mesmo querer?  Seria uma boa mesmo você entrar.

- Sim sim.

- Ok, vou chamar o médico para avisa-lo que você ja acordou, e fazer outro curativo,  por que o seu ja está todo ensanguentado.

CONTÍNUA...

Sra. Piscopata de Pulsos CortadosOnde histórias criam vida. Descubra agora