Capítulo 3

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13 de agosto, 2000

Querido diário,

Agora são 22h. Não consigo dormir, estou muito ansiosa. Neste fim de semana aconteceram duas coisas ótimas.

Primeiro a Sara. A mãe dela deixou que ela viesse morar aqui comigo e com a minha avó. Ontem não fizemos quase nada, mas na noite retrasada o aniversário da cidade estava ótimo, embora tenha acontecido todo aquele alvoroço por uma sensação ruim que tive. Nunca mais quero sentir aquilo novamente, que a morte está perto de você. – Sophie sorriu sem perceber – Ela estava desfazendo as malas, e agora está dormindo. E eu? Estava ajudando a minha avó a montar a cama da Sara, e agora estou aqui.

E a segunda coisa ótima que aconteceu foi eu e o Chris nos vermos no colégio hoje. Ele não foi me ver ontem, acho que estava muito ocupado colocando as coisas em ordem na casa dele. Seus tios ainda não chegaram de viagem, então prefiro pensar que esse foi o motivo para ele não ter vindo.

Sara disse que ele está gostando de mim. Mas isso é loucura! Chris nunca iria olhar para mim, ele me vê apenas como uma irmã ou algo assim, e vou admitir: ele voltou mais lindo do que era. Aqueles olhos azuis! Não sei por que, mas eles me fazem sentir segura. Cada vez que ele me olha, eu me sinto protegida e confesso que aquele olhar me desmonta toda.

Acho que gosto dele. Nunca tinha percebido isso antes.

Hoje ele me olhou de um jeito diferente no colégio, parecia estar me desejando.

Tá! Eu vou ser sincera, eu acho que de tanto a Sara dizer que ele gosta de mim, quem está se apaixonando sou eu, tanto que até comecei a acreditar no que Sara estava falando, quando ele me olhou depois daquele gol – Sophie riu abobada. – Agora, mudando de assunto, entraram pessoas novas no colégio e algumas parecem ser legais.

Barbara Palmer, por exemplo. Ela me pareceu uma boa pessoa, gostei dela. Apesar de ser uma garota meio estranha e super fora de moda, eu me senti bem ao conversar com ela. A Barbara é confiante e parece não se importar com a opinião das pessoas, ela sim é uma garota de opinião própria.

Agora, aquela garota, a Katherine Salton... – Ela fez uma careta, enquanto continuava escrevendo. – Essa é uma estúpida. Ela trata a irmã como lixo. É tão medíocre! Mas também, a Nicoly não se defende. Acho que ela tem medo da Katherine, ou não gosta de constrangê-la, ou algo do tipo, porque ficou calada mesmo com a Katherine falando daquela forma com ela. Eu não teria engolido isso! E, para falar a verdade, tenho pena dela, embora tenha sido grosseira com a Sara.

Sara ficou louca, disse que a Nicoly tinha ouvido o que ela estava pensando! Isso é loucura, é só coisa da cabeça dela. Aliás, eu não deveria excluir a possibilidade que talvez seja verdade. Eu também, há alguns dias, não acreditava em bruxas, e aqui estou. – Ela ironizou a frase. – E também teve o tal colar que apareceu num passe de mágica no meu armário. Aquele colar é horrível, além de velho. Sara disse que aquela coisa deu choque nela. Bem, eu ainda acho que ela estava apenas brincando quanto a isso, mas quanto à Nicoly posso até considerar.

Vou tentar dormir, amanhã tem aula e tenho que estar linda! É o nosso último ano no colégio, e eu não posso aparecer em pleno segundo dia de aula com "olheiras enormes".

Sophie parou de escrever e cobriu-se com seu edredom azul-gelo. "Tenha um boa noite, Chris! Espero sonhar com você...", foi o último pensamento dela, antes de cair em sono profundo.

***

O dia clareou as ruas de Damn Hill, o céu estava nublado e as nuvens escuras. Clair andava pelas ruas da cidade, desnorteada, e parecia estar procurando algo ou alguém. Ela mostrava uma expressão preocupada — o medo exposto em seu rosto e seu olhar causavam suspeita. Mas que segredos Clair escondia? Que passado ela teria? E por que temeria alguma coisa? Por que fugiria? Eram perguntas sem respostas, já que a cidade começou a se encher de novas pessoas com segredos de um passado obscuro.

Luas de Sangue - Vol. 1 - Ascensão (Amostra do livro físico)Onde histórias criam vida. Descubra agora