Cap - 3

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Eloísa

Depois de passar uma noite no hospital, fui liberada para ir pra casa. Os médicos fizeram todos os exames para garantir que não havia mais nenhum outro tipo de lesão:
— Finalmente. – digo, enquanto termino de me vestir.
— Não sei do que você reclama, esse hospital, é um luxo.
— Engraçadinha. Alice, você não tinha que estar trabalhando?
— Eu até que tinha, mas como minha melhor amiga sofreu um acidente, eu resolvi ficar aqui com você.
— Fala a verdade, você queria ver pessoalmente o Igor Schmidt.
— Talvez eu tenha pensado, que ele viria te visitar. Quem sabe trazer umas flores...
— Você é maluca. Fica tranquila amiga, que ele nunca mais vai cruzar o nosso caminho. Vamos pegar o ônibus?
— Sim, tem um ponto ali na frente da lanchonete. Ainda bem que não precisamos andar muito. Você com esse “sapatinho de cristal”, fica difícil caminhar demais. – ela diz, se referindo a bota ortopédica que eu usava.
Pegamos o ônibus, e fomos para casa. Luke fez uma festa quando me viu. Voltei a trabalhar no mesmo dia, afinal, com o pé machucado ou não, tenho que ganhar o sustento meu e do Luke.
...
Uma semana depois**

— Elo? Você viu o código das rendas, da OP 1257, do pedido que estamos fazendo? – me pergunta dona Vera.
— Sim dona Vera, estão na caixa perto das linhas, eu vou buscar pra senhora.
Me levanto, e vou em direção a caixa, quando ouço a voz do senhor Raul:
— Olá Eloísa.
Me assusto e olho para ele, enquanto ele sorri:
— Senhor Raul, como o senhor está? E o que o traz aqui?
— Vim ver como você está, e saber como está seu irmão?
— Estamos bem, obrigada.
— E o Igor, a trouxe você em segurança do hospital naquele dia? Eu deveria ter ido pessoalmente...
— Oi? – pergunto, confusa.
— Vim saber se o Igor trouxe você aquele dia do hospital, e se ele vem te visitando, e te ajudando como me prometeu.
Fico meio sem jeito de como responder a ele, mas resolvo ser sincera:
—  Olha senhor Raul, eu não sei como lhe dizer, mas não vi o Igor, desde o dia do acidente.
— O QUÊ?!
— Sim, é verdade. Quando eu saí do hospital, eu vim de ônibus, e eu não o vi desde aquele dia que o senhor.... Senhor Raul, senhor Raul.
Eu o vejo virar as costas e sair como um trovão, ele me deixou falando sozinha. Resolvo dar de ombros e voltar ao meu trabalho.

...

Raul

Não acredito que esse rapaz irresponsável, mentiu pra mim outra vez. Desde que a mãe dele morreu, ele ficou desse jeito. Eu não tenho mais o controle sobre ele.
Fazem cinco anos que minha primeira esposa, Isadora, morreu em um acidente de carro. Igor tinha vinte anos, e Lisa, quatorze.
Igor se revoltou com a morte da mãe, e ainda mais, quando um ano depois, conheci a Andréia, minha segunda esposa. Depois de nosso casamento, Igor virou um rapaz irresponsável e imaturo. Que sabia apenas aprontar como um moleque mimado.
Ele trabalha em minha empresa. É um legado de família, ele conquistou um bom cargo por mérito próprio, pois é muito inteligente. Mas de resto, é só farra. Quando não está na empresa, tudo o que ele pensa é em bebidas e mulheres, isso tem que acabar. Se ele quer que os outros o respeitem no trabalho, ele precisa se tornar um homem de valor dentro e fora da empresa.
Talvez Andréia tenha razão. Um casamento, poderá acalmar ele.
Ele me prometeu que iria cuidar daquela menina. Não acredito que ele mentiu outra vez pra mim. Eu amo meu filho, quero somente o bem dele. Queria tanto que ele conhecesse uma menina boa, como essa Eloísa.
Ela seria uma ótima esposa pra ele. Doce, trabalhadora, responsável, e muito bonita.
Chego ao prédio, onde Igor possuía uma boa cobertura, vou direto ao seu apartamento pelo elevador privativo, ouço barulho de som alto, pego minha chave, e abro a porta. Me enoja a cena que meus olhos veem.
Igor sentado no sofá, com um monte de garrafas de bebidas, fumando aquele tal de narguilé, com aquela menina Duda, em seu colo. Ela está somente de calcinha. Mais à frente, duas garotas se beijando, e em outra poltrona, o amigo dele Tiago, com uma garota negra em seu colo, também sem roupa.
— Pai ??? – ele diz, assim que me vê parado em sua porta.
— Mande toda essa gente pra fora agora. Te esperarei em cinco minutos, no seu escritório.
Saio em direção ao escritório. Sento na cadeira, e o espero vir. Ouço o som ser desligado, o barulho da porta se fechando e em poucos minutos ele entra no escritório se recompondo:
— Pai? O senhor queria algo?
— Por que você não me disse que não levou a Eloísa pra casa, e nem sequer ligou pra saber se ela estava bem.
— Pai, quando eu fui até o hospital, ela já tinha saído, e eu não consegui entrar em contato.
— Engraçado, pois para mim, foi muito fácil ligar para o hospital, e pedir o endereço. Acabei de vir do local onde ela trabalha.
— Pai, eu....
— Você atropelou a garota, e nem sequer prestou solidariedade? O que está acontecendo com você, meu filho?
— Eu tentei, eu...
— Ou você amadurece, ou vai perder toda regalia que você tem.
— Pai! Eu não tive culpa! A garota cruzou meu caminho. Eu não quis atropelar ela!
— Se você não estivesse bêbado, e com uma garota de moral duvidosa, eu até acreditaria. Isso não vai ficar assim, você precisa se casar.
— O QUE? ???
— Isso mesmo, casar.
— Eu não posso...
— Ou você casa, ou você perde tudo o que tem. Já estou farto das suas irresponsabilidades.
— Você está sendo injusto, o senhor sabe que tudo o que tenho são por meus esforços.
— Eu sei, se você não fosse competente, eu jamais deixaria você no cargo que está hoje. Mas se você quer subir ainda mais, se quiser respeito de seus colegas de trabalho, você precisa limpar sua imagem. Daqui à pouco, ninguém mais vai te respeitar, vamos perder contratos, vamos afundar. Estou te propondo um acordo. Se você permanecer casado por seis meses, sem traições, sem escândalos, eu te darei a direção da empresa. Me afastarei, e deixarei tudo pra você.
— Meu Deus.
— Mas com uma condição. Sua esposa, será escolhida por mim. Vocês terão um contrato pré-nupcial, e se ambos estiverem de acordo, poderão se separar quando o contrato terminar. É claro, se o casamento não tiver sido consumado.
— Espere aí! Vou ter de ficar seis meses, sem transar com ninguém?
— Se você quiser sua liberdade de volta, sim. Você poderá manter relações com sua esposa, se pretender ficar casado com ela.
— E quem será ela?
— Eloísa Souza.

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