Cap - 2

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Eloísa

Estou com muita dor no corpo, minhas pálpebras estão pesadas. Não lembro direto o que aconteceu. Só lembro de.....
— Lucas! – dou um pulo na cama, fazendo meu corpo doer ainda mais.
— Ei! Calma ele está bem.
Olho para quem está falando, vejo um rapaz jovem, muito bonito, olho para seus braços cheios de tatuagens e me assusto.
— Quem é você? E cadê o meu irmão? – pergunto, ainda mais assustada.
— Eu sou o Igor, fui eu quem a atropelou. Seu irmão, está bem, ele está cuidando dos ferimentos. ...
— Meu Deus! Você o machucou? Como ele está? Onde ele está?
Tento me levantar da cama, mas o tal de Igor, me segura pelos ombros.
— Calma, ele somente ralou o joelho e o cotovelo. Ele está bem. Daqui à pouco, ele virá aqui. – ele diz, extremamente perto. Consigo sentir o cheiro de álcool.
— Você bebeu? – pergunto a ele.
— O quê? – ele diz me soltando rapidamente, e se afastando.
— Perguntei se você está bêbado.
— Não estou bêbado, somente bebi um pouco, durante à noite.
— Só podia ser, além de ter cara de traficante cubano, você é um bêbado irresponsável. Você estava em uma área residencial, próximo à uma creche, você poderia ter matado a gente.
— Espere aí! Você que deixou ele escapar de sua mão. Você deveria ter segurado melhor a criança!
— Nós estávamos na faixa de pedreste, e ele se soltou da minha mão. Eu não deixei nada e .... Ai! – digo, colocando a mão na minha perna.
— O que foi? Você está bem? – ele pergunta, se aproximando novamente.
— Minha perna dói. – suspiro, frustrada.
— Você torceu o tornozelo na batida. O médico disse que você teve muita sorte....
— Mais sorte eu teria, se você não tivesse cruzado meu caminho.
— Garota, você é muito mal agradecida, eu te trouxe para o melhor hospital da cidade, e você. ...
— É o mínimo que você poderia ter feito. Afinal, foi você que a deixou nesse estado.
Me assusto com a voz do homem que acaba de entrar no quarto.
— Pai? – Igor pergunta.
— Olá meu filho, pelo visto aprontando outra vez?
— Como você. ...
Fico apenas olhando de um para o outro, como se estivesse assistindo um partida de tênis.
— O advogado me ligou, você tem que sair daqui antes que a polícia, venha ao seu encontro. Pois mais uma multa e um processo, você acabará preso ainda. E vai ter de explicar como a Duda, bateu a cabeça no volante.
Nesse momento, Igor vira as costas e sai, logo Luke entra com a enfermeira, ele corre e pula em cima de mim, me enchendo de beijos. O senhor, pai do Igor, assistia a cena com um sorriso no rosto.
— Seu filho? – ele pergunta.
— Meu irmão. – respondo de maneira fria.
— E seus pais?
— Eles morreram. Somos só nós dois.
— Você o cria sozinha?
— Sim. – respondo olhando para o Lucas, enquanto eu sorria e tentava acalmá-lo.
— Ele não fala? – o senhor me pergunta, quando vê o Luke me falar algo com as mãos.
— Ele nasceu surdo. Foi descoberto quando ainda era um bebê.
— Como seus pais morreram?
—  Minha mãe, logo depois do parto. Meu pai, foi morto ano passado, por dívidas de jogo.
— Me desculpe ser tão inconveniente. Não foi minha intenção.
— Tudo bem. O senhor me parece ser uma boa pessoa.
— Mas meu filho não?
— Um pouco imaturo, talvez.
O senhor sorri e se aproxima mais, se sentando em uma poltrona próxima a cama.
— Você não sabe o quanto. Com o que você trabalha?
— Sou costureira.
— É dessa forma que você se sustenta e ao seu irmão? Não ganha nenhuma pensão?
— Não. Não recebo nada além do meu trabalho. Mas conseguimos nos virar muito bem.
— Muito bom. Queria que meu filho tivesse apenas um pouco da sua maturidade. Me perdoe por ele ter feito o que fez. E gostei do que você disse pra ele.
— O senhor ouviu?
— Quase tudo. Ele merecia ouvir isso de outra pessoa que não fosse eu, e minha esposa.
— Me desculpe, eu estava nervosa. Na verdade, eu também tive minha parcela de culpa.
— Você nunca pensou em colocar um aparelho auditivo no seu irmão?
— Estou batalhando pra isso. Eu guardo tudo que posso, mas o tempo vai passando cada vez mais. Os exames são caros, e pelo sistema público de saúde, bom, o senhor sabe...
— Acho que nem me apresentei, sou Raul Schmidt.
— Raul Schmidt? Das indústrias Schmidt? – pergunto admirada. Quem diria que um homem como ele seria tão simpático?
— Sim. Eu gostaria muito de ajudar vocês. Seu irmão, é uma criança linda e adorei sua história. Aqui, tome meu contato, quando precisar de algo, é só me ligar.
— Imagina senhor Schmidt, eu estou bem. O que importa, é que o Luke está bem. – digo sem jeito, com a sua ajuda.
— O que o irresponsável do Igor fez, não tem preço. Vou fazer ele pagar por suas imaturidades.
— O senhor não precisa se preocupar. Estamos bem.....
— Amiga! – entra Alice correndo no quarto.
— Oi Ali. Estou bem. – digo, tentando acalmá-la. Ela percebe que há outra pessoa no quarto e se controla.
— Ui! Me desculpe, eu não sabia que tinha visitas. Você não é o Raul Schmidt? – ela pergunta admirada, de uma maneira nada discreta.
— Sou sim. – ele responde, com um sorriso.
— Não sabia que você era tão importante? – ela diz enquanto se vira pra mim, perguntando.
— Na verdade, meu filho que causou todo esse transtorno. Se me derem licença, vou indo. Não esqueça sobre o que te falei. – ele diz se levantando, enquanto me estende a mão.
— Como eu disse, o senhor não precisa se incomodar, estamos bem. Obrigada.
Ele sai, deixando nós três no quarto. Alice se vira para mim com a boca aberta:
— Espere aí! O gato do Igor Schmidt, atropelou você?
— Sim. – respondo de mau humor, lembrando daquele rapaz ridículo e presunçoso.
— E ele te socorreu? – ela pergunta ainda mais afoita.
— Sim.
— Que romântico! – ela diz se jogando ao meu lado na cama, o que me fez fazer uma careta de dor pelo tornozelo machucado.
— Não pira! E ele não tem nada de gato, um idiota, convencido, irresponsável. ...
— Gostoso, rico, e pegador. Tem fama de ser bom de cama...
— Pelo amor de Deus. Ainda bem que o Luke é surdo. E nada do que você me classificou, interessa. – respondo dando de ombros.
— Isso porque você é virgem.
— E se depender dele, continuarei. Ele não faz o meu tipo.
— Você nunca pegou ninguém, e ainda quer um tipo? Você só se interessa por certinhos. Isso é chato.
— Eu não gosto dele. E aquelas tatuagens me dão medo.
— Medo ou tesão?
— Cala a boca. Se eu pudesse te daria um chute.
— Mas como não pode, continuarei aqui. Vou dormir aqui hoje. Minha mãe vem pegar o Luke depois. – ela diz, enquanto faz um carinho nos cabelos do meu irmão.
— Graças à Deus, que nada aconteceu a ele. Ele é tudo o que me restou, daquele projeto de família que eu tinha. – digo com os olhos marejados.
— Mas agora, você tem a gente. – ela diz com um sorriso exagerado.
— Obrigada por tudo. – digo, abraçando-a.
— Amigas sempre.

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