Acha mesmo que te amamos?

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Dois anos atrás, ou seja quando eu tinha 12 anos.

Dia perfeito para ir a escola, a ironia mandou um oi, levantei fiz o de sempre: tomei banho, me troquei, penteie meu cabelo, cansei meu tênis, peguei minha mochila e fui pra escola.

Lá rolou o de sempre: zzz,zzz,zzz, intervalo,zzz,zzz e finalmente larguei, vim para casa muito alegre pois hoje iríamos ver meus avós, apesar de morarmos perto deles mau íamos visita-los, abri a porta de casa e me deparei com minha mãe chorando no sofá e o meu pai tentando a consolar, não faço idéia do que tinha aconhecido mas sabia que tinha que tentar ajudar de alguma forma, larguei minha mochila no chão e sentei ao seu lado.

- mãe o que aconteceu?

- sai daqui Mirella, você o está vendo que sua mãe tá mal?

- desculpa pai só queria ajudar.

- ajudar? Você? Faça-me rir.

- por que pai?

- por que você é uma simples inútil que não sabe fazer nada, em o que vai ajudar?

- er...não sei talvez se eu soubesse do que ouve poderia tentar ajudar.

- seu avô morreu, feliz? Minha mãe me olha.

Meus olhos enchem de lágrimas que não êxito em deixa-las cair.

- o...vovô...o que íamos visitar hoje?

- não o que mora em Marte, claro né Mirella. Meu pai grita.

- desculpa poderia ser o seu pai.

- Mirella me faz um favor, vai pro teu quarto e não sai de lá até chamarmos.

- es...está...está bem.

- vai.

Me levanto e saio correndo para o meu quarto, me deito na cama abraço meu travesseiro e começo a chorar, choro...choro...e choro mais, até que alguém bate na porta.

- oi.

- Mirella vai se arrumar para o enterro.

- está bem.

Me levantei, tomei banho, me troquei e chamei o Geovane para o velório, ele era e ainda é meu melhor amigo, ele vem até minha casa e fomos para o velório.

Chegando lá, vi meu avô no caixão, eu não falei nada apenas engoli o choro e fiquei lá, todo mundo se abraçando, chorando e eu lá no meu canto, ninguém vinha me dá uma abraço, mas permaneci lá parecendo firme mas por dentro desolada.

Teve o velório, palavras dos familiares e depois o enterro, continuava lá seria até que o Geovane percebeu como eu estava e me abraçou, aquele abraço apertado que acaba com qualquer um...

Desabei em seus braços e chorei, chorei muito e ele apenas me abraçava, acariciava meus cabelos e dizia que tudo ia ficar bem no meu ouvido.

O velório acabou, todos foram pra suas casas, aí eu pedi para o Geovane dormir na minha casa e ele não pode e então foi pra sua casa.

Tomei banho, vesti meu pijama e fui pra sala, meu pai estava ao lado da minha mãe e ela estava chorando.
Como ela tava chorando resolvi tentar ajudar, sentei ao seu lado e a abracei, mas ela me empurrou forte e eu caí do sofá e bati a cabeça na estante.

- sai daqui. Ela grita.

- desculpa. Falo chorando, sinto o sangue escorrendo pela minha cabeça.

- bem feito.

- Mirella sai daqui, acha mesmo que queremos você aqui, acha mesmo que te amamos, que amamos um acidente  que era para estar morta agora em vez de aqui atormentando nossas vidas.

Me levantei e sai correndo para o banheiro, entro e fecho a porta com toda a força, a tranco entro no box e ligo o chuveiro para tirar o sangue da minha cabeça, começo a chorar me encosto na parede e sento no chão, olho para frente e vejo que tem uma gileti caída no chão, a pego e corto o meu braço, sinto uma dor confortante, não sei explicar muito bem mas aquela dor me confortou de uma maneira estrema, não me cortei apenas uma vez sim várias em todo braço, a dor era visitante mas fazia cortar cada vez mais, o sangue no chão misturado com lágrimas e água que caiam suavemente pelos meus braços o que fazia arder, era confortante, era divertido, era como nunca tinha me sentido.
Não me lembro muito bem o que aconteceu, só lembro de acordar com meu pai me chamando:

- Mirella acorda, hoje tem escola.

- posso não ir hoje, por favor.

- não você vai, pago escola para você ir não para ficar em casa.

- mas...

- mas nada levanta e passa pro banheiro.

- certo.

Me levantei e fiz o de sempre, coloquei um moletom preto e fui a escola.

Todos me olhavam estranho como se nunca tivesse me visto.

- amiga o que foi?

A Thaisa, minha melhor amiga, veio e perguntar.

- não é nada!

- você está bem?

- eu estou bem!

- tem certeza?

- tenho certeza!

- então tá.

Como ela não percebeu?
Eu estava praticamente gritando por ajuda.

Fomos pra aula, passou super rápido, fui pra casa, não tinha ninguém, entrei no meu quarto, me sentei no canto e com os braços no rosto chorei, o Geovane rapidamente entra no quarto, ele tem a chave da minha casa.

- o que é isso princesa?

Ele se aproxima e se abaixa ao meu lado.

- por que você fez isso com você?

Fiquei calada.

- princesa não se machuca.

- ...

- me conta?

Contei tudo o que aconteceu.

- sou um idiota, se eu tivesse dormido aqui você não teria feito isso.

- não você o tem nada a ver com isso.
Ele me abraça forte e eu choro ainda mais.

- sabe de uma coisa princesa?

- o que? Falo limpando alguns lágrimas do meu rosto.

- vou te chamar de bê agora, você não é mais uma princesinha.

- ok, então vou parar de te chamar de Geo.

- já era hora, odeio esse apelido.
Eu rio.

- então vou te chamar de senhor nutellinha.

- não me chama a sim na frente de ninguém.

- vou chamar sim.

- bê?

- Oi?

- vai ficar tudo bem!

Ele me faz cafune até dormir.
...

Garota normal?Onde histórias criam vida. Descubra agora