Capítulo 4

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 Capítulo 4 

 O garoto suspirou cansado e sentou em um dos bancos do gigantesco hospital que mais parecia um shopping e com certeza não aceitava seu plano de saúde.

Sua boca doía, seu pênis e sua costela latejavam, ele estava enfurecido e ainda nem havia se recuperado do maravilhoso passeio de moto na ida ao local, fora que eram quase cinco da tarde e ele não tinha comido nada além de bolachas de água e sal. Seu estômago estava tão frustrado quanto o dono.

Isso tudo por que Taylor o levou para fazer clareamento dentário, na dermatologista, nutricionista, oftalmologista e todos os médicos que ela disse ser “essências” se quisesse matar a “aberração nerd grotesca barra professor de historia dos anos sessenta” que existia no garoto. Isso deveria ter levado dias, mas a garota só precisou anunciar que era Taylor Hemsworth na recepção e então passou na frente de todos os outros pacientes que esperavam uma consulta.

 Harry desconfiou que a garota fosse uma mafiosa temida por todos, faria sentido, mas era uma ideia muito fictícia que tirava toda sua credibilidade intelectual, então, optando pelos fatos, que incluíam a moto da loira ser uma das mais caras fabricadas no mundo, ela estudar na melhor instituição de ensino de Londres, e usar, aparentemente, roupas de grife, ela devia ser com certeza parente de alguém com grande credibilidade ali. Ele iria pesquisar em outra ocasião. Mas naquele momento só queria mandar a menina pro sexto dos infernos, porque o quinto não era suficiente.

Não que ele não estivesse agradecido pela garota o ajudar – e não estava, pelo simples fato de aquilo ser uma troca de favores - ou o levar naquele hospital terrivelmente caro e pagar tudo mesmo com a teimosia dele para que ela não o fizesse – isso sim foi algo que fez o menino ficar de boca fechada, não que dinheiro aparentasse ser problema para a garota. Mas estar acompanhado de Hemsworth era no mínimo irritante, sem falar desagradável.

A garota nunca sorria, a não ser que fosse para demostrar cinismo ou deboche. Se ria era do próprio comentário depreciativo para com Harry, mas não era bem um riso, estava mais para um “soltar de ar pelo nariz”. Seus olhos marcados de preto eram sempre inexpressivos, frios, sem vida, e ela não disfarçava ao encarar o garoto fixamente, como se tentasse desvenda-lo,  e ele faria o mesmo, se não estivesse ocupado demais encarando os próprios pés morrendo de vergonha sobre o olhar de Taylor. Vez ou outra ele a flagrava encarando o nada, absorta em pensamentos. 

O mais estranho para o rapaz era ver o quanto ela era familiarizada com o local e com as pessoas, talvez ela vivesse doente e frequentasse demais o local ou fizesse muitos check-ups, mas mesmo assim ia além disso, ela parecia dona do local, porém também aparentava total desconforto em estar ali, e o garoto percebia isso pelo modo apressado que ela agia, querendo acabar tudo o mais rápido possível.

Ela entrava, cumprimentava os médicos, que se mostravam surpresos e preocupados ao vê-la, apresentava Styles como um amigo do colégio, sorria mecanicamente e esperava a consulta ter fim e então simplesmente saia andando em passos largos após se despedir dos doutores, que lhe olhavam com um misto de compreensão e pena. O garoto se sentia completamente perdido diante daquela atmosfera tão tensa.

 Mas para Harry o mais surpreendente era ver como ela era extremamente educada. Ela tinha classe, esbanjava poder:  No andar, no modo de falar , tudo nela a fazia similar à uma princesa das trevas e o menino de olhos verdes não sabia o porquê de notar aquilo, ou se importar, talvez o que o tivesse intrigado fosse o fato de que ele esperava que a garota tivesse um comportamento bárbaro, típico de roqueiros mal educados e ” foda-se o mundo, vou colocar System Of A Down no volume máximo e me drogar”.

 Entretanto apesar de esse jeito desleixado e “estou pouco me ferrado para os seres humanos” que ela mostrava-se adequa, ele via que a garota parecia saber um livro de etiqueta de trás pra frente, e era sempre respeitosa com os outros. Isso obviamente não se aplicava à ele, e talvez à nenhuma pessoa do Rosewood.

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