Cápitulo 5

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Cápitulo 5

Harry esperava que aquele furacão de vestimentas não fosse para ele, mas a julgar por Taylor pecorrendo a loja e catando cada peça masculina de seu agrado, e em seguida jogando-as sobre o garoto, que já não via por onde andava, elas definitivamente eram.

Ao entrar naquele complexo de lojas, onde um par de meias valia mais que sua alma, o menino de olhos verdes quis voltar correndo para o bom e velho brechó da senhora Hastings. 

Tudo bem, ele estava subestimando sua alma, mas ele sabia muito bem que teria que vender os dois rins no mercado ilegal de orgãos para comprar pelo menos duas peças de vestuário em qualquer um daqueles estabelecimentos. 

E para aumentar ainda mais o descorforto do garoto, todas as madames, garotas milionarias e homens de alta classe, alguns muito metrosexuais, o encaravam como se fosse um ET. No caso um mendigo ET e sem senso de estilo. 

Ele tentara se subrepor à loira mas ela o ignorou e continou em direção à primeira loja. Nada muito inusual para ambos.

Aquele já era a quarta loja e em todas o garoto havia ficado soterrado sobre roupas e acessórios chiques. 

Eles haviam tido alguns pequenos diálogos, se é que se pode chamar assim, ao longo daquela tarde quando ela o pegou em sua casa com sua Land Rover branca - acompanhada de seu motorista bonitão que a cada troca de lojas levava as compras efetuadas para armazena-las no carro.

Em uma dessas trocas de palavras, o garoto havia pedido para que ela não vestir nenhuma roupa que o fizesse parecer um garoto propaganda, algo como blusas da Hollister com o nome da marca estampado na parte frontal que para ser mais sutil só faltava ser em neon que brilha no escuro, o que arrancou um pequeno risinho da loira, que pela primeira vez não foi debochado ou desdenhoso, foi apenas um riso comum e natural. Após isso ela refez sua carranca corriqueira.

Ela o havia feito experimentar todos  tipos de coisas possíveis e o menino tinha que admitir que ela tinha bom gosto. Pelo menos não o fez vestir nada "punk macumbeiro" ou "rockeiro endemoniado", e ele agradeceu por isso.

O que tinha deixado o garoto um pouco mais animado com tudo aquilo, foi a permissão que ele teve para intervir e criar seu próprio estilo, permissão essa que só foi concedida após muita insistência e promessa, por parte do rapaz, de que não haveria nada de seu antigo visual "professor velho de decádas passadas" envolvido.

Mas Taylor já estava se arrependendo armagamente da ídeia 

de ser legal com o menino. Harry realmente não tinha jeito para se vertir. Não um jeito normal.

O menino se emperiquitava, misturava listras com xadrez, pegava blusas com estampas duvidosas para homens e calças apertadas demais. 

- Styles, você já pode virar uma Angel da Vitoria's Secret, assim já admite logo sua homossexualidade evidente nessa camisa - A loira falou assim que viu o garoto sair do provador vestindo uma camisa azul escuro de corações brancos.

 O movimento da loja era calmo e, encostadas sobre o balcão de vidro bem polido, próximo aos largos provadores existentes no extremo direito, onde o garoto e Taypor se encontravam, algumas funcionárias riram baixinho ao escutar o comentário.

O menino abaixou a cabeça encarando os próprios pés. Já havia se acostumado a ser xingado. Gay, perdedor, CDF, estorvo, pobre e tudo mais. Os risinhos debochados faziam parte do pacote "acabando com a vida do infeliz" também. Procurava não ligar pra isso, mas as vezes doía tanto quanto ser espancado. Desde pequeno ele nunca soube lidar com críticas. Era um garoto sensível e isso o fazia ainda mais revoltado consigo mesmo. Porém ele tinha planos para o futuro e precisava se focar para alcançar seus objetivos, ligar para tantos insultos não o levaria a lugar nenhum, e sua mãe precisava dele e merecia seu esforço.

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