Capítulo 3

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Capítulo 3

A noite era fria e aconchegante. Nenhum barulho a não ser o latido intercalado do cachorro do vizinho, que ecoava solitário na madrugada.

Harry já se revirava na cama à horas, a duvida rondando sua mente e tirando o sono. Ele ainda podia ver os olhos azuis da loira lhe encarando esperando a resposta para a tal proposta , que não fora dada.

Naquela manhã, antes mesmo que ele pudesse dizer qualquer coisa, sua mãe invadiu a enfermaria revoltada com a decisão do diretor de manter os agressores no colégio, e apenas dar à eles detenções.  Como uma boa mãe enfurecida, Anne puxou o garoto para fora do colégio e arrancou com seu Cadillac Seville begie, mandando educadamente o dirigente do Rosewood para todos os similares de inferno e orifício anal.

Sendo assim nada foi aceito ou negado o que foi um alívio para o menino, que teve tempo para pensar nos prós e contras, porém esses pensamentos já estavam tirando o seu sono e isso o estava irritando.

Ele lutava consigo mesmo por uma decisão. Parte de si estava dizendo para parar de ser um idiota meticuloso e aceitar a maravilhosa ajuda para não ser mais um idiota repelente de pessoas, mas a outra parte gritava para ele que Taylor era sinônimo de "problema sem volta" e que ele acabaria se ferrando para o resto da vida. Ele tinha certeza de que essa era a verdade, mas a vontade de, pelo menos uma vez, ganhar a garota, era tentadora demais.

O problema era que, baseado nas experiências cinematográficas que já havia assistido, esse tipo de coisa nunca dava certo no final, pelo menos não cem por cento, o que o amedrontava, pois caso isso estivesse correto, alguém teria sequelas de tal ato.

Será que valia a pena? Ele era forte, poderia muito bem se manter firme sem se meter com substancias ilícitas ou qualquer outra coisa que aquela garota pudesse ter e fazer que o prejudicasse, certo? Pelo menos ele gostava de acreditar que sim.

Seus machucados latejando eram um bom incentivo a aceitar a proposta. Ele estava esgotado daquilo tudo. Não aguentava mais ser o saco de pancadas de todos os atletas daquela instituição e até mesmo dos vizinhos e dos próprios nerds ricos, que adoravam ter alguém que os fazia se sentir superior fisicamente.

E ele não podia fazer nada quanto a isso, apenas fechar os olhos e esperar tudo acabar.

Mas aceitar a ajuda de Taylor era uma chance! Uma chance de ser alguém, de ter amigos, de se destacar e ser um pretendente à altura da garota pela qual era apaixonado.

Era muita informação e precaução para digerir. Mas em meio a tanta indecisão ele finalmente soube o que faria, e conseguiu pegar no sono pouco antes do sol nascer, se não fosse o maldito cachorro, poderia ter sido mais cedo.

¨¨

Mais tarde naquela manhã, Harry acordou com sua mãe entrando no quarto, carregando uma bandeja de café da manhã com as coisas favoritas do filho. Mesmo estando exausto e não tendo dormido mais que três horas a noite toda, o menino sorriu para a mãe, se arrependendo logo em seguida por sentir seu machucado no lábio abrir com o ato e por conta da boca estar extremamente ressecada. O gosto de ferrugem se fez presente em seu paladar e o garoto praguejou baixo, pegando seus óculos no pequeno criado mudo e os colocando.

- Bom dia, Mãe – disse, assim que conseguiu enxergar Anne,  com a voz extremamente rouca e sentiu como se sua garganta estivesse rasgando. Tossiu algumas vezes e sentiu um gosto amargurar sua boca – Maravilha! Um resfriado!

- Já esperava por isso, querido. – a mãe disse sorrindo doce e colocando a bandeja sobre o criado mudo.  – Os remédios para os machucados e resfriado estão aqui – falou estendendo à ele uma sacola de farmácia azul, antes pendurada em seu braço – Coloque gelo nos mais doloridos e roxos. – apontou para as bolsas de gelo amarelas que estavam na bandeja – Deixei o almoço pronto na geladeira e suco de abacaxi no frízer. Volto no horário de sempre. Se cuide e tente não passar o dia enfornado na cama. – depositou um beijo na testa do menino e saiu apressada, para não se atrasar para o trabalho.

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