Continuando

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Acendam cada vela com algumas palavras de invocação. Acendo esta vela para________ (aqui expressem o plano escolhido ou o desejo). Uma bruxa solitária terá no
máximo três pequenas velas ao redor da maior (para o máximo de concentração, apenas três
exorcismos ou desejos). Cada par terá três velas.
Suas invocações devem ser para o bem daqueles que os cercam, e para a vida em
geral, sejam elas para suas próprias necessidades ou para outras pessoas. Isto é, devem ser
harmoniosas, favorecendo os melhores interesses. As bruxas têm uma só ordem, chamada Conselho
das Bruxas, mas é inequívoca: "Não faça o mal a ninguém." Não acredito que qualquer um de vocês
usaria algum feitiço para controlar ou manipular a vida de outra pessoa. No entanto, os erros
acontecem, inadvertidamente, pois, nós, mortais, nem sempre sabemos a melhor solução para resolver
todas as situações. E há outra crença: "O que você enviar retorna a você, triplicado, seja para o bem ou
para o mal."
Invocações em prol da paz de espírito ou de paz na terra em favor de curas, ou para que um
amor (não nomeado) venha a seu encontro, ou que você ou um terceiro se cure do vício do fumo (ou
qualquer outro vício), obviamente nunca provocam qualquer mal. Mas nenhum feitiço deve ser
praticado sem uma profunda consideração de todas as implicações sobre o sucesso dos resultados. Não
é correto interferir na autonomia de outra pessoa, e alguns feiticeiros acham que mesmo um passe
visando a cura não deve ser praticado sem a permissão do interessado. Não é má idéia ter cautela, pois
a magia sempre causa um efeito e pode resultar num "tiro pela culatra".
Acima de tudo, lembrem-se da existência da Mãe Terra, pois vocês são sacerdotes ou
sacerdotisas da magia natural. As necessidades humanas devem ser cumpridas, mas nunca às expensas
do meio ambiente, nem ignorando as necessidades da Terra. Seria a traição de seus verdadeiros papéis.
Após acenderem as velas, é bom trazerem uma oferenda e colocá-la no altar, dedicada à Noiva. Deverá
ser algo que inspirou vocês anteriormente: um objeto de cerâmica, um bordado, uma canção ou um
poema, um quadro, uma idéia sobre algo ligado aos seus trabalhos, um pedaço de metal trabalhado ou
madeira esculpida, o que for possível. Coloquem no altar, agradecendo. Este gesto simboliza a
dedicação de todo trabalho futuro à Deusa.
Concluam o ritual com uma comunhão, uma união entre a Deusa e o Deus, comendo pães
ou bolos e bebendo vinho, que tenham coberto levemente com as mãos para pedir a bênção e
torná-lo sagrado. (Se, por alguma razão, não quiserem beber vinho, ou não o tiverem em casa,
pode ser usado um caldo de frutas. Até água serve, mas é melhor com algumas gotas de vinho
ou essência de maçã, pois conduz a uma comunhão alegre, não a uma pequena ração de
prisioneiro!)
Qualquer festa ritual de Lua Cheia deverá terminar com a comunhão. Não uma
paródia da comunhão cristã, já que é muito mais antiga. Trata-se de um reconhecimento do
amor entre a Deusa e o Deus, que construíram o mundo, o pão e o vinho, e em cujos nomes trabalhamos. É um modo de nos ligarmos a eles, à vida.
Falei muito sobre a Deusa e o Deus em cujos nomes trabalhamos. Mas quem são eles?
Este é assunto para a próxima carta, pois existe muito a ser dito, já deveria até ser mencionado
antes. Mas tenho certeza de que vocês gostariam de saber o que fazem as bruxas, no Sabá
atual. Procurei dar-lhes alguma idéia, em termos simples, de como trabalha a bruxa solitária.
Enquanto isso, pensem sobre a Deusa e o Deus como primeiros pais arquétipos de toda
a vida: não construindo o mundo em um momento e depois ficando distantes da criação; mas
continuamente envolvidos e envolvendo, ativos e também abordáveis por meio da poesia, do
mito e da investigação interior.
Espero ter esclarecido algumas coisas.
Não pretendo que vocês desempenhem todo aquele ritual que expliquei. Isto ficará
para o próximo Dia da Noiva. Como eu ainda não descrevi o lance do círculo, as instruções
não estão completas. Entretanto, gostaria que praticassem uma versão simples, se quiserem.
Acendam velas, meditem, pensem acerca dos sentimentos desta época do ano, e o que os
inspiram a fazer.
Vou lhes contar logo como lançar um círculo, para que possam praticar o ritual inteiro,
se assim o desejarem, antes da iniciação. Vocês talvez queiram saber por que precisam da
iniciação, se podem trabalhar com magia, venerar, fazer tudo, enfim, sem ela. Bem, uma
resposta é que esta já é uma iniciação. Vocês, de certo modo, se tornarão iniciados no
momento em que primeiro celebrarem o movimento das marés e o fluir das estações. A auto-
iniciação total, formal, no sentido que discuti, é o primeiro passo para o caminho da entrega.
Antes, vocês ainda podem voltar atrás. Quando chegarem perto, saberão se querem ou não
continuar.

Recebam minha bênção.

A Bruxa Solitária Onde histórias criam vida. Descubra agora