Não sei exatamente como tudo aconteceu mas também não me importa fazer uma ordem cronológica das coisas. A única coisa que sei é que depois daquele dia um mês se passou, e quando me vi, eu estava mudado e ela estava de volta: ela era novamente Ana Paula e me encantava.
A cada dia que se passou, uma nova história parecia estar sendo escrita tanto para mim quanto pra ela, e a prova disso foram os bons momentos que passamos juntos, tanto que nem sei enumerar. Porém algo aconteceu no final daquele mês. Ana Paula não estava sendo mais a mesma, parecia estar sendo assombrada por alguma coisa que eu não sabia o que era, mesmo que desconfiasse. Mas nunca imaginei que as minhas dúvidas se tornariam as verdades que se tornaram, quando a encontrei deitada na cama olhando para o teto. Ela estava chorando e, mesmo comigo perguntando a todo instante o que estava acontecendo, ela não me respondia.
Isso se tornou quase que habitual e eu não estava mais suportando. Ana Paula me surpreendeu algum tempo depois quando fez com que todas as juras de amor fosse por água abaixo em apenas uma atitude: ela estava se encontrando com vários amigos meus e eu nem sabia disso. Apenas quando um deles deu a entender foi quando descobri, mas de certa forma já sabia o que estava se passando, e quando a confrontei não explodi a raiva que estava sentindo. Perguntei o que ela pensava da vida e ela simplesmente me disse que a vida era assim e que eu tinha que entender. Mas eu não entendia, por mais que tudo o que aconteceu pudesse justificar aquela atitude.
- Eu não consigo mais fingir que sou eu mesma. - ela disse. - A Natasha dentro de mim precisa e quer ser ouvida...
- Mas você não é Natasha, você é Ana Paula!
- Eu sou as duas, e ao mesmo tempo não sou nenhuma delas. A única coisa que quero é não pensar em nada e agir sem pensar nas consequências!
- Existem consequências e você precisa aprender a lidar com elas. Não está vendo tudo que aconteceu desde que nos encontramos? Cada atitude sua está mudando sua vida, mas o mesmo tempo está deixando-a como ela sempre foi. Você me disse que era uma menina que agia de acordo com uma imagem, e continua sendo a mesma coisa. Antes você era pintada em tons suaves e hoje eu só vejo tons fortes em você. Você precisa definir qual o tom da imagem que você quer que seja a sua imagem, se não, não terá futuro, não terá presente e nem passado...
- Lucas, tudo é muito complicado pra você entender...
- Não, não é! Você está complicando as coisas! Elas são simples! Você só precisa entender isso de uma vez por todas.
Dizendo aquelas palavras, a deixei no quarto sozinha e fui pensar na minha própria vida, nas mudanças que estava sofrendo e eu nem percebia, mas sabia que de era por causa dela.
Talvez o que Ana Paula precisava naquele momento era retomar o passado. Sim, havia uma lacuna no seu passado e ela sabia disso, mesmo que fizesse todo esforço do mundo para esquecer. Ela precisava encontrar sua verdadeira origem, saber quem era a mãe.e entender o porque havia sido abandonada.
Por isso, me encontrei novamente com pai dela. Ele me disse quem era e onde morava a verdadeira mãe de Ana Paula. Quando encontrei-a, tentei recuperar um assunto que a gente já havia tocado: a busca pela verdade de tudo o que havia acontecido. Ana Paula me surpreendeu quando decidiu aceitar ir atrás de sua origem, e no dia seguinte, estávamos diante da casa da mãe dela. Era uma casa humilde, bem diferente da que ela morava. Percebi que o ela estava ansiosa, mas ao mesmo tempo, receosa. Olhou pra mim com olhar de criança que parecia estar prestes a entrar no primeiro dia de aula e abandonar o convívio com os pais. Sorri de volta, mesmo que não houvesse um sorriso sequer em seu rosto.
Soltei sua mão, deixei-a de lado. Ela sabia que era o momento. Tocou a campaInha e uma mulher exatamente igual a ela atendeu a porta. Ela estava diante da mãe. Diante de um passado que ela lutava tanto para esquecer, mesmo que soubesse de sua existência recentemente.
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NATASHA
Short StoryAna Paula, uma garota que abriu mão de si mesma em prol de mentiras e ilusões,parte em busca de sua verdadeira identidade. Será que ela consegue? Será que quando desejamos ser outra pessoa, conseguimos realmente abandonar quem sempre fomos? "Era Ana...