Capítulo 12

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Paulo Guerra POV:

-Paulo...-Marcelina disse caminhando até mim.

-por que não me contou,Marce? Prometemos que nunca íamos esconder nada um do outro!-falei num fio de voz. Mesmo com a ira no meu peito, o fato de ter sido enganado por Marcelina, a pessoa que eu mais confiava no mundo,era ainda pior.

-eu não entendo....o que houve?-ela disse confusa.

-o que houve?-falei sarcástico- isso foi o que houve....-gritei jogando o envelope e o papel sobre ela que se assustou e logo após pegou o objeto e leu. Por algum instante ela parecia imóvel até que vi lágrimas em seus olhos e ela me olhou suplicante.

-Paulo...nos íamos te contar...

-quando Marcelina?  Quando eu recebesse meu diploma e a porra do meu nome verdadeiro aparecesse lá?

-fica calmo,por favor...

-para de se fingir de boazinha,por que você não é... eu to pouco me fodendo para meus "pais" -falei irônico. -eu confiava em você, tinha você como minha confidente, mas você cagou tudo,marce...-eu comecei a passar as mãos pelo meu cabelo, nervoso. -não acredito que passei minha vida toda te chamando de irmã, você não é nada pra mim!-eu praticamente cuspi as palavras e Marcelina me olhou incrédula.

-nossa,muito obrigado, irmão....-ela falou jogando a carta no chão. -acha que é fácil saber que o garoto que cuidou de você desde que nasceu não é seu irmão de verdade?

-acha que é fácil saber que eu sou adotado? -bradei irritado. -porra,marce...quem são meus verdadeiros pais? Por que esconderam isso? Merda, eu tenho 19 anos e nunca desconfiei dessa porra toda!-a cada palavra uma nova lágrima brotava em meus olhos. Eu sentia tudo desmoronar. Num momento eu havia encontrado paz e amor nos braços de alicia,e agora,eu descubro que fui adotado.

-eu sei que é difícil, mano...-a menor disse mais calma. -e eu nem sei como você soube,por que ninguém do orfanato sabia do nosso paradeiro. O papai e a mamãe pediram total sigilo, eu não entendo...

Ela disse mais para si mesma do que para mim e a preocupação dela com essa família de bosta ao invés de mim estava me dando nos nervos.

-essa carta não foi do orfanato...

-não? -ela perguntou parecendo feliz. -então de quem foi?

Eu olhei pra ela sentindo nojo daquele rosto fofo e ridiculamente inocente. Soltei uma gargalhada que fez ela se encolher.

-quer saber, maninha, foda-se...você não é minha irmã,não é da minha família, não é da sua conta...escaladora de meio fio...

Ela me olhou de olhos arregalados e começou um choro silencioso que se não fosse pela raiva,talvez me comovesse.

Eu caminhei até meu quarto e coloquei uma boa quantidade de roupa na mochila, coloquei as mesmas nas costas e sai.

-onde você vai?-ela perguntou me seguindo até a porta.

-se você fosse minha irmã de verdade talvez eu te falasse....-falei sem olhar pra ela entrando no elevador sendo seguida pela mesma que ainda chorava.

-Para de ser infantil e volta pra casa Paulo,que merda....

Eu não falei nada apenas sai do elevador entrando no carro ignorando os gritos e soluços de Marcelina que chorava e batia no vidro.

-Paulo, para com isso por favor, volta pra casa...não me deixa sozinha..

Meu coração apertou ao ver sua voz embargada, seu rosto banhado por lágrimas,mas nada me faria voltar atrás,então apenas acelerei e fiquei observando pelo retrovisor minha "irmã"  cair de joelhos no asfalto e chorar como eu nunca tinha visto antes.

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