7 dias depois de sua morte

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7 dias. Faziam 7 dias que ele havia se partido, 7 dias que eu não conseguia acreditar que ele tinha morrido, 7 dias que não conseguia dormir bem sem pensar em seu sorriso. É verdade, Shade Barrow faz muita falta na minha vida. Aquele jeito de ser brincalhão nas situações em que eu estava com nervos à flor da pele ou quando eu estava muito zangada com o Coronel ou até mesmo quando acariciava a minha cicatriz e dizia que era a minha marca como Capitã. Só quando as pessoas morrem que você percebe a falta que farão.

Estava na hora, eu precisava ir no túmulo contar a um morto a novidade, a vida que teríamos se nada tivesse acontecido, se o infeliz do Samos não tivesse o matado, se a Mare não tivesse sido... Arg! Respirei fundo e finalmente, depois de ter afundado em meus pensamentos, me levantei da cama. Olhei de um canto a outro no quarto para ver se encontrava um ponto vermelho, olhei no banheiro, na escrivaninha, nas gavetas e nada de encontrar aquela linda rosa vermelha que havia pegado para deixar em cima de sua cova. Que ódio do Ptolemus! Ele deveria ter morrido. Na próxima não escapa.

Olho para trás e vejo a rosa em cima da cama, era vermelha como o nosso sangue, vermelha como a aurora. Respiro fundo e pego a rosa, a coloco dentro minha jaqueta e saio do quarto em direção para o cemitério onde havia sido o enterro. Coelhinho, estou com tanta saudade... Como queria poder te abraçar.

Depois de passar por todos os corredores daquela ala que mais parecia um labirinto de rato, cheguei, finalmente, ao cemitério. Era amplo, mas não tão grande, tinhas poucas plantas distribuídas aleatoriamente, algumas partes sem grama outra com pequenos ramos. Olhando tudo aquilo parecia tão normal, ninguém sabia que era um cemitério de integrantes da guarda, na verdade, todos sabiam, menos as crianças.

Adentro o cemitério como se estivesse fazendo uma varredura por ele, vendo se não havia nada de errado com um monte de gente morta. Eles apenas estão... mortos. Bem, depois de muito andar e desviar os olhares de qualquer um que estivesse me olhando, fico atrás de uma árvore. Coloco meu capuz e fecho os olhos, respiro fundo, estava pensando em Shade e naquele jeito brincalhão dele, aquele jeito que me deixava super irritada, mas não conseguia deixar de dar uma risada depois. Nunca pensei que iria me apaixonar por um bobo como ele, sempre achei que meu pai iria querer que eu namorasse o Crance ou alguém filho de um General do Comando e, assim, ter uma família, mal sabia ele que Shade iria entrar no caminho e estragar todo o plano nele, ou não, nunca se sabe o que passa na cabeça do Coronel.

Abro os olhos e volto a olhar a escuridão que estava mais clara pelo fato de que minha pupila ficou dilatada, ou seja, se acostumou com as sombras. Enfim, coloco minha mão na barriga e dou uma leve acariciada com um sorriso.

— Meu bebê... Vamos falar para o papai sobre você – digo olhando para minha barriga e ando para sua lápide.

   Shade Barrow
Irmão, filho, amigo
      301 - 320 NE

Olhei para aquela lápide e me agachei, colocando meus joelhos no chão lentamente, sentindo cada grãos de terra se espremer pela força do meu joelho. Nesse momento retiro a rosa do meu casaco e beijo sua ponta, colocando na terra como se fosse um feijão num copo d'água e algodão. Olho para baixo pensando em todos os momento que tivemos e falo:

— Lembra naquele dia, menos de um mês antes de sua morte?

Flashback on

Estava em meu quarto olhando alguns relatórios da guerra e percebo a quantidade de mortos desde que  conheci a Mare para cá, ja havia sido alarmada pelo meu pai, mas depois de um tempo a ficha cai e percebemos que o que fizemos poderia ser em vão ou não, poderia ser dependente de mim, poderia acabar com a única chance que teríamos de igualdade e respeito se algo desse errado. Afundei minha cabeça em minhas mãos, fazendo movimentos circulares sobre as têmporas e escuto a porta se abrindo e olhos castanhos claros como caramelo aparecendo na porta.

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⏰ Última atualização: Jul 03, 2017 ⏰

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