Querido ex

Capítulo Três

Caro Cauê,

Só queria te dizer que consegui um emprego! AI MEU DEUS, O MEU PRIMEIRO EMPREGO!

Você sempre disse que não fazia questão que eu trabalhasse, já que meus pais têm uma boa condição financeira e você também, então basicamente eu sempre teria quem me sustentasse. Mas sinceramente? Sempre imaginei como seria ganhar meu próprio salário e finalmente vou descobrir como vai ser isso.

Não sei se você percebeu ou ficou sabendo, mas eu tranquei a faculdade. Na realidade solicitei mudança de curso, mas como estamos no meio do semestre só vou começar no novo curso semestre que vem. Sempre quis fazer jornalismo, mas você dizia que era perda de tempo e me convenceu a fazer administração... PELO AMOR DE DEUS, EU NEM GOSTO DISSO! Me pergunto como fui tão idiota ao ponto de fazer o que você tinha falado, mas vida que segue.

Consegui um emprego no Jornal da Cidade, onde sempre me imaginei trabalhando como colunista no caderno de comportamento jovem. A principio vou trabalhar como recepcionista e telefonista, mas os entrevistadores ficaram tão admirados com a minha redação que a primeira coisa que perguntaram na minha entrevista foi se eu pretendia fazer faculdade de jornalismo e disseram que eu tenho futuro.

Fiquei feliz demais ouvindo isso! Quem diria, nem comecei a estudar ainda e já fui elogiada e tenho uma semi promessa de emprego, porque eles não prometeram nada, mas deixaram meio subentendido.

A noite eu, meus pais, o Lucas e a Larissa saímos para comemorar meu primeiro emprego e devo confessar que há muito tempo não me sentia tão feliz, até que meus pais começaram a falar sobre você:

- Sabe filha, estou muito feliz por você ter terminado o namoro - esse era meu pai falando e você jurava que ele te amava.

- Na realidade foi ele que terminou comigo, né?

- Não importa quem terminou, o importante é que agora vou ter minha filha de volta.

- Mas pai, você nunca me perdeu, para de drama.

- Perdi sim, filha. Você não contava mais as coisas para mim e sua mãe, você se afastou de nós e pra todo canto que ia era com ele. Até pra fazer compra e voltava estressada porque ele não tinha paciência com você.

- Verdade filha - minha mãe interviu - nunca mais vi você usando o estilo de roupa que sempre gostou, porque ele não gostava que você "se mostrasse demais". Pelo amor de Deus, o que tem de mostrar demais em um shorts só um pouquinho mais curto que uma bermuda?

OK! Até a minha mãe estava falando mal de você e isso, absolutamente, não é normal.

- Ta gente, mas não estamos aqui para falar sobre o ex namorado babaca da Olívia. Viemos comemorar o emprego dela. - meu irmão sempre me salvando.

- Até você, Lucas? Achei que o Cauê fosse seu amigo.

- Ele era meu amigo antes de se mostrar um babaca enquanto namorava você, desde que vocês fizeram seis meses de namoro eu só suportava ele por sua causa.

Ta, isso me surpreendia.

- Gente, eu passei dois anos com ele e ninguém nunca me disse que não gostava dele ou que ele me tratava mal, porque agora que a gente terminou vocês falam isso? Teria me poupado de bastante sofrimento!

- Filha, se eu ou seu pai falássemos alguma coisa ia parecer que estávamos sendo pais superprotetores que não querem que a filha namore nunca.

- Se eu falasse ia ser o irmão mais velho ciumento.

- E eu e as meninas, se abríssemos a boca, seria por inveja, ciúme, ou qualquer coisa do tipo. Ele sempre daria um jeito de te colocar contra a gente, Liv. Aliás, acho que ele só estava esperando alguma oportunidade para fazer isso. - finalizou a Lari.

- Se não fosse por todo mundo estar me falando a mesma coisa desde que eu terminei eu diria que isso era coisa da cabeça de vocês, mas vocês são as pessoas que eu mais amo no mundo, junto da Júlia e da Beatriz, eu realmente queria que vocês tivessem aberto os meus olhos. Vocês sabem que eu faria isso se fosse o contrário.

Olha Cauê, eu realmente fiquei chateada porque todo mundo tinha visto a forma que você me tratava antes mesmo de eu perceber o quão tóxico o nosso relacionamento era, e mesmo assim ninguém moveu um dedo para abrir os meus olhos. Talvez se eu soubesse disso desde o começo tudo teria terminado de forma diferente, sem tantas feridas que ficaram.

Eu não guardo sentimento nenhum por você: nem raiva, nem ódio, nem mágoa, nem rancor... Só indiferença. Você conseguiu destruir tudo que eu sentia por você e isso tem me feito ser indiferente a todo resto também. Mas as feridas que você deixou em mim ainda doem... e pelo jeito não há nada que eu possa fazer quanto a isso.

Até mais,

Olívia.