Capítulo dois

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As mãos dele passa entre suas pernas, por baixo de sua saia e ela sente um leve arrepio mas ela não pede para ele parar; o beijo dele é quente e demorado. Ela começa a se entregar de corpo e alma, mas de repente tudo fica escuro e os olhos dele mudam de cor e tudo que ela passa a ver é vermelho; um vermelho tão forte que se confunde com a escuridão.

Rita acorda, assustada e ainda tentando entender o por quê do Adam ter ligado. Olivia preocupada dormiu em sua casa naquela noite, mas Rita ficou tão alerta que não conseguia pegar no sono.

- Estou muito segura mesmo - suspira Rita ao ver Olivia babando ao seu lado na cama.

Sem conseguir dormir, se levanta e pensa em como sua vida se tornou aquela coisa monótona - talvez eu mereça mesmo - pensa ela. Na televisão só está passando os mesmos filmes de sempre, então ela resolve assistir mais um episódio daquela série que todo mundo morre mas mesmo assim todo mundo assiste.

Rita não consegue parar de pensar em Adam - é como se o passado estivesse querendo me destruir de novo, mas dessa vez psicologicamente - lágrimas começam a rolar e sem perceber ela começa a soluçar.

- Você está bem? - pergunta Olivia.

- Que - assustada, Rita enxuga as lágrimas - estou ótima, é esse episódio. Por que o ônibus tinha que atropelar logo o meu preferido?

Rita desanda a chorar, um choro tão descontrolado que ela tenta falar mas Olivia não consegue entender nada.

- Vamos fazer assim, eu vou pegar alguma coisa na cozinha para a gente comer e sofrer juntas assistindo isso, ok?

- Tá bom - diz Rita tentando controlar o choro.

Elas passaram a madrugada assistindo e sempre que Olivia tentava falar sobre a ligação; Rita mudava de assunto. A manhã chegou e Olivia se arrumou para voltar pra casa.

- Você vai ficar bem aqui Rita?

- Claro que vou, é a minha casa. Não precisa se preocupar.

- Mas ele te ligou, ele pode querer vim atrás de você.

- Talvez nem seja ele, eu posso ter confundido as vozes - Rita tentando mudar de assunto novamente - Vamos logo, eu te acompanho até a saída.

As duas vão até a saída se despendem e cada uma vai para uma direção. Rita coloca seus fones de ouvidos e continua a caminhar, esse era um dos seus projetos para tentar voltar à uma vida normal; fazer caminhadas - afinal, pessoas normais fazem isso.

Percorrendo o mesmo caminho de sempre que gastava os exatos 30 minutos fazendo ida e volta, se ninguém a parasse para pedir informações. Lá estava ela com sua camiseta um número maior, uma calça preta bem larga, tênis velhos e o cabelo cacheado num coque tão alto que parecia uma segunda cabeça.

No fone estava tocando um acústico de Russian Roulette, cada passo que ela dava parecia que o mundo ia desabar em sua cabeça - ele vai me procurar, ele vai voltar eu to sentindo e dessa vez não vai me deixar pra contar história, eu estou com medo mas ao mesmo tempo eu quero sentir ele mais uma vez - Rita se perde em seus pensamentos tão intensamente que tropeça e cai. Uma mão se estende para lhe ajudar e sem olhar para o rosto da pessoa ela agradece; e continua a andar.

- MOÇA SUAS CHAVES, MOÇA!

Rita se vira e vê uma jovem loira, tão magra que parece ser de vidro, com os olhos tão azuis que deixaria o oceano com inveja. A jovem continua a gritar, mas Rita está hipnotizada com as feições da jovem.

- Moça? Moça, suas chaves - continua a dizer a jovem

Rita estende a mão - obrigada - ela simplesmente não consegue parar de encarar a beleza da jovem.

- Moça, você está bem? Me parece um pouco pálida.

- Sim, estou ótima. Só preciso me sentar um pouco.

A jovem caminha ao lado de Rita e as duas se sentam no banco da praça.

- Prazer, meu nome é Helena. Sempre te vejo por aqui, como é seu nome?

- Me chamo Rita, ás vezes eu gosto de caminhar - meio sem jeito, ela bebe um gole d'água - muito obrigada por devolver minhas chaves.

- Que isso, sem problemas. Eu vou indo Rita, quem sabe nos encontramos mais vezes, né? - diz Helena já se levantando e acenando para Rita.

- É, quem sabe.

Rita observa Helena se afastando e retoma a sua caminhada - lá se vão meus 30 minutos, o que deu em mim? Nunca fiquei tão paralisada conversando com alguém, estou ficando louca mesmo - a música continua a rolar em seus fones até Rita chegar em casa.

Alguns quilômetros dali Helena conversa com alguém no telefone.

- Já fiz o primeiro contato - diz ela - continuarei com o nosso plano, vamos presentear a sua querida Rita do jeito que ela merece.

DON'T TRY MEWhere stories live. Discover now