Helena se prepara para mais uma caminhada, só que agora acompanhada. Ela e Rita se aproximaram muito depois da morte de Olivia e estranhamente estão se tornando amigas e compartilhando coisas.
Ao toque da campainha Rita já está descendo e indo de encontro com Helena.
- Oi, tudo bem? - pergunta Helena
- Sim e você?
- Estou maravilhosa - o assunto acaba e as duas começam a caminhar.
Depois de quinze minutos caminhando elas resolvem parar numa cafeteria. Helena pede um pão com queijo e café preto, Rita apenas café preto.
- Você não acha que caminhadas em silêncio são mais chatas? - Helena diz
- Que? - Rita faz cara de quem se arrependeu de sair de casa.
- Rita, eu entendo que você perdeu uma grande amiga há duas semanas atrás e que isso é horrível.
- Você não entende nada, você não sente o que eu sinto e muito menos - Rita começa a levantar o tom de voz, mas diminui quando a garçonete se aproxima trazendo os pedidos - Obrigada.
Helena toma um gole de seu café e responde.
- Eu não entendo? Se você tivesse se interessado na minha história e me perguntado alguma coisa saberia que eu assisti meu melhor amigo ser assassinado e mesmo assim estou aqui vivendo cada dia da minha vida maravilhosamente enquanto eu ainda posso - seus olhos se enchem de água e Helena começa a comer para se impedir de chorar.
Rita fica encarando ela com cara de quem não se importa, continua a tomar seu café sem dizer nada de volta.
- Você simplesmente não liga pra ninguém, não é mesmo? Você é a grande Rita vivendo em um mundo onde só você importa e que se foda a dor dos outros, por isso todos à sua volta morrem ou desejariam estar mortos - diz Helena agora chorando.
Rita sem expressão nenhuma diz.
- Eu sou a grande Rita que foi estuprada, aterrorizada psicologicamente e que tentei matar o único homem que eu já amei na vida. Sim, sou a grande Rita que não liga para a dor dos outros porque ninguém ligou para a minha e nunca vão ligar. Sou a grande Rita que sabe que você é amiga ou sei lá o que do Adam e que está aqui pra se aproximar de mim - Helena arregala os olhos - sim, a grande Rita aqui sabe que esse seus olhos são falsos assim como essa peruca mal colocada. E aí? Vai se explicar para a grande Rita ou vai sair da minha vida e me deixar em paz?
Helena fica tão assustada que fica sem voz e enquanto Rita se levanta e sai da mesa ela começa a chorar desesperadamente.
- Acho bom você pagar essa, porque nessa vida eu já paguei muito caro - Rita deixa a conta na mesa e vai embora.
Helena se encontra a chorar e começa a ficar desesperada - ele vai me matar, o que eu fiz de errado? o que eu deixei escapar? - tremendo ela pega seu celular e disca para Adam.
- Alô.
- Adam, ela descobriu tudo - Helena não consegue parar de chorar, suas lentes começam a incomodar e faz ela chorar ainda mais.
- Descobriu tudo o que? O que você fez? - Adam grita com ela - Você não consegue fazer nada certo?
- Ela descobriu que estou com você, que estou disfarçada e que você mandou eu me aproximar dela.
- Ela disse só isso? - pergunta Adam já com o tom de voz moderado - Então, ainda dá pra concertar.
- Concertar? Como? Você não está entendendo, eu estraguei tudo - agora quem grita é Helena.
- Para de gritar sua louca, se controla caralho. Você vai achar um jeito, porque o plano ainda está para ser concluído e não se esqueça: se o plano não der certo, nada dará certo para você também.
A ligação acaba e Helena começa a pensar desesperadamente, paga a conta e sai da cafeteria.
Ela vai para o prédio onde mora, ao chegar lá tira a peruca e as lentes até se sente mais leve e por um segundo ela pensa que tudo está normal.
...
São 22h00 a campainha toca, Rita se irrita com o barulho e caminha até a sacada para ver quem está lá. Se depara com a sombra de uma mulher de cabelos castanhos e um corpo muito bem desenhado e como a iluminação não é nada boa, ela grita para a mulher.
- Quem é?
- Você vai querer uma explicação ou que eu saia da sua vida?
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DON'T TRY ME
RomanceRita se encontra em um grande dilema, começar a viver à sua vida ou apenas sobreviver ao dias que se passam. Sendo obrigada a encarar verdades nunca ditas e tomar decisões que ela mesma não sabia que era capaz.