Capítulo 5

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Continuo olhando elas, esperando um convite para entrar.

- Entra Júlia, só num repare a bagunça - Bia diz sem graça.

Eu até tentei não reparar, mas era inevitável, a casa estava uma nojeira e fedida. Tinha roupas em cima da mesa, do sofá e no chão, tinha calcinha jogada que eu nem me atrevo a dizer o estado, a pia cheia de louça suja e o fogão estava um verdadeiro cebo, tinhas fraldas sujas jogadas em um canto da sala.

- Já parou de repara Júlia? - Rosa diz me encarando carrancuda.

- Desculpa - digo.

- O que a patricinha veio fazer aqui em uma favela? Feliz por me ver assim? - Rosa pergunta.

- Não Rosa, eu vim ver como você estava, mesmo com tudo o que aconteceu eu me preocupo, e porque sei que você tem uma filha, queria saber se estão precisando de algo - digo.

- Para Júlia, olha como você está, toda produzida como sempre, sempre teve tudo o que quis, e agora veio rir da minha cara num é mesmo? - Rosa diz me acusando.

- Lógico que não Rosa, eu estou assim porque vou pra faculdade, eu realmente me importo, mesmo que estamos afastadas me preocupo com você - me defendo sendo sincera.

- Olha só, veio esfregar na minha cara que você está cursando faculdade, que teve um filho e que um dos caras mais ricos, mais cobiçado, mais gentil está com ela e assumiu o bastardinho, que você tem tudo ao seu alcance porque você não precisa de nada, você já tem tudo num é mesmo.

- Chega Rosa, não ouse a falar do meu filho - grito alterada - Eu num vim aqui pra nada disso, eu realmente estava disposta a te ajudar, mas se você num quer minha ajuda tudo bem, eu não vou insistir mais, só que pensa em sua filha ela num merece isso.

- A filha é minha faço o que eu quiser - ela retruca.

- Eu só num entendo porque você está com raiva de mim, eu nunca te fiz nada, pelo contrário sempre estive ao seu lado, até te perdoei quando você desejou a minha morte.

- Você sempre quis ser melhor que todos Júlia, se faz de boazinha e de amável, mas você quer ser o centro das atenções.

- Eu não sei de onde você tirou isso Rosa - digo incrédula.

- Você sempre conseguiu ficar com os garotos mais bonitos, sempre teve sorte, sempre teve a roupa da moda, sempre tudo do bom e do melhor, todos te amam e querem ser seus amigos, e isso me irrita, eu tenho inveja de você Júlia, eu sempre quis estar no seu lugar, eu sempre quis ser você.

- Rosa eu sempre te tratei de igual pra igual, não tinha motivos pra isso.

- Tinha sim, eu vi Miguel na balada e queria ele, mas ai depois vejo você com ele dançando, tive que me contentar com Pedro.

- Eu pensei que voce gostava do Pedro.

- Eu gosto, mas antes queria Miguel, tentava fazer ciúmes, mas foi em vão, ele só queria você.

- Eu nunca imaginei que você fosse assim, você é desprezível Rosa.

- Vai embora Júlia.

- E você Bia, porque voltou pra essa vida? - pergunto ignorando Rosa.

- Aqui é o meu lugar Júlia.

- É uma pena que vocês pensem assim - digo chateada.

- Vai embora Júlia, você num tem nada pra fazer aqui.

- Eu vou sim, mas voltarei pra tomar sua filha de você, ela não pode crescer em um ambiente como esse.

- A minha filha vai ficar aqui, ela vai garantir meu futuro se casando com um moço rico e cuidado pode ser seu filho meu alvo.

- Uma pena que você pense assim e eu volto a repetir se você chegar perto do meu filho eu acabo com você Rosa, não ouse.

- Já esta botando as asinhas de fora, ta vendo Bia como ela é falsa e só veio aqui para rir da gente - Rosa diz.

- Não Rosa. Tudo que disse era verdade, mas se tratando do meu filho eu viro uma leoa, não chega perto dele, porque por ele eu sou capaz de te matar, não me desafie.

- Veremos - ela provoca.

- Sim, veremos o dia em que eu voltarei aqui para tomar sua filha de você, ela não merece a mãe que tem.

- Tchau Júlia, nos vemos no casamento de nossos filhos.

- Sonhar não custa.

- E vou pegar seu marido também, fazer um sexo selvagem com Murilo - Rosa diz.

- Murilo me ama, e mesmo que num amasse ele não curti putas, ele gosta de conquistar as pessoas, e você sinceramente né Rosa num faz o tipo dele, olha pra você e olha para mim, não é atoa que eu sempre peguei os mais lindos e mais interessantes - digo e solto uma risada sem humor.

- Talvez seu filho vai gostar de mulheres mais velhas e experientes.

Não penso duas vezes, corro e grudo minhas unhas no pescoço de Rosa, ela cai no chão recuperando o ar e eu a estapeio com toda minha raiva.

- Isso num foi nada, se atreva a chegar perto do meu filho ou de Murilo que eu acabo com você sua vadia de quinta, sua puta barata.

- Você me paga Júlia.

- Tenho tanto medo de você Rosa, pra mim você é um nada, seu lixo - digo e saio vermelha se raiva.

Pego meu carro e sigo para a faculdade.

As aulas passam bem rápidas, nem prestei muita atenção, estava com muita raiva de Rosa, eu só queria ir embora e abraçar meu filho e Murilo.

Chego em casa e corro direto para o quarto de Matheus, ele dorme feito um anjo, dou um beijo com cuidado nele e fico por alguns minutos ali observando ele dormir e acariciando seus cabelos pretos.

Entro em meu quarto e levo um susto, mas logo meu sorriso se abre e eu corro em seu braços para abraça-lo.

- Que bom que você está aqui, preciso tanto de você essa noite - digo e lhe dou um beijo.

- Calma meu amor estou aqui, o que aconteceu? - Murilo pergunta.

Conto tudo o que aconteceu para Murilo e ele me conforta.

- Eu amo você, você sabe o quanto te quis e lutei para te ter ao meu lado, nunca vou te deixar, ainda mais por alguém como a Rosa.

- Sei disso, minha sorte é ter você.

Coloco meu pijana. Deito no peito nú de Murilo que acaricia meus cabelos me trazendo o sono.



Jamais Deixarei Você [Concluída]Onde histórias criam vida. Descubra agora