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As duas crianças comem com vontade, a mesa está silenciosa, estamos apenas eu, Jack e as crianças, ainda sim não consigo parar de olhar para elas, mamãe está colocando mais comida para o menino, Nando está a minha direita e Jack a minha esquerda, fico admirada com o jeito como essas duas crianças sentem vontade de comer, eles não falam, mas enxergo através de seus semblantes todo o abandono que devem ter sofrido, a negligência estampada na magreza de ambos.

A menina é tão bonita, os olhos dela são expressivos e fortes assim como os do irmão, são crianças lindas, apenas mal cuidadas, e não gosto nem de imaginar tudo o que eles passaram na Índia, mas faço uma ideia, preciso conversar com Jack sobre eles, quero saber a história deles, o que aconteceu na Índia, como ele conseguiu trazê-los.

Não posso me negar a isso nem a essas crianças o direito de ter moradia e comida, é algo do qual nunca negaria a nenhum ser humano que realmente necessita, no caso deles dois vejo que é algo que ultrapassa um limite de necessidade.

A menina me olha e limpa a boca com as costas dá mão, não sou um exemplo de educação, mas dá para ver de longe que eles não tiveram se quer alguma.

Eles enfiam várias colherada seguidas na boca e mastigam como se a comida fosse sumir, me sinto cativada, olho para o Nando ainda está com cara feia, ciumento.

— Pode ver seus desenhos com eles.— sugiro.

— Está bem— concorda ainda carrancudo os olhos vermelhos pelo choro de agora a pouco.— Eles vão estudar na minha escola?

— Vão— Jack responde.— Temos que escolher os nomes deles.

— Eles não tem nomes?— Nando está espantado.

— Não, na Índia tinham apenas apelidos.

Olho para o meu filho, sei quando ele quer muito falar algo.

— Pode escolher Fernando — Jack fala calmamente.

Vejo uma pequena empolgação nele, acho que esse é o primeiro passo para o Nando aprender a lidar com os novos membros dá família... Nossa família!

— Charlotte com dois tt's— Nando aponta para menina e depois para o menino— Fernando.

Sorrio, olho para o menino, ele sorri meio tímido, que falta de criatividade Nando!

— Nando confundiríamos os dois— replico.— Outro nome.

— Está mãe então você escolhe.

Falo o primeiro nome que me vem a cabeça.

— Antônio.

— Pronto— Nando determina.— Antônio e Charlotte.

Lembro que escolhi o nome do Nando na maternidade, ainda não sabia qual nome daria ao meu bebê naquela época, olho para os dois, os nomes se encaixam perfeitamente a ambos.

— São nomes bonitos.— mamãe olha para os dois com certo carinho.

— A senhora já comeu mãe?

— Já, almocei mais cedo, Sarah levou Alejandro para almoçar com os pais dela.

Dá para entender por que Sah estava tão feliz mais cedo, hoje é um dia importante para ela, já quero saber de tudo.

— Joseph vai dar aulas para ambos, não são alfabetizados e falam pouco— Jack pega a minha mão.— Preciso de um pouco de paciência.

— Tudo bem.

Poderosa Loucura (livro II) - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora