CAPITULO 1- ''porão''

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Centralia, Pensilvânia, EUA- 2016

Uma noite chuvosa. Trovões e relâmpagos eram comuns em Novembro, na pequena cidade abandonada na Pensilvânia. As nove amigas estavam na cozinha de uma mansão, discutindo sobre os assuntos de típicas adolescentes de 17 anos. Elas dividiam segredos, ou melhor, achavam que dividiam.

—É claro que você ficou com ele, né Thay?— dizia uma garota alta, com cabelos loiros e pele clara. — Se você não ficou, eu fico.

—Eu fiquei com ele sim, Beatriz— respondeu Thay; uma menina muito baixa, de forma irônica.— Mas se eu não tivesse ficado não seria algo ruim, ele beijava muito mal.

E todas caíram na gargalhada, menos uma garota magra e alta, com olhos tão negros como a noite, que continuava séria em um canto observando duas das garotas.

—Você realmente gostaria de estar aqui, Roberta?— perguntou novamente Beatriz, em tom exageradamente alto— Meu pai não deixa esta casa em perfeitas condições para você vir aqui uma vez ao ano e não dar ao menos um sorriso. Nossas festas anuais são sempre as melhores da região, e só as próximas podem estar aqui, não se esqueça disto.

—Essa ai esta querendo sair do nosso grupinho logo né Bea?— disse de maneira abrupta uma garota de cabelos longos e muito pretos, do lado de Beatriz.

—Eu odeio esse nome do nosso grupinho que vocês montaram— respondeu Thay— As ''Gossip Girls'', isto é muito reality show, a vida real não é assim. Na verdade, a unica coisa que eu gosto é estes braceletes!— e mostrou o seu braço, onde havia uma pulseira e um pingente com a letra ''G'' .

—Ah! Para Thays—disse Beatriz— O nome ficou super legal! Temos que tirar uma foto inclusive, dos nossos braços, todos juntos. Será nossa tradição. As ''Gossip Girls'' estão imortalizadas a partir desta noite!— e pegou seu celular.

—Isto é bobeira, vocês parecem um bando de meninas de 11 anos— dizia Roberta, de cara amarrada.

—Ah, pelo amor de Deus! Não se esquece que sem nós você ainda seria chamada de ''ossinis...''— começou Fernanda.

Mas não pode terminar a frase, Thay logo se apressou a dizer:

—Ok, Fernanda, nós já sabemos do que ela era chamada, não precisamos de ninguém pra relembrar isto.

A menina, então, Fernanda, que não estava esperando esta resposta, deu um passo para trás, batendo no armário e derramando várias garrafas e copos de vidro. 

—AI! Olha o que você fez, você e sua amiguinha estranha. Eu poderia ter me machucado!— implicou Fernanda—Você, Ossinistra, pegue outras garrafas de vodca para gente, e não me faça derrubar mais alguma!

Roberta deu um passo largo a frente, em direção a garota que a insultava. ''Ossinistra, Ossinistra, eu vou mostrar pra essa ridícula quem é a frágil garota desse grupo'' pensava consigo. Mas quando esticou o braço em direção a ela. Foi repreendida.

—NÃO! NÃO!—dizia Gabriela, uma menina de cabelos médios e muito pretos, e olhos tão verdes que faziam qualquer um se perder —NÃO FAÇA ISSO, ELA NÃO DISSE POR MAL, VOCÊ CONHECE A FER! ELA SÓ ESTA BRINCANDO, EU PEGO A BEBIDA!

—Gabriela! isto é entre mim e ela!—falava Roberta—Mas não se preocupe, não tocarei neste lixo.

Fernanda ainda se limpava perto da pia, enxugando a bebida que caiu sobre ela, não mostrou nenhum sinal que estava ofendida, pelo contrário, parecia que estava rindo.
Gabriela então se retirou da cozinha e foi em direção ao porão, quando chegou perto da escada que ia para a parte subterrânea sentiu uma mão em seu braço, fazendo ela se virar com força. Era Roberta.

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