Não sou seu jantar!

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Aquela casa quase abandonada não parecia agradável aos olhos ignorantes, porém era um palácio colossal por dentro. Era a casa e meu irmão, comprada por um bisavô ou algo assim. Onde a Família Nightmare recebe seres das trevas de alta estirpe e trata de suas necessidades. Quase como uma pensão, mas gostamos de disser que oferecemos um lar humano com privilégios.
O desgraçado do meu irmão se livrou rapidamente da responsabilidade de cuidar da casa de tenro jardim e amplos cômodos. Minha sorte? Os hóspedes desse ano estavam matriculados na mesma faculdade que eu ia ingressar.
Localizada na divisa da cidade, era bem apropriado para seres sobre naturais. Pois era nesse bairro afastado próximo da estrada que viviam sobrenaturais de baixo nível. Que são seres pouco perigosos.

Quando cheguei dei um pulo de susto com minha mala em mãos. Estava com uma blusa simples, social de manga longa e uma saia preta pregada. Os dois estavam brigando, um era loiro com o cabelo quase branco, forte e de bom porte. Seus olhos eram sanguinários e assustadores. Ele tinha acabado de derrubar o outro. O que estava caído tinha cabelos pretos lisos com franja. Eles eram meios orientais. O que caiu parecia não ter um porte físico tão bom, mas conseguia ser muito ágil e derrubou o outro logo em seguida. Vestiam calças de moletom e camiseta.

- Quem diabos é você? -  Perguntou o que levou uma rasteira, William, presumi. A pele branca e os caninos confirmaram. Ouvi falar que ele jogava futebol americano na faculdade  e era bem popular.
- Lune. - Ajeitei meus óculo e respirei fundo. Fechando a porta atrás de mim e olhando os dois que ja haviam se aproximado um bocado.
- Você é irmã do George? Achei que fosse mais velha. - Disse o outro que colocava seus óculos. Enquanto dava uma olhadela de cima á baixo.

Ambos eram bem mais altos que eu e isso me incomodava de algum modo. Eu tenho cabelos longos pretos. Herdei da minha madrinha, a cor dos nossos cabelos são baseados nas nossas transformações e quem decide isso quando uma bruxa nasce é sua madrinha. No meu caso eu viro um gato.

- Você sabe cozinhar? Digo, algo mais comestível do que o George preparava... - Disse Leonard com calma, parecia um pouco incomodado com minha presença mas pegou minha mala da minha mão.
- Sim, por que? - Quando confirmei, William ja me jogou no seus ombros e sorridente seguiu para a cozinha. - Ei! Ei! EU NÃO SOU SUA COZINHEIRA PARTICULAR SABIA? - E....simplesmente fui ignorada.

Fui deixada no chão apenas quando chegamos na cozinha e ele sentou na mesinha de café, que tinha três poltronas simples para que pudéssemos comer algo pela manhã sem montar a enorme mesa de jantar. Ja era umas 4 da tarde, não entendi o desespero deles até ver vários pacotes de comida congelada jogados no lixo.

- Você não sabem cozinhar? - Perguntei enquanto lavava as mãos e procurava algo na geladeira, que tinha apenas o suficiente para fazer um Wrap. Nada muito gostoso a não ser legumes que eles deviam ter recebido pouco antes de mim chegar.
- Não temos a menor idéia, a única coisa que tentamos foi direto pra lixeira junto a panela. - Disse ele com um sorriso estranho, ele arranhava a mesa de leve, parecia impaciente. 

Comecei a fazer o Wrap em seguida, não tínhamos muitos condimentos, tanto que tive que visitar o jardim umas três vezes para pegar algo que ajudasse. Um pouco de frango que achei foi o suficiente para ajudar na aparência. Eram quatro Wraps bem recheados. Quando coloquei na mesa eu vi Leonard chegar.

Ambos devoraram os Wraps antes que eu pudesse ver. Não digo que não foi divertido mas precisaríamos ir no mercado imediatamente. William precisava de carne fresca ao menos uma vez por semana e eu queria jantar algo em breve.

- Comer comida de verdade é muito bom. - Disse Leonard assim que terminou, deixando seu prato sobre a pia e limpando a boca com guardanapos. Ele estava com um sorriso bem esquisito e tentava se aproximar de mim. Quando ele me encurralou na bancada eu fiquei meio sem jeito. - Acho que devo algo á você, criança.
- Não mexe na porra do meu jantar! - William empurrou o outro pelo ombro e ja vi que ia começar outra briga. - Não bebo sangue á dias, quer me matar seu canalha?

Dito e feito, sai correndo e  só ouvi eles dando socos uns no outro. Nisso eu subi as escadas e encontrei meu quarto, Leonard tinha até organizado minhas roupas milimetricamente, achei estranho, mas ele devia ter algum toc com isso.

Era aconchegante e enorme, me sentia uma princesa. Mas meu lugar era mais de governanta do que outra coisa. Após organizar minha escrivaninha vi alguém invadir meu quarto : Leonard. Ele estava segurando um pano no nariz.

- Curativo? - Perguntei enquanto procurava um kit de primeiros socorros. Ele, ofegante confirmou com a cabeça e se sentou na minha cama. Não demorei a voltar, eles tinham brigado com facas e ele estava cheio de cortes, dos quais todos tive que fazer um curativo. Pelo que soube ele era um primo distante de William e tinha algum sangue vampiresco, talvez amanhã a maior parte sumisse. Quando terminei o serviço senti ele me puxar pela cintura e ficar me olhando com um olhar perigoso.
- Olha o que tenho aqui. -  Ele mostrou um estilete e, antes que eu pudesse fugir ele segurou minhas mãos e aproximou o estilete da minha blusa. -  Eu queria fincar minhas unhas em você, mas achei meio antiquado. - Ele prosseguiu e cortou a blusa, e minha pele, na altura do ombro, escrevendo um L. Eu gritei, mas evitei me mexer, vai saber se ele finca isso em mim.
- LARGA A CRIANÇA. - ouvi William chutando a porta e avançando para cima de nós dois, me pegou pelo pescoço e me colocou longe enquanto ele e Leonard começaram a se bater. Foi algo bem rápido, quando os dois pararam para respirar eles me olharam com os olhos avermelhados.

Me fudi.

Eu sai correndo do quarto e desci as escadas pelo corrimão mas não foi o suficiente. William me pegou e derrubou no chão. Seu corpo estava sobre o meu quando virei. Leonard estava junto. Enquanto o puro sangue mordia meu pulso o outro beijava e saboreava uma ferida que ele causou na minha mão. Só sei que acordei no meu quarto com ambos sentados nela, esperam eu acordar, um jogava um video game portátil e outro lia um livro. Assim que me viram colocaram uma bandeja de café da manhã, certamente comprada em alguma padaria, enquanto roçavam seus rostos monstruosos em mim. Não adiantava resistir a esses demônios.

O vampiro e o psicopata.Where stories live. Discover now