A multidão ficava cada vez maior, a medida que os gritos angustiados de desespero de Clara ficavam mais altos. À poucos metros de distância, Artie e Angie choravam e tremiam, abraçando um ao outro em busca de proteção em meio ao caos do recente ataque. E no centro da aglomeração, John tentava inutilmente tirar o bebê dos braços de Clara para lhe prestar os primeiros socorros, mas Clara, ainda em choque, estava perturbada demais para ouvi-lo.
Ainda sentindo seu sangue ferver e sem nenhuma força em suas mãos, John ergueu a cabeça à tempo de ver um rapaz naquela multidão gravando o sofrimento de Clara, caída no chão com um bebê ferido em seus braços, e sentiu a raiva tomar conta de seu corpo. Como ele poderia ser tão insensível? Sem pensar duas vezes, John se levantou e violentamente arrancou o celular das mãos do homem, ignorando seus protestos para fazer o que sabia ser certo: ligar para Nardole e pedir por uma ambulância.
Nardole, sempre eficiente, mandou a ambulância imediatamente, mas a verdade era que o socorro nunca poderia chegar rápido o suficiente para uma mulher em pânico. A multidão foi afastada para que os paramédicos resgatassem o bebê, levando consigo Clara e as outras crianças também, pois John disse que eles também precisavam ser medicados.
A sala de cirurgia foi preparada com antecedência, e enquanto sedavam aquela pequena e indefesa criança, que no momento estava tão ferida e assustada, John sentiu seu coração apertar dolorosamente. Somente um Dalek, pensou ele, teria ódio o suficiente para ser capaz de machucar aquele pequeno ser, tão inocente. Mas então, se lembrou de que todos os dias, pessoas comuns machucavam crianças como aquela, e seus olhos marejaram.
John fez o seu melhor para conter o sangramento e cuidar dos ferimentos da criança, mas Albert ainda precisava de um tratamento que John não poderia providenciar de imediato: uma transfusão de sangue. John sentiu um alívio imediato por ter trazido consigo Clara e as crianças, pois Albert poderia receber o sangue de seus irmãos. A única coisa de que ele precisava era da permissão de Georgie, o que ele tinha certeza de que conseguiria. Então, ele deixou a sala de cirugia, esperando que Clara entrasse em contato com George, mas a encontrou na sala de observação, pálida e calada, sentada em uma cadeira enquanto Artie e Angie se encolhiam em suas camas, ainda tremendo como estavam no parque. Ele hesitou em entrar e falar de detalhes médicos com ela, mas não a culpava. Clara havia passado por uma experiência traumatizante. Era de se esperar que ela estivesse em choque. E, é claro, ele não podia deixar de pensar naquelas pobres crianças, que estavam completamente aterrorizadas. Como pai, seu coração doía ao vê-los naquela situação, e em ter que lhes contar que a vida de seu irmãozinho dependia deles. Foi demais para ele. John não podia fazer aquilo. Então, pediu à Nardole que ligasse para George, e minutos depois, um atordoado George chegou em prantos à clínica, em busca de seus três filhos e de sua amiga.
Ainda tremendo, abatido e preocupado, George assinou a autorização para que o sangue de seus filhos fosse analisado, e John fez questão de fazer a coleta, pois pensou que as crianças se sentiriam mais seguras perto de alguém conhecido, e Nardole levou as amostras para o laboratório, e então seria preciso apenas esperar, e o bebê estaria a salvo. Com isso em mente, John focou-se em consolar George e Clara, por isso voltou ao quarto de observação, onde os dois estavam juntos.
Quando o viu chegando, George se levantou e, desesperado, começou a lhe perguntar sobre o estado de saúde do filho. John tentou lhe explicar que precisavam fazer analises antes da transfusão, mas o pobre homem estava desmoronando. Segurando a cabeça com as mãos, George começou a gritar que era culpa sua. Nos olhos de Clara, John viu que ela queria dizer alguma coisa, mas estava sem forças. Talvez pelo trauma, talvez pela medicação, mas ela não tinha forças, e George estava destruído.
"Foi culpa minha, Clara, Foi culpa minha!" disse ele, segurando as mãos da amiga. "Se eu não tivesse saído hoje, nada disso teria acontecido! Não era para você ficar com eles!"
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Babá
FanfictionO médico John Smith faz uma visita até a casa da família Maitland, para tratar dos filhos da família. Mas ao chegar lá, é a misteriosa babá das crianças, e não a doença, que mais o interessa.