Capítulo 4

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No dia seguinte, acordo bem cedo, às 5:00 da manhã. Vou ao banheiro e faço minha higiene, após, coloco uma blusa marrom clara de manga longa, bem confortável, visto minha calça preta e uma bota.
Prendo meu cabelo, fazendo um rabo de cavalo e ponho meus pequenos acessórios dados pela minha avó Irina.

Fiz uma pequena mala, com algumas roupas e peguei a chave do carro.
Passando pela cozinha, eu peguei uma caneta e um papel e fiz um bilhete para os meus pais:

Eu saí bem cedo hoje, volto daqui a alguns dias. Então fiquem bem, pois vou estar .                             
                                   Emma

Assim, saí de casa, o tempo estava chuvoso, fechado, totalmente nublado e frio. Mas não me importei com nada, e fui embora.
Na verdade, fui para o haras da família.

O caminho é bastante longo, coloquei uma playlist bem depressiva para tocar no carro, e me deparei com a musica Born to die de Lana Del Rey. Posso jurar que até caiu uma pequena lágrima de meus olhos.

-Ô viagem longa, por Deus!- expirei sussurrando.

Logo toca meu celular

Ligação on

- Amiga?!

-Olá Sam!!

-Onde você está?! Sabe que todos estão procurando por você?!

-Com certeza não viram o bilhete que deixei na bancada da cozinha... Amiga, eu estou bem, não precisam se preocupar!

-Mas onde você se encontra?

-Estou no haras, mas não conte para os meus pais. Diga a eles que fui para uma chácara, sei lá Sam, invente alguma coisa para eles... Eu preciso de um tempo para pensar em tudo o que aconteceu. As audições começam semana que vem.

-Amiga eu não vou mentir... Tudo bem, mas nao demore muito. Descanse sua mente. Fique bem!

-Obrigada Sam!

Ligação off

Depois de quase uma hora meia na estrada, cheguei ao Paraíso.
Como sempre lindo, havia muito tempo que não voltara para lá. O cheirinho da terra molhada invadia as minhas narinas e me levavam a várias nostalgias:

Eu correndo descalça na terra molhada atrás do Justus (um  pequeno potrinho que havia nascido).

Do quente café com leite que todos os dias ao final das tardes a Bentinha fazia, e o bolo de fubá com flocos de côco por cima.... Era sempre assim que eu e o filho do caseiro fazíamos quando estava lá... espera, será que o caseiro Jonas ainda trabalhava lá?!?!

Eu e o filho de Jonas brincávamos com tudo que tinha no haras, faz tanto tempo que nem sei mais como eles estão.

Fui estacionando o carro e vejo Hilton abrindo os portões, estaciono e logo vou falar com todos.

-Seu Hilton?!?! Sou eu, lembra de mim, Emma?!

-Em... Emma não creio! Quanto tempo... como você está? Está graciosa, tão adulta..Nossa senhora, nem acredito!

-Faz bastante tempo que não venho ao haras.. mas parece que algumas coisas não mudaram, como você e a paisagem.

- Não senhorita Emma, muita coisa mudou por aqui desde a sua partida, as flores floresceram... e os cavalos.. ahh, os cavalos estão ótimos!!- seu bom e velho humor me encantava a cada frase falada.

-Então a minha "viagem" fez muito  bem ao Paraíso!- digo sorrindo de orelha a orelha.

-Pode tudo isso ter acontecido, mas o nossa Borboleta não estava presente.

-BORBOLETA?! Não é possível que continua esse apelido sobre a minha pessoa! Eu era apenas uma criancinha!

-Ahh, ninguém mandou ficar no campo das flores quando chegava aqui.

Sempre quando chegava ao haras, eu ia direto ao campo das flores, aonde sempre pegava uma flor e a cheirava. Após cada suspiro que dava depois de cheirá-las fazia um pedido. Pedidos que nem eu mesma entendia, vai saber... manias de crianças.
Quando Seu Hilton viu esse "ato cerimonial", me apelidou como: Borboleta.
Depois, começaram a me chamar de Borboletinha.

-Fico feliz ao saber que cresceu, sem perder o encanto pelas coisas simples!

-Muito obrigada pelo carinho Seu Hilton, sabes que te considero um grade amigo, que faz parte da minha família.- confesso que fiquei emocionada com esse momento.

Após isso, me despeço e me retiro, pois gostaria de saber como estavam Bentinha e Jonas.

Voltar ao haras é como voltar a inocência, aonde a maldade e a insegurança ficavam para trás, e onde a vontade de viver e sonhar era o que mais importava.
Eu só queria um pouco de tranquilidade e paz, coisa que eu não conseguiria em casa, mas não sabia que teria que sair do "foco problemático" e pensar de forma coerente.
Ainda que tranquilizada pelo ar do ambiente aconchegante do Paraíso, a mente estava atribulada por burlar o correto. Será incapacidade ou insegurança?! Não importa! Pensar de forma racional é mais válido e justo para decisões extremas.

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⏰ Última atualização: Jul 29, 2021 ⏰

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