Enchanted

Death

Aquela ligação esmagadora. Alycia chorava desesperadamente, seu corpo inteiro tremia, sua mãe havia falecido. Ela mal teve condições para me explicar o que aconteceu, seu soluço no meio do choro, Abby estava doente e nao havia falado nada.

Me afastei do trabalho e Alycia fez o mesmo, fomos para onde a garota morava, resolvemos algumas coisas e documentos de sua mãe. Ela chorou todos os dias, todas as noites. A morena não queria comer, não queria fazer nada.

Quando voltamos pro nosso apartamento, a morena iria pedir demissão, mas insisti para que sua chefe desse um tempo a ela, por sorte era sua amiga e ela aceitou. Estava cada vez mais dificil deixa-la sozinha por algumas horas, mas infelizmente nao havia ninguem para me substituir no meu trabalho.

- Maia, eu não sei mais o que fazer! Ja faz dois meses, porra olha pra ela - Disse e Maia suspirou, quase arrancando os cabelos da propria cabeça.

- Você é a única que consegue, ela te ama, vai te escutar - Disse Maia, assenti, abraçando a garota a minha frente e a deixando ir.

Fechei a porta, seguindo em direção a minha garota, ela usava um pijama, seu cabelo solto, seu rosto inchado de tanto chorar, não dormia direito faz muito tempo e seu corpo ainda mais magro. Sentei ao seu lado, dando um beijo em seu ombro, ela me olhou sem vida, mas entrelaçou nossos dedos.

- Amor, você quer comer alguma coisa? - Perguntei preocupada, ela negou com a cabeça e como um gatinho engatinhou até subir em cima de mim. Se aninhou em meu corpo, me abraçando e descançando o rosto em meu pescoço.

- Me ajuda Aly, me diga o que quer - Murmurei, enquanto acariciava seu cabelo, a garota me olhou, passando as mãos pelo rosto.

- Quando é que isso vai parar? - Perguntou Alycia, soltei um suspiro, abraçando a garota com força. Meu coração estava aos pedaços, a mesma afundou o rosto, voltando a soluçar.

Ela se sentia culpada, por não estar lá quando sua mãe precisava, se sentia culpada por não saber de nada e estar feliz em outro lugar, enquanto Abby sofria.

Meu celular tocava e nem era preciso atender para saber que era do trabalho.

- Vamos pro trabalho comigo? Eu só preciso resolver umas coisas, lá tem tv, aquele sofá confortavel, fica comigo - Murmurei, acariciando o rosto da morena, ela me olhou frustrada, eu sabia que ela nao queria ir, mas deixa-la sozinha estava fora de opção - Porque você nao vai tomando um banho que eu escolho uma roupa bem bonita pra voce, hm?!

- Ta bom - Murmurou, selando nossos labios e se afastando. Separei algumas coisas que eram necessarias e fui até o quarto. Alycia tomava banho, bati na porta e a mesma gritou me liberando.

- Suas roupas estao aqui, estou te esperando ta bom?

- Você quer entrar? - Perguntou e a olhei surpresa, a garota estava bem distante, mal nos beijavamos, ela parecia querer seu proprio tempo e eu a respeitava.

Tirei as roupas e entrei no boxe, deixando a agua escorrer por todo o meu corpo. A morena me abraçou, beijando meu ombro. Acariciei sua pele e ficamos assim por um momento, tomei um banho rapido e logo estavamos pronta para ir.

Chegando em meu trabalho, todos falavam e amavam Alycia, dessa vez ela nao estava tao empolgada, mas tratou todas as pessoas normalmente e logo fomos para a minha sala. Alycia ficou na poltrona, enquanto me mantive ocupada com algumas ligações, observava a morena o tempo todo, ela mudava os canais de tv, parecendo insatisfeita.

- Linda, eu ja estou acabando esta bem? - Murmurei, me aproximando dela, a morena assentiu com um sorriso fraco, selei nossos labios, apertando seus labios de leve - Você é linda demais

- Você tambem é - Murmurou com as bochechas rosadas, me ajoelhei na frente dela, acariciando suas coxas, nada sexual, só queria que ela soubesse que eu estava ali - Não precisa se preocupar, eu vou ficar bem.

- Impossivel não me preocupar - Murmurei, Alycia acariciou meu cabelo, um tanto frustrada.

- Vamos sair pra jantar hoje - Sugeriu, olhei surpresa e um tanto confusa.

- Você tem certeza? Não precisa fazer isso Aly, eu respeito, posso não entender porque nunca perdi alguém, mas só de pensar que posso perder você fico sem ar - Disse, sentindo um nó na garganta, a morena se abaixou, selando nossos labios mais uma vez.

- Você não vai me perder, volte a trabalhar pra irmos jantar, eu pago - Murmurou, ri baixo, assentindo com a cabeça, mas nunca deixava a mesma pagar.

Voltei ao meu lugar, continuando com minhas obrigações. Não demorou muito para que fossemos embora, levei a morena ha um restaurante e o clima foi confortavel, apesar das vezes ela parecer distante.