Descobertas

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Eu, Katherine, uma garota de catorze anos, com pouca experiência na vida e sem grande vaidade, estava cursando o 9° ano do ensino fundamental. Ainda não tinha dado o primeiro beijo (aquele que a gente sonha como sendo perfeito, vagaroso e com um sorriso no fim) e comecei a me apaixonar pela primeira vez. Acho que você imagina que eu não sabia que era paixão, mas quando se tem aquele frio na barriga e você não consegue olhar fixo nos olhos da pessoa sem sorrir, pode ter certeza que são sintomas de paixonite aguda e o melhor remédio é simplesmente estar com a pessoa. Foi o que eu fiz.

Sempre temos aqueles amigos que se gostam, mas não admitem. Comigo não era diferente. A vergonha que Kamy tinha de revelar seu sentimento para Calebe fez com que meu amigo Alefe tivesse uma ideia.
A brilhante ideia era o seguinte:
- Vamos marcar de sair para tomar aquele famoso Milk shake perto da praça e nós os convidamos. Lá, deixamos os dois a vontade e com o clima descontraído talvez Kamy declare - se para Calebe
de uma vez por todas.

Plano aprovado. Convite feito. Tudo saiu como o planejado. E para a surpresa e alegria de todos, Calebe compartilhava do mesmo sentimento. Então, aí está o mais novo casal das redondezas. E nesse clima de romance no ar, Alefe e eu decidimos deixa-los a sós.

Voltando de lá, Alefe dispõe - se a me deixar em casa. Já na esquina de casa, uma tristeza começava a invadir meu coração. Não sabia ao certo o porque, mas logo saberia a razão. Quando chegamos, Alefe despede - se com um longo abraço (daqueles que você sente o compasso da batida do coração alheio), e em seguida, olhando fixamente em meus olhos diz sua célebre frase de despedidas:
- Cuide - se, minha cara jovem. Entrei, e ele se foi.

Porque foi tão difícil despedir - se de um simples amigo como Alefe? Porque meu coração queria estar mais tempo junto ao dele?
De repente um caos manifestou - se dentro do meu peito. Daqueles que só amenizam ao dormir. Ao sonhar.

Alefe é meu amigo há um ano. Alguns anos mais velho, tinha um espírito protetor e cuidadoso para comigo. Ele é do tipo de pessoa que fala com todos, sem exceção. Brinca até com os assuntos mais sérios e polêmicos sem perder a graça. Aliás, ele é o humor em pessoa, me diverte como ninguém (chegando a me irritar as vezes, mas de um jeito bom). Cursando seu quarto semestre na faculdade, era inteligente na medida certa. Adorava quando ele contava seus planos para o futuro como trabalho, casamento e família.
Além de adorar ler os livros sobre mitologia que escrevia.

Quando acordei, tudo estava normal. Levantei, escovei os dentes e tomei meu café de sempre: chocolate quente com torradas. Sentei no sofá e peguei meu celular, abri o aplicativo de mensagens e lá estava uma mensagem de Alefe. Meu coração parecia saltar dentro de mim. Minhas mãos trêmulas mal conseguiam abrir a conversa. Quando finalmente a concentração tomou conta de mim, li o que Alefe havia mandado:
"Bom dia! que bom que Kamy e Calebe finalmente estão juntos. Obrigado por sempre embarcar nos meus planos malucos. Bjs."

Fiquei pensando em milhões de coisas ao mesmo tempo, mas nada realmente concreto. Estava feliz por Kamy e Calebe, feliz pelo bom dia de Alefe. Entretanto, algo faltava em mim ou naquela mensagem. Ao anoitecer, fui ao aniversário da minha prima Helena. Foi uma festa relativamente rápida, dando tempo de encontrar meus amigos na volta.

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