Amém Alex Turner

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As semanas passam, pego um período tenso de provas finais e me dedico inteiramente. Dessa vez, ao longo do dia, troco algumas mensagens com o Rafael pelo WhatsApp, o milagre da tecnologia.

"Você ainda me deve nosso encontro ao som de AM. ;)"

"Talvez eu precise de permissão para isso..."

"Só me dizer onde posso buscá-la."

"Vem aqui em casa."

Mando a minha localização e retomamos a conversa sobre outro assunto.

Quando enfim chega o sábado, às 11h da manhã alguém joga pequenas pedras na minha janela. Quando afasto as cortinas e encaro o chão, vejo o Rafael.

— Você tá louco?

Abro a janela, sorrindo.

— Só se for por você, Maria Luísa.

Meu pai abre a porta e então o Rafael começa a falar e gaguejar, então quando ele entra, corro para tomar um banho e me trocar antes que meu pai faça picadinho dele.

Fico pronta o mais rápido possível para ficar minimamente apresentável e quando desço, os dois já se encontram na maior risada, como velhos amigos.

— Seu pai foi companheiro de banda do meu, acredita?

Rafa diz, agitado.

— Sério? Seu pai era um Shouzy Boy?

Sorrio, me sentando ao lado dele no sofá.

— Vou avisar para a Susana colocar mais água no feijão.

— Tá ok, pai.

Chamo o Rafael até a garagem e tiro então o pano que cobria a antiga vitrola do meu pai. Nela, já está devidamente posicionado o disco do Arctic Monkeys e ele sorri, me envolvendo em seus braços e depositando um beijo rápido na minha boca.

Ele ajusta a agulha e I Wanna Be Yours começa a tocar.

Ele estende as mãos e me envolve, dando passos lentos e me fazendo dançar com ele.

Encosto minha cabeça em seu peito e cantarolo o ritmo da música.

— Era só um disco de vinil...

Ele sussurra, pondo uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, sem parar de dançar.

— Graças a Deus por ele, então.

Ele sorri e de forma carinhosa, nos beijamos novamente.

Obrigada Arctic Monkeys. Obrigada por aquele único disco de vinil.

Era Só Um Disco de VinilOnde histórias criam vida. Descubra agora