Capítulo 2 - Unexpected

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Algumas pessoas dizem que em locais de grande tristeza e dor como hospitais ou cemitérios, há sempre alguém que ouve nossas preces sinceras de sofrimento. Hoje em dia, gosto de pensar que isso é verdade.

- A morte é uma das fases mais difíceis da vida, não? – Disse a pessoa misteriosa sentada ao meu lado. – Uma pena o que aconteceu com a garota.

Tirei o rosto das mãos e o virei lentamente para encarar a figura ao meu lado. Era um homem, não muito mais velho que eu, de cabelos morenos e lisos, usando um sorriso de compaixão no rosto e roupas brancas de seda.

- Também acho que ela merecia uma segunda chance. – O homem continuou a falar, como se tivesse lido meus pensamentos alguns segundos atrás. – Muito prazer, meu nome é Samuel.

- Obrigado... – Eu disse, sem muita vontade de conversar. – Sou Harry.

- Eu sei disso. – Samuel sorriu. – Estou aqui para ajudar você.

Antes que o homem pudesse continuar, Sarah, a melhor amiga de Carrie, passou no corredor.

- Oi, Harry. – Ela disse parando a minha frente, parecendo ignorar completamente a presença de Samuel. – O senhor e a senhora Langton estão procurando por você, querem falar sobre o enterro da Carrie e a cerimônia.

- Ok, já estou indo.

- Eles estão te esperando lá na recepção. - Sarah deu um meio sorriso, visivelmente carregado de tristeza. – A propósito, com quem você estava falando?

Fiquei em silêncio alguns segundos, sem entender a pergunta. Não era óbvio com quem eu estava conversando? Olhei para o lado e encarei Samuel, que agora possuía um sorriso divertido no rosto. Ele parecia não estar nem um pouco surpreso com o fato de Sarah não perceber que ele estava ali, e aquilo só me deixou mais confuso.

- Ah, com ninguém... – Respondi, temendo estar ficando louco. – Eu chego lá num minuto, pode ir na frente.

Assim que Sarah se retirou, voltei a encarar o homem ao meu lado, que ainda divertia-se. Minha cabeça estava confusa, será que só eu podia vê-lo? Ou será que era tudo invenção da minha mente? Só posso estar maluco, deve ser o excesso de emoções me afetando.

- Não fique preocupado, Harry, você não está louco. É natural que nem todas as pessoas consigam me ver. – Samuel sorriu, me deixando mais perdido ainda. – Bom, não há forma de fazer isso parecer menos estranho, então lá vai. Pode soar como maluquice pra você, mas eu não sou humano. Sou um anjo.

Meu coração perdeu uma batida. Como assim ele não é humano?! Que história é essa de anjo, de só eu enxergar pessoas? Eu só posso ter perdido a cabeça!

- Bom... se você é mesmo um anjo, então onde estão suas asas? – Falei com a voz trêmula, tentando conter meu espanto.

- Estão guardadas, não preciso delas agora. Pensei que se chegasse aqui com dois montes de pena nas costas eu só te deixaria ainda mais assustado. – Samuel respondeu. – Ouça, eu estou aqui pra te ajudar. A você, e à mulher que você ama. Eu posso fazer com que vocês dois fiquem juntos outra vez.

Dei um pulo para trás imediatamente. Aquela história ficava mais estranha a cada segundo, e eu estava prestes a sair correndo dali e me internar num manicômio.

- Como é que é?! – Eu quase gritei, o que fez com que duas enfermeiras que estavam passando pelo corredor me encarassem assustadas.

- Harry, se você quer mesmo evitar parecer um louco, está fazendo tudo errado. – O ser a minha frente disse, novamente como se tivesse lido meus pensamentos. – Fique calmo, ok? Eu estou aqui pra ajudar.

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