Gritos, bombas, explosões. O mundo se transformara em um caos, famílias perdiam seus parentes, amigos, e o choro irradiava pelas ruas juntamente com o desespero e pedidos de ajuda aos bombeiros que em vão perdiam suas vidas, o cenário era horripilante, o asfalto que antes estava totalmente inteiro, agora estava irreconhecível, como se tivesse sido atingido por uma cratera, que de certa forma foi o que aconteceu, pedaços de telhados explodiam e voavam por cima das casas ao serem atingidos por fogo. O cheiro de fumaça estava impregnado no ar, cobri o nariz na tentativa de não respirar essa substância tóxica. Soldados do Governo aliados a pessoas de outros países que estavam com o seu próprio exército, serviam como um reforço para calar quem fosse contra eles.
-Precisamos sair daqui - minha mãe disse.
- Mas se formos para fora podemos morrer- contestei.
-Iremos morrer se ficarmos aqui, eles estão bombardeando todas as casas.
- E o papai?
As pequenas rugas apareceram em sua testa revelando a sua verdadeira idade.
-Ele tomou a decisão dele minha pequena Girassol, estamos sozinhas nessa, tudo bem? Agora segure na minha mão pois temos que ir embora.
Agarrei em sua mão e lágrimas escapavam de meus olhos, minhas bochechas esquentavam enquanto eu corria, os portões para sair da cidade estavam próximos e já podia ver a quantidade de ferrugens que haviam neles.
Ao olhar para o céu, vi as aeronaves e os chefes dando as ordens.
Tropecei e caí de cara no chão. Logo depois um homem fardado se aproximava de nós.
- Vocês não irão fugir.
Sacou sua arma e apontou para nós, que continuamos a correr freneticamente. Um, dois, três. Um grito. Me virei e encontrei-a estirada sobre o asfalto, minha voz se elevou em urros de dor.
Agachei-me e toquei em seu rosto pálido.
- Mamãe- falei gemendo.
O sangue se espalhava pelo seu abdômen, onde ela repousava a mão de uma forma protetora.
-Saia daqui rápido, não sei o que ele fará com você, mas se acontecer algo ruim, lembre-se que eu te amo, Girassol.
-Eu também te amo mãe -Abracei-a.
-Não olhe para trás.
O murmuro de vozes chegou aos meus ouvidos nitidamente.
- Você não vai terminar de matá-la?
- Não, pra isso existem as bombas, para me poupar deste trabalho - riu sarcasticamente.
Quando toquei nas barras de ferro, elas se abriram, e militares me aguardavam do lado de fora.
Dei um passo e logo um homem careca e carrancudo com dentes amarelos me abordou com um sorriso malicioso em sua face.
- Não, não mocinha, o Imperador quer tudo sobre o seu controle, você pertence a ele, assim como tudo isso - fez um gesto com as mãos.
Um pano foi posto em minha cara, a imagem ficou turva, os objetos e pessoas deslocados, em seguida tudo se apagou e ficou escuro.
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Palavras Silenciadas (Provisoriamente)
Science FictionComo estou no início, aqui vai uma breve sinopse: Em uma sociedade onde a tecnologia está muito avançada, ocorre uma catástrofe que muda a vida de todos os cidadãos de Proust, tornando-os pessoas vazias e diferentes do que são. O governo, formado po...