Capítulo 1 - Avocação a Virgílio

244 10 20
                                    

Reynaldo deixou o escritório naquela noite pensativo com relação ao telefonema de Leila e assim permaneceu enquanto descia o elevador de seu prédio, deixava a garagem e se dirigia para casa

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Reynaldo deixou o escritório naquela noite pensativo com relação ao telefonema de Leila e assim permaneceu enquanto descia o elevador de seu prédio, deixava a garagem e se dirigia para casa. Não a via há mais de dez anos, desde que tivera sua última discussão religioso-científica com Ezra, na casa deste, quando seu projeto científico ainda nem começara a ter projeção nacional e internacional.

O que ela queria com ele? O que queria dizer com preocupações comuns? O que significaria? Algo lhe dizia para ter cuidado.

Chegou em casa, tomou um banho e sentou-se na sala pensativo.

Leila Martins era contemporânea de Reynaldo e Ezra na adolescência, desde a metade do ensino médio até a faculdade, quando Reynaldo ingressou no Instituto Militar de Engenharia (IME) e Ezra e Leila optaram por administração.

Apesar de uma queda por ela, nunca teve coragem e iniciativa de se declarar, embora permanecesse orbitando os dois amigos, que acabaram se declarando como um casal. Leila, uma mulher atraente e determinada, ciente da impressão que causava como mulher, se deliciava com a situação de ter um tímido e inexperiente Reynaldo aos seus pés e permitia-se fazer joguinhos entre Reynaldo e o bem mais descolado Ezra, que parecia não se importar e nunca enxergou Reynaldo como um competidor.

Reynaldo e Ezra cresceram juntos, no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Ezra, porte atlético, quase 1,80m, um olhar firme e decidido que, dependendo do contexto, intimidava seus interlocutores, sempre se vestindo no fino da moda, foi atraído pela inteligência de Reynaldo e o protegia, afastando qualquer possibilidade de possíveis "bullings" devido à sua aparência de "nerd", com uma estatura mediana, cabeleira dando os primeiros sinais de que logo lhe faltaria, uma testa proeminente e os olhos sempre por trás de grossas lentes, revelando pouca preocupação com o que vestia, aparentando estar deslocado nos ambientes que frequentava.

Como uma recompensa ou pedágio pela proteção, Ezra achava justo utilizar-se dele para se dar bem nas provas e testes. Formavam, então, uma dupla por conveniência, o que não impediu que surgisse entre eles um sentimento de amizade e cumplicidade.

Ambos eram filhos de classe média, sendo a família de Ezra um pouco mais abastada, auferindo rendimentos da nascente igreja evangélica de bairro, que seria o embrião do império religioso expandido por Ezra, dentro de um movimento religioso pentecostal que começava a se expandir de forma acelerada no Rio de Janeiro, na década de 80. Já o pai de Reynaldo, era um professor do Colégio Militar do Rio de Janeiro, instituição em que os dois estudavam.

O que a esposa de um dos maiores líderes religiosos do país, possível causa de sua incapacidade de se relacionar com as mulheres, levando-o à prática perigosa do sexo pago, desejava com ele?

Olhou o celular, verificou as horas e discou um número.

— Daniel? Que ótimo, está em casa e acordado. Preciso encontrar com você urgente. Pode vir aqui?

Época 6: O Despertar do UniversoOnde histórias criam vida. Descubra agora